< PreviousOS PROFISSIONAIS DE PROTOCOLO PORTUGUESES ADAPTARAM-SE COM FACILIDADE ÀS NOVAS PLATAFORMAS DE COMUNICAÇÃO WWW.EVENTPOINT.PT 70 ESPAÇO APOREP A RELAÇÃO ENTRE O PROTOCOLO E A TECNOLOGIA Neste desafiante mundo novo em que agora vivemos e para o qual não estávamos preparados, as tecnologias ganharam uma imensa importância e os contactos presenciais foram sendo preteridos a favor da comunicação virtual. Todos os dias participamos ou assistimos a vídeo-reuniões, conferências telemáticas, cimeiras à distância, etc. Nalguns casos as tecnologias que surgiram ao longo destes dois anos facilitaram o trabalho do protocolo. Mas não deixa de ser verdade que o protocolo perdeu importância na organização de eventos virtuais. Durante a presidência portuguesa da União Europeia o trabalho protocolar foi muito reduzido, visto que a maioria das reuniões e cimeiras acabaram por ser telemáticas. Não se colocava o problema de assentamentos como em anteriores presidências em que alguns líderes se recusaram, por exemplo, na reunião EU‑Africa, a sentar‑se ao lado do Presidente Mugabe. Mas o protocolo em encontros presenciais ganhou uma importância enorme com a repercussão viral do incidente diplomático que ficou conhecido como Sofagate. Nunca se falou tanto de protocolo (ou da sua falta) em todo o mundo. A Cimeira Social do Porto, que foi presencial, realizou‑se um mês depois deste incidente e, neste caso, as novas vias de comunicação ajudaram a evitar os conflitos de precedências entre os líderes das três instituições europeias que estiveram presentes. Houve intensa troca de informações entre o gabinete da Presidência portuguesa e os gabinetes de protocolo das instituições europeias para que, no dia da Cimeira, fosse possível dar a cada um o lugar que lhe correspondia em cada momento da agenda protocolar desta cimeira. O protocolo contribuiu uma vez mais para evitar conflitos. Talvez se possa dizer que protocolo ajustado à atualidade é aquele que, em qualquer circunstância ou situação, simplifica a vida, torna mais fácil a comunicação entre todos, ajuda a transmitir ideias e a projetar uma imagem positiva da instituição. O protocolo prejudicial é aquele que aplica rituais desatualizados e que deixaram de fazer sentido só porque “sempre se fez assim”, um argumento que a pandemia destruiu. O protocolo, antes da pandemia, já beneficiava das novas tecnologias e dos novos canais de comunicação. Para os técnicos de protocolo portugueses ter um acesso fácil e rápido à legislação protocolar em vigor quando surgiam dúvidas na organização de um evento foi uma ajuda preciosa. E o desenvolvimento de formas de comunicação mais eficazes, também facilitou a preparação de qualquer evento protocolar sem envolver deslocações. Ter acesso aos venues por vídeo permitiu, por exemplo, aproveitar as novas tecnologias para diminuir os custos. Ao longo destes dois anos, os profissionais de protocolo portugueses adaptaram‑se com facilidade às novas plataformas de comunicação que WWW.EVENTPOINT.PT 72 ESPAÇO APOREP surgiram. As empresas de organização de eventos sobreviveram porque souberam desenvolver e colocar à disposição dos seus clientes estas novas formas de organizar eventos. No caso das empresas de formação especializada em protocolo foram as novas tecnologias que permitiram que continuassem a trabalhar a um ritmo menos intenso, mas realizando ações de formação à distância, com interatividade e benefícios mútuos. O formador não tem de sair de casa e pode estar a partilhar conhecimentos e a responder a dúvidas, socorrendo‑se das apresentações em powerpoint, que tem o mesmo impacto de que se fossem feitas presencialmente. Os custos diminuíram, mas perdeu‑se o convívio e a empatia que se gerava ao longo de um dia da formação presencial. No mundo empresarial houve uma revolução na forma de comunicar. As empresas privilegiam vídeo‑reuniões e, como o teletrabalho lhes trouxe poupanças substanciais, essas tecnologias foram‑se aperfeiçoando. Até houve a preocupação de criar fundos para estas reuniões em que os participantes têm como cenário uma sala de reunião com o logótipo da empresa, quando na realidade estão todos nas respetivas casas. Esta é uma forma de conseguir separar a esfera profissional da esfera familiar, que antes de se inventarem estes fundos era impossível. Vivemos num mundo mediatizado que nos obrigou a repensar as regras protocolares. O protocolo, qualquer protocolo, tem de ser simples e invisível, mas continuando a contribuir para dar dignidade a estes eventos. Por isso continua a ser tão importante estarmos atentos ao nosso comportamento, posicionamento e atitude durante estes encontros virtuais. O mundo mudou e dizem‑nos que nada será como dantes quando a pandemia finalmente desaparecer. É, por isso, difícil fazer previsões para a importância que o protocolo vai voltar a ter nesse novo mundo. Mas na APorEP acreditamos que o Protocolo vai manter a sua importância, porque mesmo aqueles que o criticam vão voltar a exigir que, nos eventos presenciais, lhes seja dado “o lugar que lhes compete pelas funções que desempenham”. E também acreditamos que as tecnologias que surgiram vão ajudar os técnicos de protocolo a cumprir melhor as suas funções. Isabel Amaral Presidente da APorEPACELERAR PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL WWW.EVENTPOINT.PT 74 OPINIÃO 5G NOS EVENTOS Com as campanhas de lançamento do 5G em Portugal, por parte das operadoras de telecomunicações, é impossível ainda não ter ouvido falar desta nova tecnologia. Ao contrário de outras tecnologias em que éramos normalmente early adopters, devido aos atrasos e problemas que houve entre a ANACOM e as operadoras no leilão para o licenciamento do 5G, Portugal é um dos últimos países, senão mesmo o último, a lançar ofertas comerciais para o público. Mas o que é que o 5G nos vai trazer em relação ao 4G? MENOR LATÊNCIA Tempos de resposta que, logo numa primeira fase, podem ser metade do 4G; MAIOR LARGURA DE BANDA Até 100 vezes superior ao 4G; MAIOR COBERTURA DE REDE Número de equipamentos conectados chega a um milhão por km 2 , especialmente aplicável a sensores e terminais de IoT (Internet das Coisas). Nesta primeira fase, o utilizador tem acesso a velocidades próximas de 1 gigabit por segundo, com uma latência inferior ao 4G. Estas velocidades proporcionam uma experiência ‘instantânea’, permitindo ver vídeos 4K ou jogar num smartphone com uma performance similar às redes de fibra. Em ambientes ou aplicações empresariais, a velocidade e latência vão aumentar a capacidade produtiva e permitir maior mobilidade às equipas, garantindo acesso à cloud e a servidores ou aplicações internas em todo o lado, tal como na rede fixa. O 5G é percecionado globalmente como uma das principais alavancas de recuperação económica do período pós‑covid, acelerando processos de transformação digital nos mais variados setores da indústria, onde se inclui obviamente a indústria dos eventos, permitindo inovações que ajudarão a dar um grande salto em frente.Com a pandemia e os confinamentos, a indústria teve de reinventar‑se com eventos virtuais e híbridos, onde o streaming se tornou uma necessidade quase obrigatória, visto que os eventos que oferecem streaming podem aumentar o seu público‑alvo e ainda incluir grupos que, de outra forma, não poderiam comparecer, podendo fazê‑lo através de Zoom, Skype, Teams, Vcalls, etc. Com o 5G será possível produzir um evento a partir de um local remoto sem acesso a fibra, e que com 4G não seria possível, mesmo com bonding (cartões de várias operadoras num único router somando a largura de banda disponível). As aplicações e a tecnologia que estão a ser usadas atualmente poderão ser aprimoradas e outras, que não são possíveis atualmente, começarão a aparecer com o suporte desta rede extremamente rápida. Desde a pré‑encomenda de comida até à curadoria para uma melhor experiência do evento, os participantes do evento receberão eventos mais inteligentes e que podem ser acedidos através dos seus smartphones. A segurança dos participantes em qualquer evento é um aspeto fundamental. As redes 5G suportarão uma maior conectividade entre a equipa de segurança, garantindo uma comunicação eficaz em caso de emergência. Os dispositivos podem ser otimizados para analisar as ameaças de segurança com mais facilidade e rapidez e, de seguida, a equipa de segurança pode ser enviada rapidamente para lidar com qualquer problema. Os participantes também terão opções mais rápidas e confiáveis para pedir ajuda, se necessário. WWW.EVENTPOINT.PT 76 OPINIÃO O 5G será particularmente útil em quaisquer áreas que exijam recolha e análise de grandes quantidades de dados. A segurança pode ser suportada por esse tipo de recolha de dados de alto nível, e a capacidade de responder rapidamente e de se comunicar com eficiência ajudará a manter a qualidade do evento. A internet está rapidamente a tornar‑se inseparável de todos os aspetos do planeamento dos eventos, como recolha de dados, streaming, comunicação, segurança e inúmeras outras áreas. Uma das maiores reclamações entre os participantes de reuniões e eventos é o Wi‑Fi ser lento ou estar inacessível. O 5G tornará este problema obsoleto. Ter uma rede acessível, confiável e extremamente rápida ajudará a apoiar as tecnologias e processos atuais que ajudam a destacar os eventos e impulsionará a inovação com ideias novas e empolgantes para os eventos do futuro. Espera‑se que o 5G possa contribuir para facilitar e massificar a adoção de inovações, tais como: ‑ Realidade virtual a 360 graus, como sejam a transmissão de eventos ‑ permitindo, por exemplo, que o público experimente virtualmente a sensação de estar no palco num concerto musical transmitido em direto, ou ver um jogo de futebol da perspetiva do treinador da sua equipa no banco de suplentes; ‑ Realidade virtual social ‑ combinando o streaming de realidade virtual com serviços de conversação multiponto, permite que o utilizador visualize e converse com pessoas que estejam fisicamente em diferentes locais (Metaverso do Facebook); ‑ Novas formas de publicidade ou de jogos online proporcionadas pela exponenciação sensorial da Internet, resultante da conjugação entre a menor latência e fatos hápticos (sensorizados). ‑ Sistemas sofisticados de entretenimento instalados a bordo dos automóveis com condução autónoma; ‑ Hologramas tridimensionais. Vítor Hugo Consultor técnicoOPTAR PELO HÍBRIDO OU NÃO Em dezembro, a IAPCO e a AIPC publicaram um artigo conjunto sobre eventos híbridos. Esse artigo fornece uma visão única de como o pensamento sobre os eventos híbridos evoluiu nos últimos 18 meses. O artigo, denominado “Hybrid Events, just how profound a pivot?” é baseado em mais de 30 entrevistas com líderes da indústria, 75 artigos, 30 relatórios e uma ampla gama de outras fontes de informação. Este artigo oferece uma visão geral das principais conclusões. WWW.EVENTPOINT.PT 78 OPINIÃO A primeiro comclusão é a de que ainda há muitas perguntas sobre o que é exatamente o híbrido. Isto pode ser uma surpresa, visto que, por exemplo, o desporto usa o híbrido há décadas. A corrida final da F1 em Abu Dhabi, que aconteceu no dia 12 de dezembro, é um grande exemplo: uma combinação de transmissão ao vivo, digital e broadcast, proporcionando uma grande experiência em todas as frentes (o facto de o título ter sido decidido na última ronda pode ter ajudado). Como resultado, também não há uma visão clara sobre o valor que o híbrido traz, embora haja uma visão compartilhada sobre os principais benefícios, como alcance, exploração de dados, sustentabilidade, etc. O segundo ponto‑chave é o de que ‑ como indústria ‑ estamos num estado de fluxo: em transição, mas não muito suave, uniforme ou organizado. O estado atual tem cinco características principais: 1. A definição do mercado ainda está a faltar 2. A procura pelo live persiste 3. A tecnologia ainda não existe 4. A procura de recursos estão aumentando 5. Modelos de negócios em fluxo É claro que essas cinco características estão inter‑relacionadas: o facto de o cenário do mercado ainda ser instável tem um impacto direto nos modelos de negócio. As principais razões para o estado atual são a rapidez com que as soluções foram definidas e implementadas, o histórico diversificado dos fornecedores de soluções e, claro, a falta de experiência. Aqui, é importante notar que o híbrido é uma nova oferta, que precisa de ser incluída na proposta de valor geral, que no caso de eventos organizados ainda é sobre crescimento económico e transformação social. A terceira descoberta principal diz respeito às próprias soluções e aos recursos necessários. À explosão inicial de soluções ‑ no início da pandemia milhares delas foram desenvolvidas ‑, seguiu‑se uma grande concentração de mercado em 2021, resultando em maior qualidade e provas dadas. Os organizadores também têm uma melhor visão dos requisitos ‑ não apenas do lado interativo das coisas, mas também quando se trata de assistência ao utilizador, configuração, análises e ‑ o mais importante ‑ segurança cibernética. Há também uma melhor visão sobre os recursos necessários e isso mostra‑se bastante substancial. Basicamente, os Next >