< PreviousE logo a abrir a possibilidade de nos voltarmos todos a tocar sem medos ‑ o que marcaria uma transformação incrível na nossa sociedade, o fim do medo. Aliás, seria a celebração do fim do medo. A possibilidade de voltarmos todos a respirar livremente, sem a cara tapada. E olharmos nos olhos uns dos outros sem máscaras. E com broadcast para todas as plataformas e todos os canais. Não seria um dia nem uma semana, mas durante um mês inteiro. Como se o espírito da festa de encerramento da Expo’98 pudesse ter durado 30 dias, ou a sensação de sermos campeões europeus não desaparecesse do nosso corpo por quatro semanas. Queria acima de tudo garantir uma desintoxicação emocional em termos globais que acabasse com a desconfiança e devolvesse a alegria a todos. WWW.EVENTPOINT.PT 70 OPINIÃO Os estádios de futebol iriam encher‑se de adeptos, em euforia. Todos os pavilhões, praças e parques estariam cheios de música ao vivo. Os teatros, museus, bibliotecas e cinemas ficariam abertos 24 horas para que pudéssemos recuperar tudo aquilo que ficou por ver, por ler e por aplaudir. Uma espécie de vingança mundial contra todo o tempo que passámos longe uns dos outros. Imagino as ruas das principais capitais com gente abraçada, numa espécie de Pride Parade que celebrasse a vida durante o dia, misturada com um Dia de los Muertos que honrasse com dignidade, à noite, os que partiram. Haveria rave parties, sunset parties, after parties em todos os bares e discotecas e depois de dançar iríamos aos festivais de comida em ruas fechadas só para o efeito. Seria o espírito do Mardi Gras mas com o ritual catártico da Tomatina, para limparmos das nossas cabeças os alertas da OMS e as estatísticas de infetados e mortes. Durante todo o período da celebração seria decretado o fim das reuniões Zoom, Skype e Google meet. E assim arrancaria a nova Era da humanidade, fazendo as despedidas devidas ao velho mundo numa celebração à altura que serviria para exorcizar todos os nossos males enquanto sociedade ‘covidica’. Este Festival do Fim do Medo seria uma ode à capacidade de reinvenção do Homem, uma demonstração de que todos tínhamos sido capazes de juntarmos esforços para definirmos um Mundo bem mais interconectado para viver. E tudo isto em contacto direto e ao vivo, com abraços e com amassos. Sem máscaras e sem restrições. E, como diria o meu amigo Pedro Rodrigues: “Vida de eventos é acreditar que é possível fazer o impossível. Evento após evento, dia após dia”. E eu ainda gosto de acreditar em sonhos... principalmente nos impossíveis. Tiago Canas Mendes Partner d’o escritórioA ACELERAÇÃO DIGITAL VEIO TRAZER NOVAS POTENCIALIDADES À INDÚSTRIA WWW.EVENTPOINT.PT 72 OPINIÃO O FUTURO DOS EVENTOS A resposta a esta questão é a resposta que todos procuram, mas existe algo que me parece incontornável, o futuro dos eventos será presencial. #WhyWeMissFace2Face reflete esse sentimento global e é uma das hashtags mais partilhadas nas redes sociais pelos diferentes players da indústria. Só com a componente presencial é possível respeitar a nossa essência e a necessidade que temos de nos relacionar e criar laços e empatias que favorecem o ambiente para a criação de negócios. Só assim se podem atingir os objetivos globais dos eventos, sejam eles económicos, científicos ou socioculturais. Claro que algumas destas componentes estão também presentes nos eventos virtuais, ainda que de forma diferente pois são realidades diferentes, e essa é uma aprendizagem que ficará deste período. Depois de perdas de biliões de dólares, reportadas globalmente pelas principais associações o futuro será necessariamente desafiante. Mas essa realidade não nos pode retirar o otimismo realista, que nos deverá pautar a todos. Apesar das dificuldades presentes, transversais a todos os setores da sociedade, a nossa indústria e o nosso negócio não vão acabar. E este é o pensamento base para começarmos a agir, com a certeza de que a essência do nosso setor continua ativa – a natureza humana.Depois de vários meses em que assistimos a inúmeros eventos online, e que foram de extrema importância, para nos manter ativos e ligados, fica a certeza de que o virtual nunca substituirá o presencial, mas poderá ser cada vez mais uma ferramenta essencial para determinado tipo de eventos e necessidades de comunicação, bem como um importante complemento ao evento presencial, permitindo ampliar o alcance da audiência, e que em condições normais não poderia estar presente mesmo num período pós‑pandemia. Toda esta aceleração digital, veio trazer novas potencialidades à indústria e abrir mais oportunidades para formatos futuros e novas perspetivas principalmente na área do Turismo de Negócios e eventos corporate. Mas nada disto invalida ou substitui a necessidade da envolvência, da partilha de experiências e emoções, de nos juntarmos fisicamente num espaço. O presencial será sempre a pedra de toque da nossa indústria. Com o passar dos meses, acredito que estamos a entrar numa nova fase, em que os eventos híbridos serão uma solução que permitirá alcançar outros objetivos e aproximar as duas realidades – presencial e virtual – permitindo que se caminhe progressivamente para um novo normal mais próximo daquele a que estávamos habituados. A Altice Arena apresentou recentemente ao mercado o seu novo modelo de eventos privados que, acreditamos, irá prevalecer nos próximos tempos – um modelo híbrido a que chamámos de Magic Meetings porque alberga em si inúmeras possibilidades juntando os benefícios da proximidade e contacto humano de uma plateia que se junta fisicamente no mesmo espaço, à experiência de participação remota de um número virtualmente infinito de participantes, graças às últimas tecnologias e qualidade de streaming. Com este modelo é oferecida toda uma experiência inovadora com recurso às mais modernas ferramentas do mundo digital como realidade aumentada, avatares e muito mais. WWW.EVENTPOINT.PT 74 OPINIÃO Para além do desenho de novos modelos de eventos acredito que o futuro passará necessariamente pela construção de fortes pilares de confiança junto de decisores e participantes realçando os fatores diferenciadores do nosso destino, dos nossos venues, o que inclui a segurança sanitária em termos de toda a cadeia de valor. Só assim será possível vencer o medo e fazer a confiança crescer progressivamente. Esse é um fator‑chave de sucesso. É muito importante centrarmo‑nos na ideia de que todos teremos que nos adaptar e reconverter o modelo de negócio e ter noção de que, pelo menos até ser encontrada uma solução para a pandemia, alguma atividade é melhor do que a total ausência da mesma se ficarmos agarrados a modelos do passado. Cumpre‑nos, por isso, sermos ativos e resilientes agindo em conjunto a bem do setor, apostando no espírito positivo, de entreajuda e de ação que possibilitará que o ecossistema do turismo e dos eventos – o nosso ecossistema ‑ volte ao equilíbrio. Jorge Vinha da Silva CEO da Altice ArenaNINGUÉM SABE QUANTO TEMPO DURARÁ O “CURTO PRAZO” WWW.EVENTPOINT.PT 76 OPINIÃO O LADO BOM DO CORONAVÍRUS PARA A MEETINGS INDUSTRY Apesar dos impactos terríveis do coronavirus na meetings industry, há um lado bom. OUÇA‑ME! Não há dúvida de que os tempos são complicados. A pandemia do coronavírus já devastou vidas e negócios ao nível global, e não sabemos se as coisas ainda vão ficar piores. A meetings industry vive uma onda de cancelamentos, adiamentos e incerteza. Todos os meus eventos de facilitação e de formação presenciais foram cancelados – e eu tenho sorte em comparação com os colegas que estão a lutar com os impactos financeiros da perda de trabalho, depósitos e faturação que há alguns meses parecia segura. Como consequência, no curto prazo, a situação parece sombria. E mais... ninguém sabe quanto tempo durará o curto prazo. NO LONGO PRAZO… Infelizmente parece que o que poderia ser uma melhoria a curto prazo de contenção não vai ter sucesso. No longo prazo, no entanto, a turbulência causada pela expansão da Covid‑19 espera‑se que diminua. O desenvolvimento e introdução de uma vacina eficaz e acessível pode controlar o vírus. Ou, se um número suficiente de pessoas apanhar a Covid‑19 que se desenvolva uma resposta imunitária, levando à chamada imunidade de rebanho. Eventualmente, é provável que o vírus desapareça, ou que retorne sazonalmente, como a influenza. ENTÃO QUAL É O LADO BOM DO CORONAVÍRUS? Acredito que há três aspetos positivos para a meetings industry no longo prazo. 1. Reuniões online substituirão muitas reuniões no estilo de broadcasting. O cancelamento dramático de eventos presenciais levou a um foco imediato em substituí‑los, quando possível, por eventos online. Esse foco é bem‑vindo, porque a tecnologia online pode e deve substituir aspetos das palestras convencionais. 2. A tecnologia nos eventos online melhorará. Na minha opinião, podemos melhorar significativamente a tecnologia no processo de reuniões online. A pressão para encontrar um substituto para as reuniões presenciais pode acelerar o desenvolvimento de tecnologia para conexão que falta às plataformas atuais. Todas as principais plataformas online suportam reuniões no estilo de transmissão ou broadcast. Em pequenas reuniões, qualquer participante pode tornar‑se broadcaster só por intervir num determinado momento. Em grandes reuniões presenciais, esse mecanismo de troca de orador não funciona com um grande grupo sem um controle central sobre quem, ou quantos, podem falar e o momento em que o fazem. O que a tecnologia de reunião online atualmente ignora ou implementa de maneira inadequada são as discussões por chat em voz ou vídeo em pequenos grupos, iniciadas pelo participante, do tipo que ocorre nas reuniões presenciais. Embora algumas plataformas implementem grupos de discussão, eles geralmente são limitados em número, e os facilitadores da plataforma iniciam‑nos, em vez de serem os participantes conforme a sua necessidade. WWW.EVENTPOINT.PT 78 OPINIÃO Felizmente, a procura premente por reuniões virtuais que possam potenciar a interação espontânea e a conexão que normalmente é possível em reuniões presenciais estimulará o desenvolvimento de recursos centrados na conexão. 3. Compreenderemos melhor o verdadeiro valor dos eventos presenciais. No momento, a raça humana está a responder aos efeitos devastadores de curto prazo do coronavírus, implementando a distância social. Estamos rapidamente a restringir a maneira como nos reunimos para entretenimento, educação e para os milhares de outros motivos que nos fazem encontrar. Mas os seres humanos não prosperam a longo prazo na distância social; pelo contrário, queremos e precisamos da existência social. Com o tempo, restringir os eventos às modalidades online tornar‑nos‑á conscientes do que lhes falta: conexão pessoal e envolvimento com o conteúdo pertinente. Consequentemente, o setor entenderá melhor as possibilidades únicas que os eventos presenciais podem oferecer. E, talvez, nos tornemos cada vez mais recetivos ao valor das tecnologias e os eventos se tornem no que os participantes realmente querem e precisam. Adrian Seagar Fundador da Conferences That Work Este texto foi originalmente publicado no blog do autor, neste link.Next >