< Previouseconómica como os da Animação Turística e dos Eventos. Precisamos de uma definição clara da bolsa de horas individual e da criação de um quadro legal que permita o acesso dos jovens estudantes ao mercado de trabalho, sem serem penalizados. Médio longo prazo CUSTOS DE CONTEXTO O setor da Animação Turística e dos Eventos, no anterior governo, tinha de se articular com 12 tutelas, 308 municípios, 32 CIM e duas Regiões Autónomas. Só este enquadramento é potenciador de problemas de eficácia. Mas se a tudo isto se somar que, de acordo com a lógica de cada tutela, se criam leis e regras (que normalmente não têm em conta a globalidade, mas só uma visão corporativa e reduzida), múltiplas taxas e taxinhas (subvertendo a finalidade das taxas que é prestar um serviço essencial) e procedimentos burocráticos que nos fazem gastar muito tempo e recursos, temos um cenário complicado. Para além destas, sabemos que há muitas “guerras” de tutelas e desconhecimento entre si. É necessário articular todos estes “poderes” e, de uma vez por todas, transformar o simplex num instrumento de depuração de tudo o que impede o desenvolvimento económico. ORDENAMENTO SUSTENTÁVEL Este é o grande desafio. É muito importante rever os Planos de Ordenamento, incluindo os pilares da sustentabilidade, da transparência e da governabilidade partilhada entre o Estado Central, Regional, Local e as associações representativas da sociedade civil. António Marques Vidal Presidente da APECATE WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 70 ESPAÇO APECATE A INFLAÇÃO É UM PROCESSO DA ECONOMIA QUE EXISTE DESDE QUE HÁ TROCAS COMERCIAIS WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 72 OPINIÃO INFLAÇÃO: SETOR DOS EVENTOS VAI TER VÁRIOS COMPORTAMENTOS Antes de mais… Um economista é aquele que consegue prever o passado. Outra forma de dizer que, sendo uma ciência social, a economia vive do comportamento das pessoas e certezas não há. Um economista é aquele que também não dá certezas, afirma “por um lado isto”, “por outro lado aquilo”… Não se compromete porque é muito fácil errar. Por isso, qualquer semelhança com a realidade futura pode ser coincidência. O que é a inflação? A inflação é a subida generalizada dos preços causada pela redução da oferta (o que as empresas oferecem), um aumento da procura (os consumidores) ou pelo efeito combinado das duas. Como se elimina a inflação? A inflação é um processo da economia que existe desde que há trocas comerciais. Como processo, pode ser combatido para que se mantenha a níveis baixos, mas não eliminado. A realidade de inflação perto do 0 na União Europeia nos últimos 20 anos é uma exceção na Economia, causada por um controlo por parte do Banco Central da moeda e das taxas de juro. Quando é que este processo inflacionista que agora vivemos, começou? A pandemia teve duas fases: a primeira de completo lockdown, onde praticamente se deixou de consumir fora dos bens de primeira necessidade, e alguns setores da oferta fecharam. Não se assistiu a um processo inflacionista porque a oferta acompanhou a procura nos bens essenciais.Na segunda fase da pandemia, os consumidores começaram a dar sinais de voltar a consumir para lá dos bens essenciais. Nesse momento, a oferta, que em muitos casos deixou de existir, teve dificuldade em acompanhar no curto prazo. Os chips, os componentes automóveis, as matérias‑primas para a indústria e mesmo as empresas que as fornecem não são tão rápidas a reagir como os consumidores. Estes podem alterar comportamentos de um dia para o outro, mas a oferta não. Assim, no segundo semestre de 2021 começamos a assistir a um aumento de preços de um conjunto alargado de bens, causado por uma maior procura do que a oferta desses bens. E a Guerra na Ucrânia? A Ucrânia e a Rússia são grandes fornecedores de matérias primas agrícolas e, no caso da Rússia, de gás e petróleo. Sem esses bens, a União Europeia deixou de ter, aos preços anteriores, rações e alimentos para animais, cereais para consumo humano, fábricas de componentes eletrónicos, matérias‑primas energéticas, entre muitos outros produtos. E como exemplo da Economia Global, o peru que comemos vem de países como a Polónia que, neste momento, tem milhões de refugiados, gerando mais escassez. Ora, uma oferta ainda a levantar‑se da pandemia, com escassez de matérias‑primas e aumentos, muitas vezes de 100% ou mais de custos, é uma acha para a fogueira da inflação. É agora que chegamos aos eventos? Sim. Era importante referir as causas para compreender o presente. A inflação não é um fenómeno isolado. Os eventos e outros projetos relacionados deixaram de existir em dois anos, salvo raras e honrosas exceções. Com este cenário, muitos profissionais e empresas fecharam, mudaram de área, ou diminuíram as suas estruturas. A ausência de números neste setor para sustentar esta afirmação é uma nota importante, fruto de um segmento não regulado e invisível para a Economia. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 74 OPINIÃO Tal como no caso dos consumidores individuais, os clientes de eventos “acordaram” e começaram a fazer pedidos. Excelente. Mas a oferta não consegue reagir com a mesma rapidez e ainda hoje está a aumentar equipas, adquirir equipamentos e matérias‑primas. Isso não causa aumentos de preços por si? Nim. O mercado dos eventos tem um conjunto de fornecedores que ombreia com os clientes nas negociações e um conjunto alargado que, sendo muito menor do que os clientes que pedem, tem pouco poder negocial. Um venue, por exemplo, pode subir preços porque tem menos datas e muitos pedidos, o catering tem de subir preços, porque o custo da alimentação e deslocação aumenta, mas outros setores têm mais dificuldade em fazê‑lo. E como os clientes têm normalmente orçamentos definidos, a receita global pode não aumentar, mas o aumento de preços existe por força do custo por participante. E o que pode acontecer nos próximos meses? No setor dos eventos vamos assistir a vários comportamentos por parte da oferta causados por várias realidades, desde a escassez das matérias primas para a produção de material (merchandising, roll ups, flyers, banners, etc.), ao aumento dos custos de produção causados pela energia, combustíveis e alimentos (catering, custos de transporte, AV), quer pela ausência de profissionais qualificados que saíram deste setor e que, sem perspetivas, não voltarão. Isto leva a uma reflexão sobre a inflação: o setor trabalho é o mais penalizado, porque os salários normalmente não aumentam, nem no mesmo período, nem na mesma percentagem do que a inflação. Precisamente porque quem quer controlar a inflação quer controlar o consumo. Não falamos ainda das taxas de juro: empresas com tesouraria frágil terão de suportar custos de empréstimo cada vez mais elevados. É uma novidade em mais de 20 anos, mas quem tem mais alguns anos, recorda‑se de taxas de juro de 5%, 10%, ou mais. Agora existem políticas de contenção que não existiam, mas pode acontecer se a inflação não diminuir.Os eventos continuarão a existir em força. Os clientes que pedem eventos têm os seus orçamentos e estão a voltar às suas atividades comerciais “pré‑pandemia”. Portugal é ainda um país atrativo para a organização de eventos, ainda que se note uma oferta menos madura, e uma preparação “mais em cima” por força de pedidos de última hora. Poderão vir a ter menos pessoas por evento ou menos serviços para cumprir os orçamentos. Vou pela segunda. E os eventos sustentáveis? Durante a pandemia falou‑se em modelos híbridos de trabalho. Os grandes centros populacionais depressa recuperaram os níveis de trânsito e de fluxo de pessoas. Pouco mudou. A transição energética que se pretende ainda não tem sustentação. Quem tem um veículo elétrico, ou tem onde carregar na sua habitação, ou não tem locais públicos em quantidade para o fazer. Fala‑se no regresso ao carvão e de outras formas de obtenção de energia. Poderão existir eventos com uma maior preocupação pela pegada ambiental, mas serão exceções ou pela natureza da empresa que promove ou por uma ação de marketing. Para se realizarem eventos sustentáveis é preciso planear com mais tempo, ter recursos mais conhecedores e com foco neste ponto de parte a parte, e os eventos hoje realizam‑se com muitos menos tempo e recursos. As disrupções surgem por necessidade e, por muito que não o queiramos admitir, ela ainda não existe. A oferta dos eventos, ainda em ajustamento, terá um ano de 2023 com bastantes projetos, com necessidades de analisar margens e custos numa base mais próxima e com necessidades de recrutamento de profissionais da área. Quanto à inflação, não terá um travão imediato, porque o processo implica refrear o consumo, implicando perda de poder de compra. Nuno Seleiro Diretor da Asserbiz WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 76 OPINIÃO DESAFIOS DO PROTOCOLO ATUAL: DAS CERIMÓNIAS OFICIAIS AOS EVENTOS EMPRESARIAIS A APorEP tem novos corpos sociais e uma nova presidente da Direção desde as eleições em agosto deste ano. A equipa está já a desenvolver vários projetos, mas, como não poderia deixar de ser, as nossas JIP (Jornadas Internacionais de Protocolo), que vão na décima sétima edição, concentram agora todas as atenções. As XVII Jornadas Internacionais de Protocolo da APorEP vão realizar‑se no dia 29 de novembro de 2022, no Auditório CGD do ISEG, em Lisboa, sob o tema ‑ Desafios do Protocolo atual: das cerimónias oficiais aos eventos empresariais. João Bosco Mota Amaral abrirá os trabalhos com o tema “Protocolo e Sociedade Democrática”. Antigo Presidente da Assembleia da República e antigo Presidente do Governo Regional dos Açores, figura incontornável da nossa democracia, Mota Amaral apresentou, no âmbito do cerimonial do Estado Democrático, o primeiro projeto de lei sobre Regras Protocolares do Cerimonial do Estado Português, precursor da Lei 40/2006. Tendo por base os inquéritos feitos nas anteriores JIP foram desafiados alguns oradores para nos trazerem a sua experiência profissional e a partilha de casos reais e práticas utilizadas nas suas áreas de atuação. Gerardo Correas, Presidente da EIP‑Escuela Internacional de Protocolo e da OICP ‑ Organización Internacional de Ceremonial y Protocolo virá de Espanha para nos apresentar “Organizar eventos para comunicar”. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 78 ESPAÇO APOREP Protocolo autárquico é algo sempre solicitado em todas as JIP, tendo por isso sido convidado Alberto Laplaine Guimarães, secretário‑geral da Câmara Municipal de Lisboa, que irá apresentar o tema “Os desafios protocolares de uma cidade capital” O tema “O respeito e a boa utilização da Bandeira Nacional – que implicações?” será abordado por Fernando Braz de Oliveira, comandante da Marinha Portuguesa e por Eduardo Mendes, major da GNR, para o qual contamos com a participação de todos os presentes, numa troca de conhecimentos e experiências que se pretendem construtivos. “O que (não) se deve fazer numa sala de concertos? Os sete pecados capitais” será uma abordagem diferente do protocolo, apresentada por João Andrade Nunes, Diretor artístico do festival de música “Sons do Côa”. Na área da comunicação e imagem profissional teremos a presença de Irina Golovanova, especialista em comportamento e comunicação não verbal, com o tema “Pequenos gestos, grandes diferenças: o impacto da linguagem não verbal no dia a dia profissional” e de Fernanda Freitas, comunicadora, empreendedora social e antiga jornalista da RTP que nos trará um desafio: “Do que falamos quando falamos de comunicação?”. Os grandes eventos empresariais vão ser abordados por Teresa Byrne, profissional com grande experiência na área do protocolo e cerimonial para grandes eventos institucionais e empresariais. Francisco Pimenta da Gama irá apresentar “Cerimónias na Presidência da República”. Arquiteto de profissão dedicou grande parte da sua atividade profissional colaborando com a organização e montagem de várias cerimónias oficiais em locais como o Palácio de Belém. Os participantes destas JIP terão a oportunidade de fazer uma visita guiada à Assembleia da República, integrada no programa e organizada por grupos. A APorEP traz a estas jornadas assuntos de interesse para todos os que na sua atividade profissional ou pessoal se interessam por cerimonial, protocolo, comunicação, relações‑públicas e organização de eventos. Reserve este dia para participar nesta iniciativa. Isabel Névoa Tavares Presidente da APorEPNext >