< PreviousTodo este percurso ajudou Mariana Sousa a desenvolver as suas funções na Associação de Turismo do Porto e Norte ao longo dos últimos anos. Ajuda também o facto de ser de Lisboa e sentir‑se em casa. “Aqui, e no Porto, que já são a minha casa, sinto‑me integrada e realizada, sabendo, porém, que muito ainda podemos fazer para o desenvolvimento da indústria MICE”, adianta. A sua experiência na organização de eventos tem sido útil nas suas atuais funções no PCVB. “Tenho as bases que a hotelaria me deu e todos os eventos que tenho vindo a acompanhar de A a Z, entre promotores e parceiros, o que tem facilitado a minha intermediação, promoção e captação de projetos”, afirma. E acrescenta: “No momento em que integrei na equipa do PCVB, rapidamente apercebi‑me que pouco sabia verdadeiramente de promoção de destino. Apoiei‑me muito nas minhas colegas dos outros Convention Bureaux, em particular a Alexandra Baltazar, de Lisboa, a Alexandra Ramos, do Algarve, e a Maria José Alves, de Cascais, por quem tenho a maior admiração e me inspiram diariamente. Tenho uma grande proximidade com determinados CVB internacionais com quem procuro aprender diariamente, adaptando práticas e formatos de promoção e comunicação. É através deste benchmarking diário em conjunto com os nossos parceiros que conseguimos posicionar o Porto e Norte no mapa internacional de eventos.” Sobre os principais desafios de ser head of Business Events no PCVB, Mariana Sousa refere que a pandemia “trouxe o maior desafio destes cinco anos” à entidade, mas, ao mesmo tempo, “um grande entusiasmo por, finalmente, sentirmos que era urgente comunicarmos com os mercados de outra forma”. Assim, vários projetos que estavam na gaveta estão a ganhar vida, e outros vão seguir‑se durante os próximos meses. “Saímos da nossa zona de conforto, o que tem sido de uma enorme aprendizagem e orgulho. Encaramos esta nova fase com entusiasmo e dinâmica”, sublinha. WWW.EVENTPOINT.PT 60 VIDA DE EVENTOS “GOSTO MUITO DE ESTAR EM CONTACTO REGULAR COM TANTAS PESSOAS” “Trabalhar com uma missão e um propósito são para mim fundamentais, bem como a constante procura de novos projetos, as parcerias, as relações profissionais e a criatividade. Imprescindível é, claro, o trabalho em equipa, porque, como em todos os trabalhos, e neste setor essencialmente, um grão de areia não faz o areal.” Estes são os grandes fatores de motivação de Mariana Sousa. Do que mais gosta na sua atividade é do facto de “não existir monotonia”. Além disso, conta, “gosto muito de estar em contacto regular com tantas pessoas, parceiros, instituições e empresas. Às vezes sinto que nos tornamos uma equipa alargada. Há também a eterna insatisfação de nunca sentir a ‘missão cumprida’, porque existe sempre mais algo a ser feito e isso, além de me motivar, torna‑me modesta perante os desafios”. Por outro lado, “odeio cancelamentos”, algo com que tem lidado ao longo deste ano atípico. “Infelizmente, este sentimento ganhou muita força e tem sido vivido com alguma angústia durante o último ano. Uma lição que gostaria que fosse retirada desta pandemia seria que os cancelamentos fossem sempre reconsiderados com maior análise e sensibilidade.” Da sua experiência, guarda memórias de eventos marcantes, que são vários ao longo destes últimos anos. “Mas os mais simbólicos são, provavelmente, os que chegam ao nosso destino, quando tudo começou com um simples contacto numa feira, num workshop ou com um simples email. Meses ou anos mais tarde, os astros alinham‑se e o nosso destino é selecionado. Só quando cheguei ao Porto Convention Bureau é que realmente entendi a complexidade da captação de um simples evento de média ou larga escala e que a nossa intervenção só faz sentido quando trabalhamos todos em conjunto e com o mesmo propósito. Sou lisboeta, mas sinto‑me em casa no Porto, fui acolhida com muito carinho por todos e existe um sentimento de pertença a esta cidade e região que se vai ganhando com o tempo”, conclui. Maria João Leite“ADORAVA FAZER EXPERIÊNCIAS COM DIFERENTES TIPOS DE CAPTAÇÃO E EFEITOS” WWW.EVENTPOINT.PT 62 VIDA DE EVENTOS NUNO FERREIRA O “DESAFIO CONSTANTE” É A GRANDE MOTIVAÇÃO Tudo começou com a paixão pela música. Como ouvinte e aprendiz, sonhando um dia ser músico, até se enredar pelos bastidores dos artistas, alinhando os sons e fazendo‑os soar na perfeição. Aí descobriu o fascínio pela mistura de sons, até se envolver na conquista de outras competências no universo do audiovisual. Este foi o início do percurso de Nuno Ferreira, hoje CEO da Eurologistix – Audiovisuais & Eventos, aqui contado na primeira pessoa. “Tive o privilégio de ouvir música desde pequeno. Iniciei a aprendizagem de viola acústica aos nove anos, pois alimentava o sonho de vir a poder ser um músico e a percorrer o mundo por diversos palcos. Na minha adolescência, pertenci à associação de estudantes da escola secundária, onde tive a oportunidade de organizar várias festas e de criar um estúdio de rádio. Em maio de 1993, fui convidado para ir estagiar nos Estúdios Musicorde, onde iniciei verdadeiramente a minha carreira profissional como técnico de som. Convivi com vários músicos e artistas e apercebi‑me que a paixão pela captação de instrumentos e mistura de som era algo que me deixava fascinado. Adorava fazer experiências com diferentes tipos de captação e efeitos. Era um mundo novo cheio de segredos para explorar no meu laboratório ‘estúdio’”, refere, acrescentando: “Em dezembro de 1996, iniciei uma nova etapa profissional na Alfasom, onde tive a oportunidade de desenvolver competências noutras áreas audiovisuais, como o vídeo e a iluminação, sendo que me continuei a especializar no som, mais propriamente na vertente ao vivo.”O que o motiva é “o desafio constante”, diz. “Cada evento é um evento e o nosso papel, enquanto fornecedor ‘chave na mão’, dá‑nos a possibilidade de sugerir diferentes soluções para cada tipologia de evento e de acordo com a sua especificidade”, adianta. E se, por um lado, é das “relações humanas com as mais variadas pessoas e a ausência de monotonia” do que mais gosta nesta atividade – afinal, “todos os dias são diferentes” –, por outro lado, a “gestão de alguns egos e a falta de ética profissional” pesam para o lado negativo da balança. EPISÓDIOS MARCANTES NA MEMÓRIA Estar há mais de 20 anos nas lides dos eventos faz com que as histórias se acumulem na lembrança: eventos marcantes, episódios que se recordam a sorrir, outros com gargalhadas e outros até com lágrimas. Um dos eventos que mais marcou a vida de Nuno Ferreira foi o Campeonato da Europa de Futebol, em 2004, que decorreu em Portugal. “Tive a sorte de ser um dos responsáveis por analisar os sistemas de som residentes nos estádios que acolheram os jogos oficiais do Euro’2004”, conta o CEO da Eurologistix, acrescentando que apresentou um relatório ao comité executivo da UEFA, responsável pela prova, e que formou e coordenou as equipas técnicas para a preparação e execução do evento. WWW.EVENTPOINT.PT 64 VIDA DE EVENTOS Nuno Ferreira recorda também com carinho um concerto da fadista Mariza, em setembro de 2005, nos jardins da Torre de Belém, em Lisboa. Um concerto, “com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo maestro violoncelista Jaques Morelenbaum”, que foi gravado e editado em DVD, explica. “Choveu todo o dia e toda a noite, exceto na hora do espetáculo, onde a Mariza interpretou o tema ‘Chuva’ de uma forma soberba. Continuo ainda hoje a rever este concerto com grande nostalgia.” Outro momento marcante, mas de uma outra forma, foi o perder um colega de profissão durante um evento. “O Centro de Congressos de Lisboa acolheu o evento, que durou cerca de uma semana entre montagens, ensaios e a realização do evento. Na última noite, um dos elementos da equipa técnica trazida pelo cliente veio a falecer durante a noite. Foi desastroso termos de cumprir o último dia do evento de lágrimas no rosto e a ter de manter uma atitude profissional de forma a garantir o sucesso do evento. Um momento doloroso que deixou marcas”, lembra. Pelo lado oposto, os momentos mais hilariantes que viveu no universo dos eventos decorreram quando Nuno Ferreira era técnico de som de Herman José. “Era rir do princípio ao fim ou não fosse um dos melhores comediantes portugueses.” O CEO da Eurologistix sublinha ainda o “enorme prazer em trabalhar com o ilusionista Luís de Matos que é um ser brilhante a todos os níveis”. Maria João LeiteA PALAVRA PARCERIA FAZ TODO O SENTIDO WWW.EVENTPOINT.PT 66 VIDA DE EVENTOS RICARDO GANDRA “TODOS OS DIAS PODEM SER DIFERENTES” “‘Perdeu‑se’ um técnico de turismo, mas ‘ganhou‑se’ um gestor e um produtor de eventos!” As palavras são de Ricardo Gandra, licenciado em turismo, quando explica a forma como chegou a esta área. O atual produtor de eventos da Eusébio & Rodrigues entrou neste universo “por carolice”. Através de uma amiga da universidade, deu início ao seu percurso na função de guia intérprete na agência Realizar. “Foi durante a Porto – Capital Europeia da Cultura, em 2001, e logo com um recorde do Guinness. Nunca pensei estar dentro de uma guitarra de fado daquele tamanho…” A partir daí, tudo aconteceu com naturalidade. Ricardo Gandra sempre gostou “do contacto com as pessoas e da valorização de Portugal no exterior, seja com sol, golfe, ondas, francesinhas ou mesmo um megaevento com 500 mil pessoas”. Como fatores de motivação estão ainda “o reconhecimento e a atenção para com o cliente e todas as suas necessidades” e o que a equipa terá de fazer para as obter. “Um princípio, presente na minha check list, sempre que aceito um briefing.” O produtor de eventos gosta de tudo nesta atividade. “Mas o Dia ‘E’ (Evento) é aquele que ainda não me deixa dormir a 100%, caso tenha tempo para isso… A adrenalina do projeto, desde a sua conceção até sair o último camião no fim do evento, é algo inexplicável”, conta, acrescentando que “a diversidade dos projetos” é algo que também o fascina, “pois desde estádios, cerimónias, futebol, moda, camiões, roadshows, helicópteros, carros de corrida, snowboard, neve, motas, seminários, apresentações de produto… todos os dias podem ser diferentes. Basta o cliente querer”. E é da mentira e da maneira desleal com que alguns parceiros encaram a concorrência do que menos gosta, não só nesta atividade, como em tudo na vida. “Acho que, neste momento, e após um ano tão complicado, a palavra parceria faz todo o sentido”, adianta. FATORES SEMPRE PRESENTES: EQUIPAS E AMIZADE São imensas as histórias para contar e, “principalmente quando se faz ‘estrada’, elas acontecem de uma forma natural”. Mas há denominadores comuns em todas elas: “as equipas, o staff, a amizade! Essa, sim, é uma memória que ficará para sempre”, frisa. Quando desafiado a escolher o evento mais marcante do seu percurso, Ricardo Gandra refere que poderia escolher, entre tantos, o Mega Pic‑Nic na Avenida da Liberdade, em Lisboa, a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos da Juventude ou a CAN 2010… “Mas acho que, pelo espírito de equipa, dificuldades acrescidas pelo espaço e local, o Winter Jam Gouveia 2008 está nos meus favoritos. Um evento desportivo multidisciplinar e super cool”, explica. O produtor de eventos lembra que “a pressão e os timings são responsáveis por grande parte das falhas nos eventos” e que existem situações que estão planeadas, mas que, no decorrer do evento, se opta por não se concretizarem, o que exige um “esforço extra das equipas para estarem disponíveis no momento”. Um exemplo disso aconteceu na cerimónia das Novas 7 Maravilhas, a 07/07/2007. “Se não fossem as condições atmosféricas adversas, tinha sido giro ver o Estádio da Luz ‘fechado’ com um teto de tecido…” E quando recorda um momento hilariante do seu caminho, Ricardo Gandra aponta um evento natalício. “Quem visitou o Camião do Natal do Continente cruzou‑se com várias figuras e mascotes ao longo dos vários anos de ação. Em alguns momentos, houve necessidade de os substituir. Quem diria que eu já fui Pai Natal, Popota, Katy ou mesmo o Rescue… Quem lá esteve sabe do que eu estou a falar”, conclui. Maria João Leite WWW.EVENTPOINT.PT 68 VIDA DE EVENTOS Next >