< Previous“ESTARMOS JUNTOS ENQUANTO SETOR É UM DOS MAIORES DESAFIOS A SUPERAR” WWW.EVENTPOINT.PT 120 OPINIÃO LOCKABILITY Setor, área, dimensão, negócio, segmento, especialidade. Definir o território dos eventos corporativos parece ser uma tarefa difícil, mas certamente não será liderada por quem não faz parte da koiza. Fazer parte da nação dos eventos requer um claro conhecimento das tribos que a formam, diferentes em especialidade e muitas complementares na operação. Na verdade, a maior parte das tribos já se conhece, partilham recursos, trocam membros, almoçam juntas. A conexão existe e, mesmo num mercado relativamente pequeno, esta crise demonstra que o mais importante ainda falta. Uma crise (qualquer uma) tem esta dolorosa competência de extremar juízos, palavras, feitios, decisões. E isso só acontece quando somos confrontados com regras que não conhecemos, quando somos apanhados desprevenidos, quando não sentimos algo em que nos apoiar. Não me refiro apenas ao momento pandémico atual. Na crise da década passada, os eventos corporativos também sofreram com as desmarcações dos eventos nacionais e também o turismo viu canceladas as suas robustas reservas MICE. Naquela altura, muitas marcas fecharam, algumas reinventaram‑se e outras simplesmente apertaram o cinto. Mas algo chamou‑me a atenção: na retoma daquela crise parecia que nada havia ocorrido, tamanha era a gana de “voltar ao normal”, celebrar a retoma, ganhar o próximo pitch. Confesso que não vi a união (ou revolta partilhada, talvez) que agora se revela. E isso é uma dor boa. Ironicamente, este afastamento por decreto mostra‑nos que estarmos juntos enquanto setor é um dos maiores desafios a superar. Toda a nação requer uma fundação ou ordem de base, capaz de orientar e promover quem dela faz parte, mas também de definir a sua cultura e propósito. Vejo que um grupo incrível de profissionais que admiro estão a tomar esta iniciativa. A Festa do Avante, o Cubo Mágico ou a Feira do Livro foram eventos presenciais coordenados por profissionais e os seres humanos que lá estiveram na categoria “público” ou trabalham numa empresa ou prestam algum serviço a alguém. Também os jogos de futebol “experimentais” são um exemplo de ativação de marca, apenas vestindo a camisola de um lobby claramente mais influente. Nas mesmas condições e com a criatividade que nos dá prémios internacionais, qualquer um destes eventos poderia ser realizado numa dimensão corporate. Um evento em torno da cultura corporativa de uma marca ou de partilha com os seus seguidores também é um evento cultural. Não faz qualquer sentido a divisão de águas num mesmo oceano dedicado a motivar pessoas em torno de objetivos comuns. Se uma marca apoiar uma instituição cultural, faz‑se evento. Se a mesma marca fizer uma convenção ou ativação, mesmo que um dos seus KPI’s estratégicos assente na sustentabilidade ou missão social, já não pode. A legislação é um bingo que nunca alinha com as reais necessidades de quem está a viver um momento dramático da sua vida, com riscos e consequências que vão muito para além do apanhar um vírus. Não se pode justificar decisões generalizadas para coisas diferentes ou decisões diferentes para coisas iguais. Se a retoma económica precisará de anos, não haverá “bazuca” que chegue para colmatar o impacto psicológico de uma gestão tão pouco humana ou mesmo decente. WWW.EVENTPOINT.PT 122 OPINIÃO O Rui Ochôa pediu‑me uma foto para este artigo. Penso que as “black boxes” no Terreiro do Paço merecem toda a nossa atenção. Foi uma das primeiras e mais poderosas ativações de marca dos profissionais do sector. O propósito está claro. Resta‑nos sair da caixa. Zezo Carvalho People & Culture EnergizerCLUBHOUSE E TWITCH: A NOVA GERAÇÃO DE REDES SOCIAIS? Há uma nova vaga de redes sociais, menos generalistas, mas igualmente interessantes para o setor dos eventos. Vamos conhecer o Clubhouse e o Twitch. O QUE É O CLUBHOUSE? Poderia ser descrita como a antítese do Instagram, do Facebook e até dos webinars e Zoom. Aqui não há imagem, nem gostos ou partilhas. Apenas conversas sobre praticamente tudo e com todos. Literalmente. Porque tanto é possível encontrar Elon Musk ou Chris Rock como um mero desconhecido a falar sobre marketing, tecnologia… ou sobre nada em concreto. WWW.EVENTPOINT.PT 124 RADAR A aplicação Clubhouse define‑se como um espaço para conversas casuais “com amigos e outras pessoas interessantes em todo o mundo”. Falar, ou simplesmente ouvir, entrando em salas virtuais e escutando o que alguém está a dizer. Cada utilizador pode ter seguidores e seguir outros, aderir a salas de conversação e receber notificações sobre conversas que possam ser do seu interesse. O Clubhouse tem crescido, quer em notoriedade, quer em número de participantes, mas não é ainda uma rede de massas. O que pode ser explicado por duas razões: só está disponível para iOS ‑ a versão para Android está a ser preparada ‑ e só é possível entrar por convite. Esta exclusividade torna‑a ainda mais desejada. COMO SE APLICA AOS EVENTOS? Numa época de Zoom fatigue e em que os webinars se banalizaram, o Clubhouse pode ser uma boa alternativa. Se no final do ano passado (como demos conta na Event Point 37) era uma das tendências a seguir em 2021, hoje é cada vez mais um caminho a ter em conta quando se pensa num evento. É possível agendar eventos e cada sala pode ter até 5.000 pessoas. Soa‑lhe familiar? Não é uma conferência, pode nunca ser uma alternativa a um seminário, mas, se tivermos em conta que os conteúdos são cada vez mais relevantes para os eventos ‑ híbridos, digitais e presenciais ‑ será certamente uma forma de complementar o evento. Antes, durante ou depois. Para promover, provocar, enriquecer o conteúdo e, terminado o evento, analisar o que foi dito. Tudo isto feito ao vivo e de forma irrepetível, dando aos participantes aquela “experiência única” que muitos dizem faltar nos formatos não presenciais. A REAÇÃO DA CONCORRÊNCIA O sucesso do Clubhouse não passou despercebido à concorrência. Twitter, Telegram e Spotify reagiram, criando novas funcionalidades que pudessem, de alguma forma, assemelhar‑se à nova rede social, evitando assim uma fuga de utilizadores para a rede social mais “in” do momento. Mark Zuckerberg terá andado a “espreitar” o concorrente e, claro, a preparar uma alternativa. O Facebook está já a testar o Hotline, que permite sessões de perguntas e respostas, utilizando apenas áudio ou ligando a câmara. Esta aplicação tem uma funcionalidade interessante para o setor dos eventos: as conversas podem ser gravadas e enviadas aos anfitriões em formatos mp3 e mp4. Não existe ainda data para ser disponibilizada em Portugal. TWITCH: O QUE É O Twitch, embora já mais banalizado, é ainda uma rede social pouco explorada. Mistura as várias tendências e é, por isso, apelativa a vários públicos. Mais do que criar influencers e youtubers, esta rede permite que qualquer pessoa possa partilhar com o mundo o que está a fazer. E pode ser algo tão simples como jogar um videojogo, cozinhar, viajar, conversar, sobre um tema que lhe interesse ou, até, algo tão bizarro como dormir. E, enquanto o faz, podem interagir com os seus seguidores através de um chat. No Twitch, os autores dos conteúdos são chamados “criadores”. Podem desenvolver as suas comunidades e, à medida que estas crescem, passam a ter acesso a novas funcionalidades e recompensas. E, claro, à possibilidade de monetizar a sua participação na rede. Streamer, Afiliado e Parceiro são as três etapas para os criadores, sendo a progressão feita de acordo com o número de seguidores e horas de transmissão. Videojogos e música são canais populares, sendo que os e‑sports (incluindo a RTP Arena) vão dominando entre os mais vistos. WWW.EVENTPOINT.PT 126 RADAR COMO SE APLICA AOS EVENTOS? O Twitch pode ser uma boa ferramenta de divulgação de atividades, ideias ou pessoas, desde que o conteúdo seja relevante e capaz de criar uma comunidade de seguidores. Tal como o Clubhouse, é possível criar e usar os conteúdos do Twitch durante as diversas fases de um evento, incluindo para a transmissão de alguns momentos ou para a criação de conteúdos específicos para a comunidade de seguidores. Salas paralelas, pequenos tutoriais ou esclarecimento de dúvidas são algumas das opções trazidas por esta rede. No caso dos venues ou destinos, e dadas as limitações existentes em termos de viagens, pode ser uma boa opção para mostrar experiências, paisagens e locais. Olga TeixeiraDE PORTUGAL PARA A GRÉCIA, COM OS EVENTOS NA MIRA WWW.EVENTPOINT.PT 128 PASSAPORTE PORTUGUÊS O IMPROVÁVEL DESTINO DE CLAUDIA DE VASCONCELOS Claudia de Vasconcelos foi desafiada pela imprevisibilidade dos eventos e pela pandemia, mas não desistiu de trilhar o imprevisível caminho de quem estudou Engenharia Civil e está agora à espera do fim do lockdown na Grécia para tirar os projetos do seu caderninho. Nasceu no Porto e a opção pelo curso de Engenharia Civil não deixaria, à primeira vista, adivinhar o futuro profissional de Claudia de Vasconcelos. Mas quem a conhecia não terá ficado totalmente surpreendido. “Desde cedo sempre gostei de organizar as festas de aniversário, meetings com amigos… e adorava fazer a gestão do evento, desde a lista de convidados, enviar convites, fazer a gestão dos custos, pesquisa de fornecedores mais baratos”, recorda. Nessa altura, e apesar de uma amiga ter sugerido que enveredasse pela organização de eventos, encarava esta atividade como um passatempo e mantinha‑se focada na Engenharia Civil. 2008 seria o ano em que este foco começou a mudar: “Fui convidada para organizar um concerto com bandas amadoras num bar. Foi o primeiro evento que organizei fora do contexto familiar ou de amigos.” “Apesar de uma grande paixão pela música e pelos concertos, a minha experiência com bandas era nula, pelo que muitas das decisões foram feitas na base do bom senso e, como é lógico, falhei redondamente em inúmeros detalhes. Mas não terá sido uma falha assim tão grande, uma vez que o dono do bar contactou‑me para fazer um segundo concerto”, recorda. Next >