Vila Nova de Famalicão: Têxtil como alavanca para os eventos
08-08-2019
# tags: MICE , Eventos , Vila Nova de Famalicão , Portugal , Turismo , Meetings Industry , Destinos
Foi na casa de São Miguel de Seide, em Famalicão, que Camilo Castelo Branco escreveria alguns dos mais brilhantes romances da literatura portuguesa. Hoje funciona aqui um museu, que perpetua a memória do profícuo escritor, e onde está conservada parte da sua biblioteca, alguns objetos e mobiliário. Outro museu que se destaca no concelho é o Museu Bernardino Machado. O palacete Barão de Trovisqueira reúne o acervo familiar daquele que foi Presidente da República de Portugal. Os espaços deste museu estão disponíveis para alugar, bastando contactar para o efeito a Câmara Municipal de Famalicão.
Não é possível falar de venues no concelho sem referir a Fundação Cupertino de Miranda e a Casa das Artes. A primeira detém um auditório com 176 lugares sentados, em anfiteatro, climatização e equipamento audiovisual, podendo acolher assim as mais diversas iniciativas. Já a Casa das Artes dispõe de um auditório com 494 lugares disponível para eventos e congressos, mas também para as mais variadas manifestações artísticas, desde ópera a dança, passando pelo teatro. O equipamento tem ainda um pequeno auditório com 124 lugares, bem como um café‑concerto, com 75, onde também se realizam eventos. O foyer é normalmente utilizado em exposições, em mostras de produto ou em cocktails. A Casa das Artes conta com uma programação cultural dinâmica, atraindo muitas pessoas do concelho e de concelhos limítrofes.
Outro edifício icónico na região é o Mosteiro de Landim, mais um local por onde deambulava Camilo Castelo Branco. Embora mais vocacionado para acontecimentos sociais, está habituado a receber eventos corporate. Os locais mais procurados são o claustro – que recebe cerca de 300 pessoas ‑, e dois salões com capacidade para 150 pessoas aproximadamente, além do jardim.
O pulmão de Famalicão é o Parque da Devesa, um projeto da autoria do arquitecto Noé Diniz. O anfiteatro ao ar livre recebe os mais diversos eventos e espetáculos, num entorno verdadeiramente bucólico.
Gastronomia e vinhos
Também a gastronomia faz parte do apelo turístico de um local. Em Famalicão come‑se muito bem, ou não estivéssemos no Minho. O cabrito, os rojões, a vitela, o bacalhau fazem parte dos menus locais e a delícia dos comensais. O evento “Dias à Mesa”, que se realiza ao longo do ano, pretende destacar a riqueza gastronómica do território. E nada como um bom vinho a acompanhar. Famalicão faz parte da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, sub‑região do Ave, tendo uma produção de qualidade. Por fazer parte desta região, por aqui passam algumas rotas ligadas ao vinho, bem como existem diversos espaços de enoturismo.
Famalicão é também conhecido por celebrar o Santo António. As Festas Antoninas atraem à cidade milhares de turistas para conferirem as marchas populares e todas as tradições ligadas a esta romaria. Também o Carnaval é levado muito a sério pelos famalicenses, contagiando foliões de todo o país. E há várias outras festividades no calendário de eventos locais.
“Famalicão Cidade Têxtil”
É o setor têxtil e do vestuário o mais relevante para a economia de Famalicão. Tanto que, conforme explica Augusto Lima, vereador do Pelouro do Turismo da Câmara Municipal, foi criada a marca “Famalicão Cidade Têxtil”, uma vez que o concelho “alia a tradição, a inovação e a criatividade que o têxtil, o design e a moda ostentam, sempre com os olhos postos no futuro”. Mas há outras indústrias importantes: a agroalimentar, a metalomecânica e a automóvel. Juntas “configuram um contexto empresarial forte e dinâmico no concelho famalicense, reforçando o estatuto de território industrial”, diz o autarca, lembrando que o concelho é o mais exportador da região Norte e o terceiro em termos nacionais. “ Esta vitalidade industrial e de internacionalização constituem uma enorme mais‑valia na promoção do turismo industrial e de negócios. Além de ser a sede de empresas de renome internacional, acolhe também centros de investigação e inovação, como são os casos do CITEVE e do CeNTI”. O CITEVE é o centro tecnológico para o desenvolvimento da indústria têxtil e o CeNTI é o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes. Ambas as instituições são pólos de atração de eventos, empresas e pessoas. “Deste modo, Famalicão adquire uma centralidade muito relevante e estratégica, quer enquanto território de destino de profissionais internacionais que visitam as nossas empresas, quer enquanto emissor de eventos organizados pelas empresas e que atraem pessoas de várias proveniências, quer ainda enquanto território fértil para acolher eventos institucionais de turismo de negócios”, sublinha Augusto Lima.
Assim, também a Câmara gizou uma estratégia para promoção deste setor dos eventos e do turismo, “fortemente articulada com a estratégia regional definida para o Norte de Portugal”. “Os objetivos da estratégia local enquadram uma política de turismo sustentável – social, económico e ambiental –, e assentam na interação entre a comunidade local, os turistas, as empresas e serviços turísticos, as políticas públicas locais de promoção, a cultura e os agentes culturais”, refere o vereador. A implementação da estratégia numa fase inicial implica a concentração de esforços de promoção dos públicos que já estão na região e no país, bem como nos profissionais de outros país que colaboram com as empresas sitas no território, no sentido de harmonizar as deslocações a negócio com o turismo local. “Naturalmente que apostamos também na participação em feiras e na dinamização de ações complementares de fam trip e de missões inversas empresariais, que complementamos com programas turísticos”, elenca Augusto Lima. “A nossa Visão é a de atingir, no médio prazo, um patamar superior em matéria de posicionamento turístico, tendo sido formulada do seguinte modo: Famalicão, um destino cosmopolita e memorável, com uma diversidade de recursos patrimoniais e culturais e uma oferta gastronómica e vínica singular, para visitar, vivenciar e voltar”, explica. No tocante ao turismo industrial e de negócios, “estamos a desenvolver uma estratégia territorial integrada, envolvendo a economia, o turismo e a cultura, assente no cross selling e na criação e capacitação de redes de cooperação”.
Três perguntas a Augusto Lima, vereador do pelouro do Turismo da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
Em termos de hotelaria e estruturas de turismo, acreditam que a cidade está bem servida? Há algum projeto na calha?
Reconhecemos a existência de necessidades que urge colmatar, face ao dinamismo económico e ao potencial turístico da região. Queremos criar condições para que Famalicão possa ser palco, cada vez mais, para a realização de grandes eventos. Estamos, por isso, empenhados em encontrar respostas para melhorar a oferta de equipamentos de hotelaria e outras estruturas de turismo que vierem a tornar‑se fundamentais para esse objetivo de afirmação.
Quais são os critérios para a criação de eventos próprios ou para o apoio de eventos a terceiros?
O território de Famalicão é fértil em eventos e em empresas e organizações, sendo, por isso, com naturalidade que as propostas vão emergindo com muita frequência e com caráter inovador.
Mais do que concentrarmos a nossa preocupação na origem da proposta do evento, se é um evento próprio ou de terceiros, estamos realmente focados na qualidade, inovação, estratégia, transversalidade e visão de continuidade dos eventos.
O enquadramento dos eventos na estratégia de organização, desenvolvimento e promoção do turismo e do território, e o envolvimento consequente dos stakeholders locais e regionais, materializado num trabalho em rede, que qualifica e projeta o território, constitui um objetivo fundamental.
Há algum tipo de cooperação neste sector com o Porto ou com os outros concelhos do Quadrilátero na captação de eventos?
Vila Nova de Famalicão goza de uma posição geoestratégica privilegiada, que se reflete na nossa incansável abertura ao exterior. Essa abertura ao exterior tem‑nos proporcionado enormes ganhos, desde logo expressos na economia vibrante que nos caracteriza, mas também nas relações internacionais e na dinâmica de cooperação institucional.
Este Município integra a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, a Associação de Municípios Quadrilátero Urbano, a Comunidade Intermunicipal do Ave, a plataforma de cooperação MINHOIN, e o Eixo Atlântico. Em todos estes contextos de cooperação institucional e territorial têm sobressaído as vantagens do trabalho em rede e da partilha de conhecimento e estratégias, bem como os ganhos de escala quando se trata da abordagem turística ao território.
Ao mesmo tempo, outros projetos de cooperação com outros territórios têm emergido, mais associados a domínios de cooperação específicos, como é o caso do turismo industrial.
Existe uma enorme abertura e predisposição para um trabalho em rede, seja na captação de eventos, seja na estruturação partilhada da oferta turística. Esta dinâmica está naturalmente em curso e denota uma tendência de reforço que nos apraz registar e a que damos o nosso forte contributo.
Cláudia Coutinho de Sousa
© Cláudia Coutinho de Sousa Redação
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