< Previouscompletamente diferente e, se possível, ainda melhor do que no ano anterior. O próprio cliente fica muito surpreendido e agradecido por conseguirmos sempre fazer um evento diferente, apesar dessa exigência não existir. Até porque, como se sabe, nunca há budget para nada.” Entre situações hilariantes e outras preocupantes, são muitos os momentos a assinalar na sua vida de eventos. “Já vivemos algumas situações de grande angústia, medo e de quase não conseguirmos chegar ao fim do evento com a sensação de alegria que gostamos de ter e de proporcionar ao cliente.” E recorda uma história de um evento que poderia não ter corrido tão bem como previsto. “Uma vez, tivemos um percalço com um prato muito conhecido na nossa empresa, o Camarão com leite de coco e arroz basmatti. Não foi bem confecionado e não estava em condições de servir ao cliente. Duas horas antes de começar o jantar, não tínhamos o prato principal! Consegui reunir toda a equipa, ficaram apenas alguns empregados na sala a passar cocktails e a servir bebidas. Foi tudo para a cozinha ajudar os cozinheiros a refazer o prato desde o início, eu inclusive”, explica. Até que, de repente, Patrícia Gama é chamada pela cliente, que queria iniciar o jantar uma hora antes do previsto. “Foi o pânico total! Só me lembrei de lhe dizer que, tendo em conta a decoração escolhida, que era toda com velas, não podíamos acender as velas durante o dia, teríamos que esperar, pelo menos mais uma hora para anoitecer ou então a decoração iria perder todo o encanto e glamour. A cliente concordou e correu tudo lindamente! Habitualmente, brinco com a minha sócia e digo‑lhe que as nossas estrelinhas do céu (o meu pai e os pais dela) estão sempre atentos e não nos deixam cair”, afirma, a sorrir. Maria João Leite WWW.EVENTPOINT.PT 60 VIDA DE EVENTOS UMA RELAÇÃO QUE NÃO PARECE MUITO EVIDENTE Christoph Tessmar WWW.EVENTPOINT.PT 62 RADAR BARCELONA E VIENA: UM CASO DE ESTUDO EM COLABORAÇÃO As duas cidades, concorrentes pelos lugares cimeiros da ICCA, fazem bids em conjunto para eventos associativos. Tudo começou há uma década, quando Christoph Tessmar se tornou diretor do Convention Bureau de Barcelona. Na altura, Barcelona e Viena já estavam a fazer algumas sales call nos Estados Unidos e na China e participavam, em conjunto, numa feira na Ásia. “Nesse início, conheci na IMEX 2012 o Christian Mutschlechner, o diretor do Vienna Convention Bureau, e houve grande empatia”, conta‑nos Tessmar. Num jantar durante o evento surgiu a ideia: “Vamos fazer algo louco, algo diferente, completamente revolucionário; vamos tentar fazer biding juntos, trabalhar uma proposta similar para associações e tentar convencê‑las a escolher ambos os destinos para os congressos vindouros”, recorda o responsável. “No momento pareceu uma boa ideia”. Ideias disruptivas muitas vezes necessitam de uma grande dose de convencimento dos stakeholders. Até o management committee do Convention Bureau de Barcelona “pensou que eu era maluco”. “Viena era o destino nº 1, mas eu disse que essa era mais uma razão para esta poder ser uma boa ideia: ficava coberta a Europa do norte com Viena e a Europa do sul com Barcelona, havia um mix interessante para os delegados”. Validada a ideia, o próximo passo seria abordar os vários parceiros e os parceiros-chave, neste caso, seriam os venues, “porque não podemos abordar um cliente sem uma proposta de um convention center para organizar um congresso”, refere o diretor do Convention Bureau de Barcelona. Mutschlechner falou com o Austria Center e a Messe Wien, e Tessmar reuniu‑se com a Fira de Barcelona e o CCIB ‑ Centre Convencions Internacional Barcelona. “Os centros de convenções que contactamos gostaram da ideia e construímos rapidamente uma proposta. O mais louco aqui é que os venues tinham que partilhar as suas ofertas com os outros, porque as propostas tinham de ser no mínimo semelhantes, ou se possível iguais, para tornar tudo atrativo”, partilha com a Event Point Christoph Tessmar. © Pasja1000 WWW.EVENTPOINT.PT 64 RADAR Decidiram abordar uma primeira associação. A discussão foi longa, mas no final confirmaram três anos em Barcelona, três anos em Viena, num sistema rotativo. “Foi bom, outras associações ouviram esta história e tivemos mais reuniões com associações e confirmamos mais alguns congressos”. Nem todos escolheram o mesmo modelo. “Alguns escolheram Viena, Barcelona, e um terceiro destino, outros decidiram por Viena, Barcelona, e depois logo vemos. Mas pelo menos cinco congressos confirmamos”, refere Tessmar. PÓS-COVID E A NECESSIDADE DE RECOMEÇAR Entretanto, Christian Mutschlechner saiu do Convention Bureau de Viena e entrou um outro Christian: Woronka. “Começamos conversações com o novo diretor, mas o problema é que apareceu a covid e parou tudo”. Christian Woronka encontrou a iniciativa já feita, enquanto Mutschlechner foi um dos idealizadores. Vai ter de haver um período de adaptação, portanto. “O Christian vai ter de ver e viver o projeto para se tornar também uma paixão para ele”. Já em julho as duas instituições promoveram‑se em conjunto, em Londres, e explicaram a clientes corporate e associações a história desta relação. © TRAVELKR WWW.EVENTPOINT.PT 66 Uma relação que não parece muito evidente, mas é, segundo Christoph Tessmar. “Acho que as duas cidades são similares na forma como se comportam. São diferentes, mas o mood de ambos os destinos é semelhante, são atrativas, agitadas, populares. Viena mais a parte histórica, nós o sabor mediterrânico, mas também muita cultura”, refere, acrescentando ainda a boa relação entre as equipas dos dois destinos. “É uma questão de sentimento, amizade, criatividade, ter ideias de negócio muito claras, aliada à posição dos conventions bureaux, que são muito reconhecidos”. RADAR Tessmar acredita que se “para o cliente no passado [a proposta] era atrativa, depois da covid é ainda mais, devido aos problemas financeiros e organizacionais. Ambas as cidades podem fazer duas boas ofertas”. Cláudia Coutinho de SousaFORMAS DE SE ESTABELECEREM PRECEDÊNCIAS WWW.EVENTPOINT.PT 68 ESPAÇO APOREP AS CIMEIRAS E A ORDEM ALFABÉTICA Nos últimos tempos, temos assistido a muito eventos mediáticos com uma forte componente protocolar. O que nos leva a recordar a complexidade da organização de iniciativas como estas: Cimeira da Nato em Madrid, Conferência dos Oceanos em Lisboa, visitas de Estado e jantares oficiais, entre outras. Há uma multiplicidade de formas de se estabelecerem precedências, pois não é fisicamente possível ocuparmos todos o primeiro lugar. Já no código de Hamurabi se mencionava o critério da antiguidade (no cargo/funções), algo que tem por base o senso comum. Atribui‑se ao Marquês de Pombal o método ainda hoje utilizado para a ordenação do Corpo Diplomático, de acordo com a data e hora da entrega das credenciais ao Chefe de Estado do país de acolhimento. Longe vai o tempo em que a lista de precedências para as cabeças reinantes era fixada pelo Sumo Pontífice, que detinha igualmente o poder de reconhecer os Estados. Dentro de cada organização existem listas de precedências para as instituições, para os cargos, para os países, para as bandeiras… Como exemplo temos a NATO, um organismo internacional com regras de protocolo e precedências muito particulares, onde se usa a ordem alfabética dos países, na língua inglesa. Para os países membros da NATO, e os seus representantes, as suas bandeiras, tudo é ordenado desta forma. Next >