< Previousefetuados nas redes sociais? Não creio. Precisamos de mecanismos que nos permitam medir quantas leads e oportunidades de venda surgiram de uma determina sessão. E, para além disso, temos de assegurar que os dados dos participantes são integrados em CRM, para que as equipas comerciais possam, a seguir, fazer um acompanhamento cuidado com informação personalizada de atuais e potenciais clientes. Em suma, a paixão pela área dos eventos corre nas veias. A consciência socrática de que nada sabemos e que tudo temos para aprender é a história de vida que hoje partilho nestas breves palavras. Sei que o nível de exigência continuará a elevar‑se e que temos de adotar as estratégias mais criativas, apostar na máxima qualidade dos conteúdos, oradores, parceiros, etc., e, ainda, munirmo‑nos das melhores tecnologias adaptadas ao formato e propósito dos nossos eventos corporativos. E depois medir, medir e medir os resultados. E, por último, aprender com as nossas falhas e erros, noutros casos, replicar experiências bem-sucedidas e exigirmo-nos sempre a superação! Lia Dias Responsável pela gestão e organização de eventos corporativos na empresa Primavera BSS que integra o Grupo Primavera WWW.EVENTPOINT.PT 20 OPINIÃO “MELHOR DISTRIBUIÇÃO DE TURISTAS, ESBATER A SAZONALIDADE E AUMENTAR A ESTADA MÉDIA” WWW.EVENTPOINT.PT 22 GRANDE ENTREVISTA LUÍS PEDRO MARTINS “AS REGIÕES PRECISAVAM DE MAIS AUTONOMIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA” Melhor distribuição de turistas, esbater a sazonalidade e aumentar a estada média na região do Porto e Norte são alguns dos objetivos do mandato de Luís Pedro Martins, enquanto líder do Turismo do Porto e Norte de Portugal. E fica o compromisso de que o MICE vai ser uma grande aposta em 2022. Como descreve o seu percurso até chegar ao Turismo do Porto e Norte de Portugal? Estudei no ensino secundário numa escola de artes e acabei por me licenciar em Design, na Escola Superior de Artes e Design. Depois tirei uma pós‑graduação em Marketing na Porto Business School. Aos 25 anos de idade surgiu a oportunidade de ir para a Assembleia da República. Já estava envolvido na política e juntei aqui as três coisas: a política, o design e o marketing. Estive em duas legislaturas como deputado e, mais tarde, como adjunto de um ministro. E porque tinha esta experiência, desde cedo comecei a realizar muitas campanhas de marketing político – fiz mais de 150! –, que me deram a possibilidade de conhecer bem o país.De regresso ao Porto, vou para responsável de comunicação e de marketing da Santa Casa da Misericórdia do Porto e aí contactei de perto com áreas mais relacionadas com o turismo, porque estive na criação do museu da Santa Casa. No meio desse processo, a Torre dos Clérigos entra em obras profundas e havia necessidade de, aquando da reabertura, se criar uma equipa muito profissional nesta área. Surgiu o convite e fui fazer a direção executiva da Torre. Iniciámos com 100 mil turistas e, quando saí, em 2018, só nesse ano tínhamos recebido 1 milhão e 100 mil turistas. Esse desafio deu‑me a oportunidade de criar rigorosamente tudo de novo, desde o acolhimento, os sistemas de bilhética, a comunicação, a promoção externa, todo o trabalho de assessoria de imprensa, contacto com plataformas, desde o Getyourguide até ao Booking. Foram anos muito interessantes porque me aproximaram bastante da realidade do turismo na região e também fora da região. Entretanto, surgiu a oportunidade de alguém avançar para a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte e, na perspetiva de quem fez o desafio, eu juntava algumas áreas interessantes, por um lado, o conhecimento bom do fenómeno turístico, por outro, a formação. As coisas começaram a correr bem, e surge a oportunidade, por parte da ATP [Associação de Turismo do Porto], de querer concretizar um sonho antigo, que era o de que a mesma pessoa presidisse às duas instituições, a exemplo do que já se fazia noutras regiões e com benefícios muito claros, nomeadamente nas áreas de promoção externa, comercialização, comunicação, marketing. E foi isso que fizemos. Candidatei‑me também à ATP, venci a eleição e fizemos aquilo que chamamos uma fusão funcional a partir desse momento. Administrativamente tem que haver na mesma as duas instituições, mas em termos funcionais juntamos as equipas de marketing, comunicação, promoção, comercialização, e achamos que tem sido um trabalho muito interessante. O que é que gostava que ficasse como marca mais distintiva do seu atual mandato? O que gostaria que fosse reconhecido era uma visão regional. Alguém que percebe que tem a sorte de ter a marca Porto na sua região, uma marca muitíssimo forte, a grande âncora da região, mas que coloca essa marca ao serviço de toda a região. Havia um desequilíbrio muito grande, e obviamente que ele irá WWW.EVENTPOINT.PT 24 GRANDE ENTREVISTA existir sempre, uma vez que as portas de entrada na região se situam na área metropolitana do Porto, mas era preciso fazer mais. Era possível ajudar a que os outros subdestinos ganhassem mais com esta notoriedade que o Porto tinha. E isso era possível fazer desde que se começasse a investir mais em promoção desses territórios, que se levassem mais press e fam trips, e que se aproximassem também esses produtos das portas de entrada – até vendê‑los, se possível, nas lojas de turismo. Esse trabalho está a ser possível e deu frutos. A única coisa menos negativa que a pandemia trouxe foi colocar os holofotes nestes territórios, o que de certa forma acompanhou aquele que era o nosso desejo. Esse era o primeiro desafio: turistas mais bem distribuídos pela região. Segundo: conseguir esbater a sazonalidade. Isso é possível captando os turistas de mercados de longa distância e nomeadamente os que vêm em contraciclo, como o Brasil e os Estados Unidos, o que também estamos a fazer. E a terceira era aumentar a estada média. O que gostaria que resultasse daqui era uma região muito mais solidária entre ela, como já é hoje, e que conseguiu resolver três questões fundamentais: melhor distribuição de turistas, esbater a sazonalidade e aumentar a estada média. Para fazer coisas é preciso dispor de um orçamento. Como é que olha para o financiamento que é dado ao Porto e Norte e como o compara com outras regiões? O Turismo do Porto e Norte é composto pela Entidade Regional, em que o financiamento tem origem no orçamento de Estado, e pela Agência Regional, esta de natureza privada, que possui uma estrutura de financiamento com origem essencialmente nas quotas dos associados e na prestação de serviços, concretamente no acolhimento, comercialização e promoção turística dirigida ao segmento B2C. Temos um contrato‑programa de promoção turística externa com o Turismo de Portugal, e também temos um contrato‑programa com o Município do Porto, uma vez que somos nós que fazemos todo o acolhimento e a promoção externa do Visit Porto. Depois, financiamo‑nos também através de fundos comunitários, a que constantemente nos candidatamos. Eu acho que este é um dos problemas a resolver pelo país. E nem vale a pena falar pelo Porto e Norte apenas, porque isto é transversal. Em boa verdade, para aquilo que nós fazemos, e para aquilo que nós poderemos fazer, o financiamento é muito escasso, muito reduzido. Ainda por cima porque esbarra com a lei 33, que nos tutela, que não nos dá nem autonomia administrativa, nem autonomia financeira. É altura do país perceber a força das suas marcas regionais, mas para isso tem de financiá‑las de forma diferente para que elas possam ter um trabalho ainda mais consistente. Percebendo‑se também que são regiões muito alinhadas e muito solidárias com o Turismo de Portugal. O que haveria, com outro financiamento, era a possibilidade de fazer ainda mais e é a isso que nós permanentemente vamos apelando. Quando nos comparamos às regiões vizinhas, a diferença é absolutamente esmagadora entre aquilo que os meus colegas da Galiza ou Castela e Leão podem fazer e aquilo que nós podemos fazer. Por outro lado, seria importante, ao fazer esse trabalho, organizar o governance e saber quem pode fazer o quê. WWW.EVENTPOINT.PT 26 GRANDE ENTREVISTA Não tenho dúvidas nenhumas de que, em matéria de promoção externa, só duas marcas funcionam: a marca Portugal e depois a marca região. A partir daí é estar a espartilhar e estar a perder dinheiro. E tem sido possível encontrar outras fontes de financiamento? Não tem sido fácil, mas estamos a trabalhar agora muito próximo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR‑N) e temos esperança de que o próximo Quadro Comunitário, que se estende até 2030, possa ajudar a resolver essa questão. Estamos a trabalhar com grande proximidade e a ideia é, desde que a CCDR‑N assim o aceite ‑ e as coisas estão a correr muitíssimo bem ‑, que nós possamos ser a entidade parceira da região e tudo o que seja turismo passe pela Entidade. Aproveito para falar aqui de algo que é polémico e que tem vindo muitas das vezes à discussão, que é a integração do turismo nas CCDR. Acho que isso seria um erro. Não é necessário fazê‑lo. Porque se há setor que está já regionalizado é o turismo, com a criação das entidades regionais. O que nós deveríamos explorar é um caminho de reforço das competências e dos orçamentos destas entidades e se, um dia ‑ e eu espero que esse dia aconteça ‑, houver regionalização, se houver um governo regional, então aí é fácil, é só pegar nas entidades regionais, absorvê‑las, e elas próprias já são, logo à partida, a pasta do turismo desse governo regional. APOSTA NA PROMOÇÃO MICE Quais são os grande eixos em termos de promoção, em particular para o segmento MICE? E todos recordamos uma campanha diferente, como é a da Ofelia… 2021 e 2022 são anos de aposta na promoção do MICE. Lançámos esse vídeo “The Majestic Adventures of Ofelia de Souza”, onde a ideia foi mostrar o novo Porto e Norte, onde a tradição e o contemporâneo se encontram, em perfeita simbiose, através de novos espaços para eventos, atividades, gastronomia, arte, design, pelos olhos desta meeting planner que é a Ofélia de Souza. Vimos muito do que existia em termos da promoção da meetings industry noutros territórios e percebemos que era quase tudo igual: mostravam as salas, os equipamentos. Então o briefing que nós passámos era de algo muito fora da caixa, que também mostrasse as salas, também mostrasse os espaços para eventos, mas que mostrasse muito mais. Que mostrasse o ambiente todo que se vive à volta disto. E acho que conseguimos. Aqui, parabéns à agência que trabalhou connosco, a Kobu. Conseguiu‑se um filme muito disruptivo, contemporâneo, com um humor inteligente, e prova disso é que temos ganho muitos prémios internacionais. Depois fizemos uma forte aposta em conteúdos digitais de suporte para event e incentive planners, tais como o ‘Porto e Norte Travel Series’, uma viagem com nove episódios na região através de um guia israelita, Gabo The Guide, onde quisemos explorar outras temáticas, o luxo, a moda, o lifestyle, os vinhos, a gastronomia, os city breaks. Depois temos aqui dois eventos muito interessantes: Meethology e Eventhology. O Meethology que procura dar a conhecer os grandes embaixadores e projetos da região na área da digitalização, economia circular, tecnologia, indústria, e depois o outro, o Eventhology, é um primeiro projeto ligado à área do gamification, em que os organizadores de eventos podem descobrir o território, escolher programas, escolher experiências num próximo evento fictício aqui no grande Porto e ajudar a criar de forma divertida alguma notoriedade à região. Estamos muito ligados a cidades como Porto, Braga, Guimarães, e temos captado muitos eventos para estes territórios. Destaco a conferência da Aito, que vai WWW.EVENTPOINT.PT 28 GRANDE ENTREVISTA ser realizada em Braga, o Portugal in Love, o M&I Flagship Forum. São muitos… mas que nos permitem acreditar que vamos conseguir crescer neste ranking, onde o Porto e Norte não ocupava um lugar que correspondia àquilo que tem para oferecer. É esse o nosso trabalho. Falou de Porto, Braga, Guimarães,… Há mais algum destino relevante para este segmento? … Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Santa Maria da Feira, estes são destinos para os quais podemos trabalhar a meetings industry. Depois, para conseguir comunicar tudo isto internacionalmente, não chegam apenas os filmes. E por isso estamos a apostar numa maior expansão e diversificação em redes internacionais, na contratação de Global Sales, e posso adiantar que estamos a dias de fechar a primeira contratação do Porto e Norte nesta matéria, que vai ser no Brasil. Gostávamos de, até ao final do ano, fechar uma outra, eventualmente no mercado europeu. A ideia é fazer uma aposta mais incisiva no produto da meetings industry, captar eventos, e depois também conseguir cruzar com outros produtos da região. Aliás, essa é sempre a nossa perspetiva: fazer cross‑selling. A rota dos vinhos e de enoturismo, os patrimónios UNESCO, o termalismo, a Rota do Românico, o que não faltam são possibilidades de cruzar esses produtos. Para que isto tudo tenha sucesso é preciso trabalhar bem a questão da conectividade aérea. Temos voos de 108 cidades de todo o mundo, aproximadamente 20 companhias aéreas, planeamos muitas campanhas de marketing para promoção da região com várias companhias, como a Turkish, a United Airlines, a British Airways, a EasyJet, a Ryanair, entre outras. Precisamos muito de trabalhar a ligação a mercados estratégicos como o Brasil, ou como os Estados Unidos. Os mercados europeus, de certa forma, conseguimos resolvê‑los com uma série de companhias que apostam forte no Porto e Norte. Estes mercados do Brasil e dos Estados Unidos estão mais dependentes da nossa companhia de bandeira, a TAP. Temos de Next >