“Todos juntos na solução da crise”

# tags: Covid-19 , Associações , APECATE

O mês de março chegou e, apesar do pré‑aviso, que todos nos recusamos a ouvir, o país fechou.

Um a um, feiras, eventos, congressos, espetáculos... foram sendo cancelados e/ou adiados.

A animação turística, com muitas das empresas em regime de low season, desde novembro e a preparar o início de época com a Páscoa, colocaram travão a fundo na sua programação.

Até que se generalizou à restante economia e sociedade, e no momento em que escrevo, assim como a generalidade da população portuguesa, estou confinada a casa, com a minha família, a tentar adivinhar como serão os próximos tempos, e a ponderar os pós e contras das inúmeras medidas que nos apresentam de salvar a tesouraria e os empregos, mas que todas resultam no endividamento das empresas e no adiar de um problema, que no melhor dos casos poderá, ou não, estar resolvido para além do próximo ano.

Tudo isto já sabemos, tudo isto é o dia a dia dos empresários do setor.

Porém, o vírus, por ironia do destino, trouxe‑nos uma novidade positiva. No momento em que nos impõem restrições e distanciamento social, é exatamente o momento em que nos sentimos mais próximos. Pela primeira vez em mais de 25 anos de profissão, vejo empresários, unidos no mesmo grupo, alimentando soluções e vislumbrando um futuro no qual todos possamos participar.

Num país com fraca capacidade associativa, reconhecemos todos que a existência de uma associação do setor é a única forma de passarmos a mensagem de uma forma consistente, organizada, partilharmos dados e construirmos soluções.

A APECATE percebeu esta disponibilidade, e abriu “as suas portas” a associados e não associados, para que a missão não fosse unilateral ou enviesada por dados que estariam decerto incorretos, pelos que não estavam.

Mas estamos a ir ainda mais longe. E se o nosso perfil já acomodava conversações com outras associações do setor do turismo, agora esse alargamento tem de acolher todos os outros eventos, festivais, culturais, desportivos, sociais e/ou privados. Não nos iremos de todo sobrepor ao trabalho das respetivas associações, mas complementar.

Este esforço está também a ser efetuado ao nível da União Europeia, com as associações congéneres do setor. É importante termos uma voz ativa na Comissão Europeia que permita que tenhamos visibilidade, à semelhança de outras áreas, com programas inovadores e focados no financiamento de projetos em rede do setor.

É tempo de este setor ganhar a sua verdadeira dimensão e de se afirmar cada vez mais como um grande motor da economia.

É tempo para compilar todos os dados em termos de produtividade, emprego, produção, captação de públicos nacionais e internacionais, capacidade de mobilização e inovação.

É tempo para recriarmos novos processos e novas formas de encontros e de reinventarmos os eventos.

É tempo de solidariedade! Nas crises e catástrofes somos o setor que acolhe, apoia, dinamiza e ajuda a financiar movimentos das mais diferentes vertentes. Hoje somos o setor que precisa da solidariedade das marcas, entidades, organismos e públicos na esperança de termos um futuro e “reabrirmos” com a energia positiva que nos caracteriza! Acredito que o trabalho que estamos a fazer não se perderá no futuro.

Os próximos dias, as próximas semanas afiguram‑se de uma luta intensa na revindicação de mais e melhores medidas, ajustadas ao setor.

Uma coisa sei: juntos somos mais fortes!