< Previouseventos híbridos de sucesso terão três equipas: uma a administrar o evento ao vivo, uma a administrar o evento digital e uma a coordenar as outras duas. Do ponto de vista do centro de congressos, flexibilidade é a palavra‑chave. Para citar um dos entrevistados: “Temos uma plataforma, mas somos agnósticos em relação a ela, pois visamos acima de tudo acomodar o cliente. Se esse cliente tiver as suas próprias ideias sobre o programa e uma preferência de plataforma, nós facilitamos”. O quarto conjunto de descobertas é sobre a experiência do utilizador e o que o cliente pensa sobre experiências híbridas. E pode ser resumido da seguinte forma: 1. A escolha de um fornecedor ou parceiro pode ser um desafio. O processo de busca e avaliação é mais complexo, também porque envolve players do mercado ‑ que podem ser nomes consagrados ‑ que agora estão a entrar na área de eventos. Além disso, não há padrões de qualidade estabelecidos e nem todos os fornecedores têm experiência real em eventos 2. Criar interação é muito desafiador, especialmente para exposições ou com públicos muito grandes. Certos elementos de um evento ao vivo simplesmente não podem ser traduzidos para o digital. 3. Embora a análise de dados seja um benefício fundamental, as preocupações com segurança, privacidade e propriedade de dados permanecem. E, finalmente, existem os modelos de negócio. O artigo descreve nove (9!) Modelos de negócios emergentes, do “balcão único” (ou modelo do canivete suíço) ao modelo de assinatura. Todos estes modelos estão a ser testados e implementados por diferentes participantes do mercado em todo o mundo e, até agora, nenhum modelo dominante surgiu. Definitivamente, uma área para continuar a observar. Embora o artigo não forneça a resposta definitiva para todas as perguntas relacionadas com eventos híbridos, ele fornece algumas pistas únicas, também no que diz respeito a oportunidades em torno da educação, criação de ecossistemas, alcance de mercados até aqui não atendidos, etc. O híbrido definitivamente faz parte do futuro dos eventos e permitirá evoluir para o próximo nível de criação de experiências únicas. Sven Bossu CEO AIPC WWW.EVENTPOINT.PT 80 OPINIÃO RECURSOS HUMANOS PRECISAM-SE! O mote foi o “Estado atual dos recursos humanos”, mas a discussão do encontro online entre os empresários do setor dos eventos acabou por abordar outros temas fulcrais para atividade, como o aumento de custos e a união do setor. Jorge Coelho (Abreu Events), Jorge Vinha da Silva (Altice Arena), Mariana Oliveira (Anetours), Miguel Ribeiro (Miguel Ribeiro Events), Pedro Magalhães (Europalco), Pedro Castro (Multilem), Pedro Rodrigues (Desafio Global) e Rui Goulart (Brand P) foram os convidados desta iniciativa. WWW.EVENTPOINT.PT 82 EM DESTAQUE A pandemia, e consequente congelamento dos eventos por tempo indeterminado, empurrou muitos profissionais para fora do setor dos eventos ou até mesmo para fora do país, ditando a fuga dos recursos humanos. Com remunerações no zero, foram muitos os que procuraram mercados com maior procura ou outras atividades que lhes provessem uma remuneração mais estável. Agora, num ano em que as previsões apontam para uma retoma efetiva da atividade, importa saber voltar a atrair profissionais ou motivar os que se mantiveram nesta indústria. Os desafios são muitos. VIDA PESSOAL VERSUS PROFISSIONAL A situação pandémica trouxe novas prioridades para os profissionais no geral e a área dos eventos não foi exceção. Os vínculos laborais em regime de recibos verdes ou os trabalhos em horários que não se coadunam com a vida pessoal pesaram nestes últimos dois anos. Assim, a procura pelo equilíbrio entre vida profissional e pessoal tornou‑se uma premissa para alguns trabalhadores, muitos dos quais o conseguiram em outras áreas de trabalho e dele já não abdicam. No entanto, não foram apenas outras atividades económicas, que não sofreram retração do negócio, que se tornaram mais atrativas. Lá fora as oportunidades foram surgindo e os portugueses, reconhecidos por serem bons profissionais, com conhecimentos técnicos e considerados mão‑de‑obra barata, não tiveram dificuldade em incorporar as equipas para a realização de um dos grandes eventos internacionais do momento, a Expo Dubai. Não sendo também um problema exclusivo de Portugal, acredita‑se que a escassez de recursos humanos vai fazer aumentar a competitividade além‑fronteiras. Mercados mais atrativos, e com oferta de melhores condições, vão disputar os profissionais do setor, ampliando as dificuldades das empresas portuguesas em reter talento.AUMENTO DE SALÁRIOS A inexistência de recursos especializados traz consigo duas questões cruciais: um aumento do valor do pessoal especializado e uma diminuição do grau de exigência. Com a insuficiência de pessoal e o aumento da procura, os profissionais especializados vão requerer remunerações mais vantajosas. Muito mais do que “um bom salário”, as empresas precisam de ser imaginativas para segurar os seus funcionários. Estar mais presentes na vida das pessoas e dos seus problemas, criar incentivos que promovam o espírito de equipa e reforçar o departamento de recursos humanos para um melhor acompanhamento são alguns dos exemplos sugeridos. Para complementar as necessidades das empresas, a solução pode passar por contratar pessoal sem formação na área. Algo que implica uma diminuição do grau de exigência e que pode refletir‑se na qualidade. URGENTE MOTIVAR Estes dois anos de estagnação provocaram consequências também em quem manteve o seu posto de trabalho. Lidar com a atividade em modo intermitente tem‑se refletido na motivação dos profissionais. Também a diminuição dos rendimentos, ausência de contactos sociais, o teletrabalho (e a gestão que o mesmo implica), gestão das restrições do vírus no dia‑a‑dia e a incerteza de quando toda esta situação vai terminar, têm‑se revelado desgastantes e provocado uma desmotivação generalizada das equipas. Concorda‑se que o desempenho das pessoas diminuiu e, com isso, torna‑se mais difícil dar resposta às solicitações, acabando assim por se realizar menos eventos por dificuldades de resposta. Com o regresso ao ritmo normal de trabalho, acredita‑se que o ânimo das equipas também regressará. A par da desmotivação, o comodismo. Admite‑se que a flexibilidade dos funcionários, para trabalhos aos fins‑de‑semana ou em horários menos tradicionais, não é ou será a mesma. WWW.EVENTPOINT.PT 84 EM DESTAQUE Também a disponibilidade para ações de formação por parte dos funcionários saiu afetada deste período. Levanta‑se ainda a questão dos subsídios de desemprego que têm contribuído para uma menor procura e interesse por parte dos desempregados em regressar ao mundo do trabalho. MAIS DO QUE RECURSOS HUMANOS A carência de profissionais é uma das problemáticas que o setor dos eventos enfrenta. Mas não é a única, nem a principal. Outros problemas despertam a atenção dos empresários, como os custos de contexto ou a diminuição dos preços por alguns concorrentes. Ao previsível aumento de salários, juntam‑se fatores que contribuem para a subida dos custos fixos das empresas, concretamente os custos de contexto. Estes preocupam o setor, sejam eles energéticos, com fornecedores ou de produção. Porém, alertam, estes aumentos dificilmente vão refletir‑se no que o cliente pagará, pois este espera que os preços diminuam à boleia da crise. Com o incremento dos custos (e a dificuldade em repercutir os aumentos no produto final), prevêem‑se margens de negócio mais apertadas para se poder subsistir. Os investimentos programados, seja inclusive ao nível do material, que ficou desatualizado e desvalorizado ao fim de dois anos com utilização quase inexistente, podem ser adiados e com isto afetar a competitividade das empresas no panorama internacional. Apesar da inevitável subida dos custos, apela‑se ao bom senso e à união dos profissionais em prol de não se estragar a competitividade de um setor ao ceder à tentação da diminuição dos preços. Conduta que afeta a recuperação e sustentabilidade económica de todo o setor. “Deve‑se praticar preços adequados para o momento que se vive e aguardar, porque vai haver negócio para todos”, asseguram. Raquel Relvas NetoHOTELARIA ASSINALA REGRESSO AOS EVENTOS PRESENCIAIS Apesar do feedback positivo que os hotéis registaram às soluções tecnológicas desenvolvidas para a realização de eventos virtuais, como os estúdios, com o aliviar das restrições o regresso aos eventos presenciais foi inevitável. Este ano, prevê-se que a tendência se mantenha. Intercontinental Lisboa WWW.EVENTPOINT.PT 86 RADAR Se, com o início da pandemia, a hotelaria arranjou soluções tecnológicas para continuar a servir de palco aos eventos corporativos, mas em formato digital ou híbrido, agora, numa altura em que as restrições são menores, os eventos presenciais regressam. Com todas as medidas de segurança. De forma a diversificar a oferta de serviços de forma inovadora e responder às necessidades das empresas dentro da conjuntura pandémica, o Corinthia Lisbon Hotel lançou o Corinthia Virtual Studio, destinado à realização de eventos híbridos que combinassem o presencial e o virtual. O estúdio virtual, que resultou de uma parceria com as empresas Smart Choice e 2inspire, encontra‑se no centro de conferências do hotel e conta com várias facilidades para permitir a realização desta tipologia de eventos. Susana Martins, director of sales & marketing do Corinthia, faz um balanço positivo desta facilidade, destacando que a mesma foi mais procurada por eventos corporativos, “onde existe um maior interesse por eventos virtuais”. Contudo, admite que não realizaram tantos eventos quanto o expectável, “mas ainda foram alguns e o feedback foi bastante positivo”. À medida que algumas das restrições foram sendo levantadas, a responsável indica que o interesse pelos eventos virtuais foi diminuindo. “No seguimento dessas mudanças, começámos a notar o retomar das reuniões presenciais, mesmo com grupos mais pequenos e algumas optaram pelo modelo híbrido”, esclarece. Também o Sheraton Porto Hotel apresentou um estúdio digital, equipado com chroma e tecnologia de ponta, numa parceria com a New Audiovisuais, como solução para a realização de eventos digitais ou híbridos no período pandémico. Joana Almeida, diretora‑geral da unidade hoteleira, indica que, de setembro de 2020 a setembro de 2021, foram realizados mais de 200 eventos com recurso ao estúdio permanente. “A resposta do mercado foi fantástica e conseguimos ajudar os nossos clientes a chegar a colaboradores e clientes de forma eficaz e segura”, salienta, reforçando que o foco do Sheraton Porto Hotel é estar “ao lado do mercado com soluções adequadas no tempo necessário”. Ambas concordam que a vontade de regressar aos eventos presenciais “é grande”. Susana Martins explica que “os eventos completamente online acabam por perder o fator mais importante subjacente aos presenciais, que é a ligação entre as pessoas”. Ligação essa que se traduz “no calor humano, nas conversas cara a cara, nos encontros e reencontros e nas discussões ‘ao vivo’, que são muito mais emocionantes do que as discussões via online”, descreve a responsável do Corinthia Lisbon Hotel. Por sua vez, o Sheraton Porto Hotel registou na prática apenas dois eventos híbridos de setembro a novembro de 2021, “todos os outros foram presenciais” estimulados com o levantar das restrições, constata a diretora‑geral. Da mesma opinião partilha Maarten P. Drenth, area general manager Portugal do InterContinental Hotel Lisbon. O responsável explica que, apesar da unidade hoteleira não ter desenvolvido um estúdio permanente, foram estabelecidas várias soluções para a realização de reuniões e eventos. Porém, “ainda que tenhamos confirmado diversos eventos híbridos ao longo do ano, sentimos que os clientes continuam a procurar experiências mais pessoais”. Apesar do InterContinental Hotel Lisbon disponibilizar diversos materiais audiovisuais e trabalhar com parceiros que garantam a qualidade dos serviços em reuniões híbridas, “os clientes afirmam que nada substitui a presença de cada um dos participantes”. É por isso que Maarten P. Drenth considera que, apesar da indústria se ter adaptado e oferecer novas soluções para colmatar as necessidades, “achamos que a tendência será sempre continuar com eventos presenciais”. MEDIDAS ADICIONAIS Seja nos eventos híbridos ou presenciais, existe um conjunto de medidas transversais que têm de ser garantidas, como a segurança e a flexibilidade. Com o propósito de ser “um dos hotéis mais seguros em Portugal”, o Corinthia Lisbon Hotel realizou um investimento significativo a nível de equipamentos para garantir a segurança dos seus clientes. A unidade hoteleira instalou câmaras termográficas em todas as suas entradas; um sistema auto‑higienizado nos elevadores, com luz UV e ozono; purificadores de ar nas áreas públicas; além de utilizar nano atomizers para higienizar quartos e salas de reunião, com nebulização com hidrogénio peróxido; e tratamento de ozono também nos quartos WWW.EVENTPOINT.PT 88 RADAR e salas de reunião. A par da segurança, a flexibilidade de soluções apresentadas aos clientes também fez parte da gestão do cinco estrelas, com Susana Martins a realçar que esta esteve mais presente na política de cancelamentos. Também no Sheraton Porto Hotel, a flexibilidade dos espaços e da equipa são “a chave para conseguirmos dar a melhor resposta”. É neste sentido que é trabalhado o plano de contingência de cada evento, que Joana Almeida explica ser efetuado em conjunto com o organizador, pois “temos consciência de que cada evento tem especificidades e necessidades de resposta diferentes”. Nestes planos de contingência, a diretora‑geral realça que a flexibilidade contratual é algo que está inerente. “Numa ótica de salvaguarda dos dois lados (nós e clientes), trabalhamos a solução adequada em conjunto. Somos e queremos continuar a ser parte da solução e compromisso comum”, sublinha. Joana Almeida garante que a equipa está focada em “fazer mais, fazer diferente e não nos deixarmos acomodar”. A este espírito juntam‑se as facilidades do cinco estrelas com 4.000m 2 de espaços exteriores e versáteis, 266 quartos e suites, spa com 2.000m 2 , para se apresentar como o “espaço com maior capacidade, versatilidade e flexibilidade da cidade”. A flexibilidade também foi a palavra de ordem no Intercontinental Hotel Lisbon. O area general manager Portugal explica que foi necessário ajustar os timings previstos para a assinatura de contratos, políticas de cancelamentos ou reduções do evento, datas para confirmação do evento, entre outras. “Houve verdadeiramente um esforço por parte do InterContinental Lisbon para integrar novos procedimentos no dia‑a‑dia da confirmação e execução dos grupos, facilitando as condições e políticas de cancelamentos”, esclarece o responsável. Sheraton Porto Hotel Next >