Vida de eventos: Sílvia Carvalho

04-08-2020

Para Sílvia Carvalho, da Imppacto Catering e Eventos, a entrada no mundo dos eventos acabou por ser o percurso natural na sequência da área de formação que escolheu.

Se na adolescência ainda hesitou entre jornalismo e advocacia, viria mais tarde a optar por gestão hoteleira, fazendo também um mestrado em Marketing Internacional em Barcelona.

“Inicialmente trabalhei em hotéis, na área da gestão de eventos, mas desde que vim de Barcelona que estive sempre ligada ao catering”, conta.

Se na juventude tinha dúvidas quanto ao caminho profissional a seguir, hoje não se imagina a fazer outra coisa, confessando mesmo que “ia ser muito infeliz num emprego das 9h00 às 18h00”.

A sua principal motivação é, admite, “a adrenalina”: “Gosto do facto de um dia nunca ser igual e de nenhum evento ser igual. É sempre um desafio. Trabalhar nesta área é estar sempre a superar o que foi feito e a surpreender os clientes fiéis”, revela com entusiasmo.

Mas é justamente esta exigência constante que aponta como a componente menos entusiasmante da área de eventos: “Parece um pouco bipolar, mas do que menos gosto é da falta de tempo. Porque quando gostamos do que fazemos acabamos por sacrificar algo e muitas vezes é esse lado pessoal e as pessoas de quem gostamos. Tenho duas filhas e olho para elas, vejo‑as crescidas e pergunto se valeu a pena”, confessa.

Um negócio de família... ou não

Apesar de tudo, esta é uma área propícia a bons momentos e boas histórias e Sílvia Carvalho elege uma, que embora não tenha ocorrido num evento, está diretamente relacionada com o seu trabalho:

“Trabalhei durante 19 anos na Silva Carvalho, uma empresa que tem o nome quase igual ao meu. Nessa altura tinha uma cliente que, sempre que falava comigo pelo telefone, mandava cumprimentos para o meu marido. Eu achava aquilo um pouco estranho, mas agradecia”, conta, prosseguindo: “Um dia, estava eu grávida da minha primeira filha, e já de 7 meses, e fui a uma reunião com essa cliente. Mal abriu a porta, ainda antes de dizer fosse o que fosse, exclamou: então o senhor doutor, com aquela idade, vai ser pai? Tive de explicar que o doutor não era meu marido, mas meu patrão”.

“Essa questão do nome levava muita gente a pensar que eu era filha do dono ou casada com um dos filhos e tive muitas peripécias relacionadas com isso”, revela.

Entre os momentos mais desafiantes que viveu elege a inauguração do Dolce Vita Tejo: “Tínhamos 5000 pessoas convidadas e, à boa maneira portuguesa, no dia da inauguração as obras ainda não tinham acabado. As ligações elétricas estavam sempre a ter problemas e na área de restauração, que ainda estava vazia, só estavam as nossas mesas de vidro”. O que, só por si, já era problemático: “Estava sempre a ser avisada de que as mesas estavam cheias de pó. Estávamos sempre a limpar, mas passado pouco tempo tínhamos de limpar outra vez, porque o pó voltava. Para piorar a situação, tínhamos os fornos sempre a ir abaixo, porque tivemos de ir buscar eletricidade à obra. Achei que ia ter 5000 pessoas e nada para servir. Via o tempo a passar, o pó sempre a acumular e só pensava que ainda alguém ia ter uma intoxicação alimentar”, confessa.

No fim, e apesar de todos os contratempos, tudo acabou bem: “Colocámos a comida só depois de as pessoas terem chegado, e, tanto quanto sei até hoje, ninguém teve problemas”.