Os eventos corporativos não estão obsoletos

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Joana Lino

Num mundo cada vez mais digital, há quem pense que os eventos corporativos estão a perder relevância. No entanto, longe de serem obsoletas, estas iniciativas são mais cruciais do que nunca para o sucesso empresarial e os líderes atuais parecem entender isso.

A vivência de mais de uma década na vanguarda dos eventos empresariais proporciona-me uma visão clara: estes são momentos de inestimável valor para a estratégia e o crescimento organizacional.

Em primeiro lugar, nada substitui o poder das conexões humanas. Os eventos corporativos oferecem oportunidades únicas para as pessoas se conhecerem e estabelecerem conexões profissionais significativas e até mesmo amizades duradouras.

Mais, os eventos presenciais atuam como verdadeiras incubadoras de inovação, onde a troca de ideias em ambientes estimulantes propicia o surgimento de soluções criativas e partilhas valiosas de conhecimento e experiências – avanços que um e-mail ou videochamada não podem igualar.

Para garantir que os participantes levam consigo conhecimento aplicável, é recomendável incorporar workshops interativos, painéis de discussão com especialistas ou sessões de brainstorming facilitadas. Por sua vez, palestras motivacionais, momentos de networking ou quebra gelo, ativações de marca e atividades de team building são essenciais para complementar os eventos com vivências emocionais que reforçam a conexão entre os participantes e a empresa.

Na gestão de recursos humanos, estes encontros são estratégicos para atrair e reter talentos, pela aposta no bem-estar e na satisfação no trabalho. O investimento no capital humano traduz-se diretamente em aumento de produtividade e inovação contínua, para além de projetar a marca no mercado e melhorar a perceção pública da organização. Nos tempos que correm, estes são benefícios de inestimável valor.

Hoje, mais do que nunca, há a necessidade de integrar tendências globais como a sustentabilidade, tecnologia, personalização e gamificação. Apenas para enumerar alguns caminhos, a sustentabilidade pode ser praticada através de iniciativas de desperdício zero, uso de materiais recicláveis, promoção de transportes limpos ou eventos “carbono neutro”, onde se compensa a pegada de carbono previamente calculada através de projetos de reflorestação ou energia renovável, entre outros.

Em termos de tecnologia, a implementação de check-in digital e o uso de crachás eletrónicos reduzem o uso de papel e aceleram os processos. A personalização da experiência do evento torna-se realidade, por exemplo, com aplicações que utilizam inteligência artificial para sugerir agendas personalizadas e conectar participantes com interesses similares. A gamificação entra como uma forma inovadora de conexão, utilizando elementos de jogos em equipamentos eletrónicos para incentivar a interação, como caças ao tesouro virtuais que exploram conteúdos do evento ou competições de quiz em tempo real que reforçam a aprendizagem e partilha de informação.

Com a flexibilidade de formatos híbridos, os eventos corporativos demonstram resiliência e adaptabilidade, alinhando-se às necessidades de um mundo que oscila entre o presencial e o virtual. Mas, numa altura em que se fala tanto do regresso pleno ao modelo de trabalho tradicional, é conveniente pensar, também, no outro lado da moeda. Na busca de um equilíbrio entre o trabalho presencial e virtual, o bem-estar dos colaboradores não deve deixar de ser o foco. No futuro, as organizações que prosperarão serão aquelas que souberem harmonizar a essência humana com a eficiência da tecnologia.