< PreviousTem sido um ano com adiamentos, falsas partidas e muitas paragens, mas os organizadores de eventos desportivos estão na linha de partida e prontos para arrancar. João Cabreira resumiu o espírito dos participantes nesta conversa quando reconhece as dificuldades vividas desde março de 2020, mas optou por falar no futuro e no que está a ser feito para que as provas desportivas voltem. “Estamos preparados, de mangas arregaçadas”, dizem, e este parece ser o mote do setor. Provas com menos participantes, partidas espaçadas, criação de bolhas e realização de testes são, para estes organizadores, procedimentos de um “novo normal” que estão preparados para implementar. Às regras da DGS acrescentam ainda mais, procurando minimizar os contágios e reconquistar a confiança de parceiros e participantes. Paulo Costa reforçou a ideia de que a segurança está sempre em primeiro lugar: “Quando falamos em retoma dos eventos, e apesar desta paixão, estamos alinhados em que a nossa principal missão é salvar vidas e não forçar nada.” “O risco acontece nas coisas desorganizadas. Quem faz este tipo de eventos não quer correr o risco de ter contágio ou risco de contágio”, garantiu João Cabreira. WWW.EVENTPOINT.PT 80 DOSSIÊ TEMÁTICO Rui Pinho acrescentou ainda outro ponto importante: “Organizamos eventos para o público em geral e não apenas para os competidores; o que proporcionamos são encontros sociais que, além de dinamizarem o território, potenciam a partilha e a sociabilização.” E há ainda a questão da promoção do chamado turismo ativo e do seu impacto na economia de locais ‑ muitas vezes no interior ‑ que costumam estar fora dos circuitos turísticos tradicionais, mas que possuem um potencial único. “Tirando os eventos desportivos, raramente encontramos alavancas que levem gente àqueles pontos do país”, lembrou Paulo Costa. “Se fizermos um evento bem feito, o sinal que damos é que não só que o evento está bem preparado, mas que aquela região está pronta para voltar a receber visitantes”, sublinhou Rui Pinho. Com centenas de provas e centenas de milhares de participantes, os eventos desportivos animam a economia local. Hotéis, restaurantes e equipamentos culturais, áreas bastante afetadas pela pandemia, terão, com o regresso destas provas, um novo fôlego. Este trabalho de equipa, como acontece em qualquer desporto, traz sempre bons resultados. Seja em termos económicos, ou na promoção da saúde.CASAMENTOS: O FUTURO PEDE EXPERIÊNCIAS E FATORES ‘UAU’ SESSÃO PARALELA: “PAIXÃO OU RAZÃO: O NOVO PARADIGMA DOS CASAMENTOS” Participantes: Moderador ‑ Rui Mota Pinto (Pop Up Weddings Destinations); Paulo Pinto (Imppacto); e Luís Cordeiro (Business Unlimited). O futuro dos casamentos pode passar por proporcionar experiências diferentes e por conter um fator ‘uau’ que pode tornar o casamento num momento memorável para todos. “O casamento é, e será sempre, uma festa de emoções”, de contacto, onde a intimidade está presente, começou por referir Rui Mota Pinto. Mas, hoje em dia, há novos paradigmas e comportamentos. E a mudança em alguns conceitos é evidente. Luís Cordeiro, especialista nas neurociências do consumo e gestão de emoções, exemplificou com a normalidade com que antes nos beijávamos e abraçávamos. E, agora, “quererei voltar a beijar e a abraçar tudo e mais alguém? Essa é uma enorme questão.” E, com todas as mudanças, como é possível a reinvenção? WWW.EVENTPOINT.PT 82 DOSSIÊ TEMÁTICO Para Paulo Pinto, “temos de nos adaptar a esta nova realidade”, esperando que vá desaparecendo com o tempo. “Mas, nesta fase, está a ser algo difícil.” É, por isso, importante pensar como se pode tornar inesquecível um casamento e a solução poderá passar pela experiência, por um fator ‘uau’. “Para mim, um evento tem de ter um fator ‘uau’. É indispensável”, afirmou Rui Mota Pinto. Luís Cordeiro esclareceu que “proporcionar experiência, mexer com emoções, deixar sentimentos enraizados é fundamental e é o que as marcas hoje em dia procuram para fidelizar clientes”. Paulo Pinto está convencido que é preciso manter a “comida de conforto, porque o português gosta de sentar‑se à mesa e de ter o tal cheirinho que vem do prato”. Mas é preciso ir mais longe. “Tem de ser uma experiência gastronómica.” A fartura à mesa tem de continuar, mas “de uma outra forma”, na apresentação, no serviço, no conceito, de maneira a criar emoção. Um novo desafio para as empresas de catering, para que “a tal experiência e o cheirinho” não fiquem para trás.Até ao final do painel, falou‑se ainda do conceito de ‘slow wedding’, da forma como os venues se estão a adaptar a esta nova realidade e até do reforço da aposta no mercado nacional. “O português também quer experiências novas, diferentes, já não quer aquele casamento típico”, lembrou Paulo Pinto, acrescentando: “Há uns anos, os casamentos portugueses quase não tinham um wedding planner. A noiva, a madrinha, a mãe, a tia é que tratavam de tudo. Hoje em dia, não. A mentalidade já mudou completamente.” Paulo Pinto adiantou que “as experiências vão ser o futuro disto” e que, cada vez mais, “vamos valorizar o que temos cá, vamos valorizar o que é nosso”. Para Rui Mota Pinto, “hoje, mais do que nunca, nós precisamos de todos, nós precisamos de estar juntos”, sendo importante a comunicação do destino e “do que é nosso”, concluiu. WWW.EVENTPOINT.PT 84 DOSSIÊ TEMÁTICO A SEGURANÇA NÃO É UMA NOVIDADE PARA AS EMPRESAS DE CONGRESSOS SESSÃO PARALELA: “COMO SERÃO OS CONGRESSOS PÓS‑PANDEMIA” Participantes: Moderador ‑ Vasco Noronha (Factor Chave); Sofia Santos (Eventos by T); e Miguel Basto (Diventos). Regras claras para a retoma da atividade e a reformulação de apoios nos eventos internacionais foram alguns dos pontos discutidos neste painel.Num panorama ainda de grande incerteza, também os organizadores de congressos suspiram por regras para o reinício da atividade. Eles que estão amplamente habituados a cumprir regras de segurança nos seus eventos. “Todos nós já tínhamos regras muito específicas, planos de contenção. Na altura não havia Covid, mas havia outras doenças”, referiu Vasco Noronha; uma opinião secundada por Sofia Santos, da Eventos by T, e por Miguel Basto, da Diventos. Este último lembrou que, no passado, organizavam congressos em que eram servidas mais de mil refeições por dia, sem qualquer problema. “Nós já há muitos anos trabalhamos a parte de planificação, segurança, quer dos espaços, quer das pessoas, em eventos que têm mil ou duas mil pessoas. É novidade, sim, algumas coisas que a pandemia trouxe, como máscaras, desinfecções e tudo mais”, sublinhou. WWW.EVENTPOINT.PT 86 DOSSIÊ TEMÁTICO A pandemia trouxe algumas coisas que vieram para ficar. Por exemplo, as ferramentas digitais. Sofia Santos lembra as vantagens de ter speakers internacionais de forma remota e isso vai ser encarado, cada vez mais, com muita naturalidade. “Acabaram as viagens de 15, 16, 18 horas para vir fazer uma palestra de meia hora”, referiu Vasco Noronha, embora reconheça que se perca alguma interação dessa forma. Outra das enormes vantagens tem a ver com a amplificação do evento a públicos que não poderiam estar presencialmente. Bem como a possibilidade de disponibilização posterior de conteúdos. “Quem está a assistir a um congresso, das métricas a que tenho acesso, há sem dúvida um saltitar de um sítio para o outro, veem um bocadinho aqui, um bocadinho ali, mas onde existe a maior percentagem de visualização é quando disponibilizamos os conteúdos posteriormente”, afirmou Sofia Santos. Vasco Noronha lembrou que para os patrocinadores este aspeto é extraordinariamente importante. Patrocinadores que, no início, estavam céticos em relação ao digital e que entenderam depois a mais‑valia de continuar a comunicar. Miguel Basto alertou, no entanto, que o online está a ter um “sucesso brutal” porque não há mais nada para oferecer. E que quando desconfinarmos o puramente online vai deixar de existir. Vasco Noronha concorda que “quando pudermos fazer coisas presenciais o online puro e duro ficará restrito para meia dúzia de situações, formações específicas”. No entanto, acredita que o híbrido “será claramente o futuro”. Miguel Basto teme, contudo, os custos, porque os “híbridos não ficam assim muito baratos. Porque temos de ter tudo o que os congressos tinham antigamente no presencial, e agora temos de ter a componente digital”. E o eventos internacionais? Essa é uma grande preocupação, uma vez que existem muitas assimetrias no que diz respeito ao controlo da pandemia, e ainda muitas restrições em termos de viagens. Como funcionará a captação desses eventos? Sofia Santos clama uma mudança de paradigma no que diz respeito aos apoios concedidos pelo Turismo de Portugal e a criação de modelos alternativos que contemplem o digital, uma vez que dificilmente o presencial retoma neste tipo de eventos antes de 2022. Miguel Basto lembrou que “a questão das room nights nos apoios é a coisa mais ridícula que existe”, uma vez que os congressistas hoje em dia optam por soluções alternativas de alojamento. Para Vasco Noronha, os congressos internacionais vão ser um novo desafio para nós todos e “eu espero que as nossas autoridades e o Turismo de Portugal estejam disponíveis para se sentarem connosco e para reverem claramente como é que vão ser estes apoios”. WWW.EVENTPOINT.PT 88 DOSSIÊ TEMÁTICO “O PROLONGAMENTO DAS FEIRAS SERÁ UMA REALIDADE” SESSÃO PARALELA: “PODEMOS DIGITALIZAR AS FEIRAS?” Participantes: Moderador ‑ José Carlos Coutinho (Altice Forum Braga); Cristina Martins (Kislog); e Filipe Gomes (OnEvents). Este painel debateu a articulação das componentes física e digital nas feiras e o impacto que as mudanças geradas pela pandemia poderão ter neste segmento. Next >