Primeiro-ministro fala sobre a reabertura dos setores dos eventos e do turismo
18-04-2020
Com o país em estado de emergência até 2 de maio, e a perspetiva de uma abertura gradual a partir daí, o primeiro-ministro, António Costa, falou, em entrevista ao Expresso, sobre como poderá ser a realidade em vários setores, entre eles o dos eventos, após o período de confinamento.
Avisando, desde logo, que “não vamos ter normalidade até haver vacina”, o primeiro-ministro apontou que “temos todos de nos compenetrar que durante o próximo ano, ano e meio, não vamos viver como vivíamos antes do mês de fevereiro” e que “temos de ir dando passos sem ansiedade e com prudência”.
"O risco que não podemos correr é termos novamente uma situação em que a pandemia não está sob controlo. A pandemia vai andar por aí, quando libertarmos o confinamento, aumenta o risco imediatamente de haver maior contaminação", frisou António Costa.
Questionado especificamente sobre se só em setembro poderão voltar os grandes festivais e os grandes aglomerados, o governante afirmou que "é cedo neste momento para tomar decisões sobre essa matéria" e disse que o primeiro passo tem de ser dado "nos equipamentos culturais "que têm lugar marcado". "São aqueles em que é mais fácil fixarmos e serem respeitadas as normas de distanciamento", apontou, exemplificando: "Num cinema, a lotação é restrita, os lugares passam a ser todos marcados, só podem vender bilhetes de duas em duas filas, de três em três cadeiras…"
Questionado especificamente sobre se só em setembro poderão voltar os grandes festivais e os grandes aglomerados, o governante afirmou que "é cedo neste momento para tomar decisões sobre essa matéria" e disse que o primeiro passo tem de ser dado "nos equipamentos culturais "que têm lugar marcado". "São aqueles em que é mais fácil fixarmos e serem respeitadas as normas de distanciamento", apontou, exemplificando: "Num cinema, a lotação é restrita, os lugares passam a ser todos marcados, só podem vender bilhetes de duas em duas filas, de três em três cadeiras…"
Sobre o adiamento ou não dos grandes festivais marcados para o verão, o primeiro ministro não quis pronunciar-se. "Não sou futurólogo", começou por dizer, deixando, contudo, o aviso: "Tudo o que seja possível deve ser feito, desde que não ponha em causa o que é fundamental -aquilo que conseguimos coletivamente, que foi sair do crescimento exponencial e manter a pandemia num nível controlado."
"Nada nos garante que, com o aligeiramento das medidas, com a fadiga que as pessoas têm e com a necessidade que têm, devido à perda de rendimentos, de começarem a flexibilizar a sua própria autocontenção, de repente não possamos ter uma nova situação. Não podemos correr o risco de ter de reverter os passos que dermos", apontou, dizendo que é fundamental que todos os cidadãos estejam preparados e conscientes" para, se for necessário, voltar atrás com as medidas de abertura.
O primeiro-ministro pronunciou-se ainda sobre o futebol profissional, cujas provas foram suspensas. "A proposta que a Liga apresentou era para em junho e julho poder completar a época desportiva. Ainda temos tempo para preparar isso?, disse, explicando que "para o público, há várias soluções, pode ser totalmente à porta fechada ou só com os lugares cativos distribuídos pelo estádio".
"Receio que agora vamos chorar muito a falta de turistas"
Com o verão aí à porta, o primeiro-ministro explica que vão ser necessárias medidas de restrição nas praias porque "a aglomeração não vai poder existir." Recorde-se que António Costa já tinha aconselhado os portugueses a programarem as férias em Portugal e apontou agora, nesta entrevista, que não antecipa "que as fronteiras externas da União Europeia sejam abertas de uma forma generalizada tão cedo".
"Quanto às fronteiras internas, ainda não há nenhum objetivo fixado para a sua reabertura, embora haja o desejo de que assim que possível possamos começar a abrir fronteiras internas. A nossa fronteira terrestre com Espanha está fechada até 15 de maio, e até agora temos gerido isso sempre de acordo entre o Governo português e espanhol", adiantou, falando sobre a necessidade de o setor do turismo apostar no mercado interno e antecipando como poderá ser feita a abertura de fronteiras.
"Aquilo que podemos desejar é que o turismo possa retomar a sua atividade. Este é um ano em que temos de olhar muito para o mercado interno. Se tivermos oportunidade que o mercado externo venha até nós, excelente. Quando fechámos fronteiras, fechámos também progressivamente em função do grau de risco dos locais de origem. Provavelmente, a reabertura será também pelo critério inverso. Começar por abrir pelas zonas de menor risco".
O primeiro-ministro diz que "a primeira prioridade foi conter a pandemia sem matar a economia. A nova prioridade é a de reanimar a economia sem deixar descontrolar a pandemia". "Há uma coisa que sabemos: não podemos morrer da cura. Todos temos consciência de que esta paralisação da economia à escala mundial criou a maior crise económica, que nunca ninguém tinha descrito, e é uma enorme ameaça às empresas, ao emprego, ao rendimento das famílias…", disse, apontando que "a descompressão" tem de ser feita "de forma ordenada, gradual e progressiva e com segurança", mas não basta fazê-la em Portugal, "temos de fazê-la à escala europeia e à escala mundial".
"Há poucos meses discutia-se se não tínhamos um excesso de turistas, receio que agora vamos chorar muito a falta de turistas. Para não desistirmos deste verão, temos de o planear com base no mercado interno. Se as coisas correrem bem, em Portugal e no resto da Europa, pode ser que as fronteiras vão abrindo e os fluxos possam ser retomados", apontou António Costa, lembrando: "Quando foi a crise do 11 de Setembro, a aviação levou dois a três anos a recuperar completamente. Muita gente terá certamente receio de voltar a viajar. A reabituação àquilo que era corrente vai levar algum tempo e exige um esforço acrescido da nossa parte, e desse ponto de vista o conseguirmos manter uma posição diferenciada no contexto global é uma mais-valia que não podemos correr o risco de perder."