< Previousmembros da ICCA e os executivos da associação terão a oportunidade de fazer networking num ambiente exclusivo e realizar reuniões de negócios individuais para criar parcerias com significado. Os membros também usufruem da nossa abordagem colaborativa com outros líderes do setor. Como a saúde e as ciências médicas representam o maior setor da indústria de reuniões da associação, juntamo‑nos ao AC Forum para organizar o evento Future of Healthcare Meetings, de 6 a 8 de julho passado, em Cannes. Além disso, a ICCA está a explorar formas para a associação poder agregar mais valor aos membros, além dos eventos. Por exemplo, construindo uma plataforma de conhecimento interno online e atualizando a base de dados da ICCA para revelar insights mais profundos sobre oportunidades de negócios. CONSTRUINDO UMA FORÇA DE TRABALHO PRONTA PARA O FUTURO As indústrias de todo o mundo estão a enfrentar uma escassez de pessoal e a indústria de reuniões não é exceção. Muitos profissionais de eventos de negócios encontraram novas carreiras durante a pandemia de covid‑19. Além disso, a nossa indústria transformou‑se num período muito curto de tempo com novas tecnologias e diferentes formas de trabalhar. Consequentemente, os empregadores devem requalificar os trabalhadores atuais e treinar rapidamente os novos contratados. A ICCA antecipou esses desafios no início da pandemia e começou a preparar uma solução para a lacuna de conhecimento e pessoal. Durante a IMEX Frankfurt 2022, a associação lançou o ICCASkills, o único programa global de acreditação para fornecedores. O programa permite que quem chega de novo ao setor acelere a sua performance WWW.EVENTPOINT.PT 20 OPINIÃO nos negócios. Os alunos também obtêm melhores práticas e padrões aplicáveis a qualquer região do mundo, desenvolvidos especificamente para eventos de negócios pós‑pandemia. As primeiras aulas para Certified International Convention Specialists (CICS) e Certified International Convention Executives (CICE) começam em julho e agosto. FORTALECENDO A RESILIÊNCIA DA INDÚSTRIA As reuniões são o ponto de partida para soluções críticas para as comunidades. É por isso que é importante que a indústria de reuniões associativas continue a envolver‑se com líderes e responsáveis de políticas locais. Também devemos diversificar os nossos esforços de advocacia para garantir a nossa resiliência em tempos de crise. Por exemplo, antes da pandemia, focamo‑nos principalmente em construir laços fortes com líderes do turismo e da aviação. Agora estamos bem cientes do impacto que decisões de outros setores, como a saúde, podem ter na nossa indústria. Resiliência também significa aparecer e fazer parte do diálogo. Estamos a incentivar a indústria de reuniões a participar no 61º Congresso da ICCA, em Cracóvia, na Polónia, de 6 a 9 de novembro. O congresso será o primeiro a trazer a nossa comunidade global para um único local, desde 2019. Participar neste evento não é apenas importante em termos de oportunidade de negócios, é uma oportunidade para a indústria mostrar ao mundo que estamos prontos para superar qualquer crise que venha ao nosso encontro. Senthil Gopinath CEO da ICCA“PRECISAMOS DE (...) ANTECIPAR O QUE OS CLIENTES QUEREM” © António Camilo WWW.EVENTPOINT.PT 22 GRANDE ENTREVISTA LUÍS ARAÚJO CAPTAR OS EVENTOS QUE SEJAM OS MELHORES PARA O NOSSO PAÍS As mudanças na comunicação, a sustentabilidade, os recursos humanos, os problemas na aviação e nos aeroportos, o legado dos eventos, foram alguns dos temas de conversa com o presidente do Turismo de Portugal (TdP), Luís Araújo. Muito resumidamente qual foi o seu percurso até chegar ao Turismo de Portugal? Tirei Direito, sou fruto da Faculdade de Direito de Lisboa. Fiz o estágio e comecei a trabalhar, na altura, no Grupo Pestana, como jurista. O meu percurso sempre foi do lado privado, houve ali uma interrupção, a meio, quando fui chefe de gabinete do Bernardo Trindade [ex‑secretário de Estado do Turismo], e cheguei aqui [Turismo de Portugal] em 2016. O que eu acho que foi mais entusiasmante é que sempre estive relacionado com projetos novos e com coisas completamente diferentes. Mesmo dentro do Grupo Pestana, trabalhei desde a área de seguros até ao rent‑a‑car, passando pela agência de viagens ou pelo lançamento de produtos novos ou de áreas novas, como a sustentabilidade, ou de mercados novos como a Argentina, o Uruguai, Colômbia, Cuba. Até entrar no Turismo de Portugal sempre estive ligado à parte privada do turismo, nas mais variadas áreas, e esse é um grande agradecimento que tenho que fazer ao Grupo Pestana, principalmente ao Dionísio Pestana, que me lançava desafios permanentes. No início de 2016, fui convidado pela Ana Mendes Godinho, na altura secretária de Estado, para vir para o Turismo de Portugal. Quais são, no seu entender, as três principais tarefas do Turismo de Portugal? Costumo dizer: se pensarem em alguma coisa em turismo em Portugal, tem o Turismo de Portugal envolvido. Nós temos aqui uma área de suporte muito grande às empresas, ao turista e aos colaboradores do setor. E temos algumas áreas, que são as mais interventivas do ponto de vista do negócio turístico, que vão desde o investimento até à promoção, passando pela formação, conhecimento, investigação. Diria que a grande missão do Turismo de Portugal, principalmente nos últimos tempos, tem sido muito focada no desenvolvimento de um destino do ponto de vista turístico, e cada vez mais numa ótica de sustentabilidade. Não só sustentabilidade do próprio setor ou indústria, do negócio e da atividade, mas sustentabilidade em termos do impacto que esta atividade tem no território e nas pessoas. Obstáculos haverá muitos, mas qual é aquele que mais condiciona o seu trabalho? O facto de sermos um organismo público, com as regras e a burocracia que existem em qualquer organismo público no nosso país, e ao mesmo tempo sermos um organismo que tem de ter a rapidez, a velocidade e a flexibilidade para responder àquilo que as empresas, os colaboradores e os turistas precisam. Esta conciliação dos dois é um desafio enorme. Só para dar uma ideia, muitas das coisas que estamos a conseguir agora, por exemplo, obras nas escolas, temos que pensar com três, quatro, cinco anos de antecedência por causa das componentes da contratação pública, e por aí fora. Muitas vezes isso gera esta falta de balanço entre aquilo que nós queremos fazer e quando conseguimos fazer. O que é que mudou de mais profundamente no vosso trabalho, em resultado da pandemia? Mudou tudo, para o bem e para o mal. Para o bem, estamos muito mais focados naquilo que é importante, essencial; mudou a capacidade que temos de comunicar com o outro, já que temos muito mais ferramentas, sendo isto WWW.EVENTPOINT.PT 24 GRANDE ENTREVISTA também negativo, porque nos gera alguma ansiedade do ponto de vista de controlar toda a comunicação ou dar resposta a tudo aquilo que nos aparece. Mudou muito também a capacidade, nossa, de perceber o que é que o outro quer e como é que conseguimos responder. Acho que houve aqui uma mudança de mindset relativamente a esta, não vou dizer disponibilidade ‑ porque disponibilidade sempre houve ‑, mas a este potencial de resposta que é necessário. Sim ou não, acho que essa é a grande questão. Para mal, perdemos alguns hábitos de ligação e de contacto, que espero que ainda se venham a recuperar muito em breve, por causa da componente das ausências e da incerteza. Organizar um evento para daqui a um mês e não sabermos exatamente quem vai estar, como é que vai acontecer, se vai acontecer. O se vai acontecer acho que já não é uma questão. Mas ainda temos muito aquela componente de alguém ficar doente, e ter que ficar uma semana em casa. Eu diria que essa mudança é o pior: esta incerteza permanente sobre aquilo que pode vir a acontecer. Por um lado, a necessidade de planear com muita antecedência e, por outro, a incerteza. São duas facetas que chocam... É bom ter esta visão de longo prazo, mas precisamos claramente de ter flexibilidade a meio do caminho para conseguirmos chegar ao objetivo final. Ao longo dos tempos temos conseguido. Esta correção de rota é possível através de alguns mecanismos, o digital ajuda‑nos. De facto, nós termos agora praticamente todas as © António Camilo campanhas no digital e não termos grandes ações, tirando as feiras e uma ou outra ativação de marca, permite‑nos corrigir e alinhar, dependendo da situação. Isso foi muito óbvio durante a covid. Quando havia abertura nós encaminhávamos recursos para essa abertura de mercados ou de segmentos, quando fechava nós reencaminhávamos para outro lado. É importante voltarmos a este componente do essencial e da estratégia, termos esta noção do horizonte e esta flexibilidade para alinhar. E a pandemia fez mudar o modo como se promove um destino? Os argumentos são hoje diferentes? São, são! Nós em 2017 mudamos a comunicação. Quando lançamos o Can’t Skip Portugal foi uma mudança por duas razões. Primeiro: nós não estávamos a promover um destino, estávamos a promover o espaço onde qualquer pessoa era bem‑vinda, independentemente de onde viesse ou o que fosse. Estávamos a dizer que o nosso papel aqui não era mostrar qualquer coisa, era dizer que estávamos recetivos a qualquer pessoa, independentemente daquilo que quisesse. Não era tanto o ‘vem até aqui porque nós temos isto’. É ‘o que tu precisares, nós temos’. O que tu precisares, não do ponto de vista do território, mas o que tu precisares do ponto de vista pessoal. Aliás o vídeo dizia, se estás contente, viaja para celebrar, se estás infeliz, viaja para esquecer. Os próprios vídeos do Can’t Skip Portugal tinham a palavra Portugal só no fim. Nós fizemos questão, aquilo foi tudo pensado, foi gravado em dezembro para chamar a atenção para a época baixa, por aí fora. Aqui foi uma mudança no paradigma de comunicação. Ao longo dos tempos, temos vindo a afinar esta mensagem, principalmente para alguns segmentos. A segunda grande mudança foi quando nós, em plena covid, dissemos que não era a altura para visitar Portugal, era altura para ler Portugal. E, curiosamente, essa mudança © António Camilo WWW.EVENTPOINT.PT 26 GRANDE ENTREVISTA permitiu, mais uma vez, focar muito mais naquilo que são os produtos que nos trazem mais valor acrescentado, porque traduzem a nossa autenticidade, porque ficam mais tempo ou porque podem ser vistos durante todo o ano, que nós antes tínhamos, mas tínhamos de uma maneira mais ou menos diluída. Portanto, conseguimos ainda focar mais, ainda segmentar mais. Acho que, obviamente também muito fruto daquilo que as pessoas hoje pensam de nós a nível internacional, houve esta capacidade de afunilar. Nós fazemos a cada cinco anos, um estudo sobre a marca Portugal como um todo, não só destino turístico, e fazemos nos dez principais mercados. Pela primeira vez, vemos em todos os mercados que estamos em posição de liderança relativamente àquele país. Com margem para melhorar em algumas questões, mas numa posição de liderança. E muito alavancado naquilo que são as características da atividade turística. Somos associados com um país simpático, moderno, inovador, que recebe bem. E isto é tudo aquilo que temos promovido nos últimos tempos e tudo aquilo que quem vem a Portugal sente quando cá está. Acho que há aqui uma comunicação diferente, mas há também uma perceção diferente que nos permite esta comunicação mais direcionada, menos generalista e mais especializada. Claro que isto tem a ver com aquilo que nós queremos, que é ter mais receitas, trazer mercados diferentes, e segmentar de acordo com aquilo que temos para oferecer. ‘É hora de ler Portugal’ acho que foi um marco. Para um organismo em que uma das suas atribuições é dizer ‘venham cá’, dizermos ‘esta não é a altura de vir, é altura só de ler’ é, não vou dizer que é disruptivo…Mas é corajoso... … Não sei se corajoso é a palavra. É desafiante. Bom, na altura também não se podia fazer outra coisa. Era a atitude certa. O grande desafio não é só fazer, é ter consequência depois com aquilo que se faz. Porque nós não podemos cortar e dizer: ‘Agora já não é a altura de ler, é altura de visitar’. Começamos então a dizer: ‘Agora é altura de visitar, mas não se esqueçam de que o turismo literário é uma componente importante do turismo em Portugal’. Aí sim, tem a ver com consistência e com ligação àquilo que nós queremos, que é obviamente que as pessoas venham cá. Atratividade e fidelização No contexto em que vivemos, questões de recrutamento, retenção de pessoas, formação, preocupa-o a capacidade de mantermos essa qualidade percecionada? É um grande desafio, até porque aquilo que nós estamos a ver são duas situações. Uma, é o aumento dos preços, por conta da inflação. Por outro lado, uma subida dos preços também para compensar dois anos de paragem forçada. E para “aproveitar” aquilo que é a necessidade que as pessoas têm de sair e a vontade que as pessoas têm de se movimentar. Acho que aquilo que aconteceu durante a pandemia, e agora no fim, com a dificuldade em voltar a cativar as pessoas para voltarem para o setor, é um sinal de alerta. É um sinal de alerta que nós já estávamos a sentir antes. Já havia falta de mão‑de‑obra. E entretanto muitos saíram. O que nós temos de fazer é perceber como é que os conseguimos atrair, como é que conseguimos aumentar esta capacidade de os reter, e como é que os fidelizamos daqui para a frente. Acho WWW.EVENTPOINT.PT 28 GRANDE ENTREVISTA que a palavra fidelização é essencial nos dias que correm. Já desafiei grandes cadeias hoteleiras a dizerem‑me se têm programas de fidelização para os seus colaboradores, e não têm. O segredo agora é a atratividade e a fidelização. As novas gerações têm uma relação muito diferente com o trabalho... Totalmente! Eu não sei se é uma questão de mudarem com facilidade, ou se precisam de desafios. Se calhar é isso, fartam‑se de não ter desafios. Nós olhamos sempre para a formação numa ótica de o que é que eu preciso, enquanto empresa, enquanto Estado, enquanto organismo público? Então vou dar esta formação. E esquecemos que tem que ser uma formação dirigida ao que eu preciso, mas também ao que aquela pessoa precisa para evoluir, e se calhar dar muito mais. Falta‑nos essa capacidade de formação tailor‑made para o outro. Como tudo na vida, há bons exemplos e há maus exemplos. Acho que hoje as empresas estão muito mais bem preparadas para esta atenção ao outro, não tratarmos todos por igual, e não olharmos para a formação e para aquilo que tiramos das pessoas, só como uma melhoria da minha eficiência e/ou da minha produtividade, do meu produto ou do que quer que seja. Papel do turismo na sustentabilidade de um destino Já referiu o aspeto da sustentabilidade. Que peso é que tem esta questão hoje em dia para um destino como Portugal? E como é que a coisa se torna de facto efetiva? Acho que se torna efetiva de duas formas. E é um grande risco, nós internamente, e nós fora, enquanto turistas, acharmos que isto é tudo uma ação de marketing e não mais do que isso. Esse é o grande risco. Temos de assumir, de uma vez por todas, que é nossa responsabilidade, e que se não fizermos alguma coisa dificilmente mais alguém vai fazer. Acho que esta aposta na sustentabilidade é nós dizermos que aquilo que nós estamos a fazer não é só para o nosso bem. O facto de sermos reconhecidos como um destino sustentável, ou que se preocupa com a sustentabilidade, é positivo para nós, traz‑nos dividendos do ponto de vista da comunicação, de imagem, muito associada àqueles que são os nossos Next >