< PreviousO júri é composto por 13 profissionais com reconhecido percurso na área dos eventos: Bernardo Corrêa de Barros (presidente do júri, Visit Cascais); Artur Junqueira (Ibersol); Carina Monteiro (TNEWS); Filipe Trindade (Centro de Congressos Alfândega do Porto); João Paulo Oliveira (Leading); Jorge Coelho (Ageas Portugal); Jorge Sousa (MainVision); Jorge Vinha da Silva (Arena Atlântico S.A.); Mariana Sousa Pavão (MPI Iberian Chapter); Pedro Ribeiro (Vila Galé Hotéis), Pedro Santos Costa (Prestígio For Brands); Sérgio Carvalho (Fidelidade) e Sofia Santos (APECATE). Depois da votação do público, o júri também irá votar e da ponderação global de público (20%) e júri (80%) sairá o vencedor de cada categoria, que será apresentado no Reinvent the event. A atribuição de prémios da primeira edição dos The Eventeers está integrada no programa do Reinvent the event, evento inteiramente dedicado às pessoas que trabalham na indústria dos eventos, marcado para 20 de novembro, no Centro de Congressos do Estoril. As inscrições para o Reinvent podem ser realizadas em www.reinvent.pt. O Reinvent the event ‑ endless evolution tem o apoio oficial do Visit Cascais. Centro de Congressos do Estoril, iMotion, Europalco, Clara Amarela Films, Yourimage, Padrão, Nuno Ramos Photography, Btrust, Hello staff, Eventsolutions by mad4ideas, Shakeit, WA Creative Agency, Palácio Estoril e NoMore são parceiros do evento, que conta ainda com a colaboração da APorEP, APAVT, APECATE, ICCA Iberian Chapter, MPI Iberian Chapter e Club.e dos Eventos. 20 WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM EM DESTAQUE “A INTERNACIONALIZAÇÃO ESTÁ INERENTE À MXM” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 22 GRANDE ENTREVISTA MAX OLIVEIRA “A MXM TEM TUDO PARA EXPLODIR” Fundador dos Momentum Crew, grupo que este ano cumpre 20 anos de carreira e que revolucionou o breaking em Portugal, Max Oliveira é um homem de vários ofícios. Além de liderar a ‘crew’, trabalha incessantemente para o sucesso do breaking nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, onde a modalidade se vai estrear. Em agosto, no Porto, organizou a The World Battle, uma das qualificações do breaking para os Jogos. Criou em 2012 a MXM, uma empresa de artistas e produções que atua no setor dos eventos. Quais foram os momentos mais marcantes do seu percurso profissional? Claramente, um dos momentos mais marcantes da minha vida foi irmos à finalíssima do “Portugal Tem Talento” [com a Momentum Crew], o que nos permitiu conhecer o Ricardo Pais e fazer a peça “al mada nada”, no Teatro Nacional de São João. Isso abriu‑nos imensas portas, especialmente no âmbito cultural e no âmbito cénico, já que as pessoas começaram a perceber que o breaking e aquilo que fazíamos tinha lugar num outro tipo de palco. A nível competitivo, há dois momentos históricos. Há o primeiro momento, em 2007, em que éramos completamente ‘underdogs’, totalmente desconhecidos, e fomos a um mundial ao Luxemburgo, com as melhores equipas do mundo, entre elas, os Estados Unidos, a França e a Coreia. E nós ‘limpámos’ toda a gente ‑ perdemos na final só para a Coreia, e por um ponto. Aquilo foi um choque para toda a gente e, a partir daí, começou logo a haver interesse de grandes marcas. O outro momento alto em termos competitivos foi em 2016, no mesmo ano em que Portugal foi campeão da Europa de futebol. Vencemos a França na final, em casa, em Marselha, no famoso Battle Pro, que é uma das maiores competições do mundo de grupo. A nível performativo creio que o facto de estarmos com o Luís de Matos, desde 2017, como b‑boys e responsáveis pela parte da dança. Sobretudo por ele ter apostado em breaking e b‑boys para o acompanharem no espetáculo ‘Impossível’. Este percurso com o Luís de Matos tem sido muito marcante, com uma mudança grande na carreira dos Momentum. E, por outro lado, a mim, Max, acho que é a evolução natural, orgânica, da própria empresa MXM, que me começa a colocar num trilho onde as pessoas, eu diria desde a última década para cá, têm percebido que o breaking é apenas uma das minhas ferramentas artísticas. E que eu sou um disruptor nato, positivo. Gosto de romper, mas a respeitar a essência, a génese. Na última década, a MXM está a tornar‑se conhecida por ser uma fábrica cénica de conceção de ideias próprias, que são utilizadas para muitos eventos, muitos festivais, muitos espetáculos, muitas apresentações, nos mais diversos âmbitos. E temos conseguido concretizar coisas que muitas pessoas consideram ‑ tal como o nome do espetáculo do Luís de Matos ‑ ‘impossível’. A MXM nasce em que ano? Em 2012. Nesse ano começámos com as produções. Outro dos marcos importantes foi quando começámos a produzir, de forma massiva, para os casinos do Grupo Solverde. Começámos a revelar em palco que não éramos apenas um grupo de dança urbana de b‑boys, mas começámos a aparecer com elencos, compostos por músicos, atores, figuras públicas, instrumentistas, artistas circenses. E o cross, a fusão dessas artes, juntamente com essa disrupção, que me está inerente, começou a criar um público, uma apetência, e as salas começaram a encher. E passado alguns anos comecei a ter várias opções de salas e várias opções de espaços. Hoje em dia, preciso de olhar com atenção para o calendário para saber onde é que estou na semana seguinte. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 24 GRANDE ENTREVISTA Neste percurso todo, houve alguém que o tenha inspirado? Imensa gente. Efetivamente, tornei‑me empresário não por vocação, nem por vontade, mas por consequência da idade, de não poder estar eu a competir para os Olímpicos. E isso foi‑me pondo no sítio certo, da forma certa. Portanto, tive inspirações da parte competitiva, por exemplo, do b‑boy Kujo. O facto de ser surdo traz um tipo de sensação e de interpretação da música que a mim me toca especialmente e adoro estudar com ele, aprender com ele. Os Momentum Crew inspiraram‑me imenso. Mais ligado à parte cénica e performativa, há imensos, especialmente no que diz respeito às artes performativas e cénicas mundiais, o caso de Pina Bausch. Há imensas companhias que sigo e em que me revejo. A Companhia Montalvo foi uma das primeiras. E Franco Dragone, que faleceu há pouco tempo, mas acho que, no sentido de produção cénica comercial, foi estratosférico. Ele começou como um artista de rua e eu também. Identifico‑me com isso, porque efetivamente também sobrevivi alguns anos a dançar na rua, com tudo de positivo que isso tem. Porque de negativo tem pouco, é só dor, dói o corpo, breaking na rua dói. As maiores inspirações, claro, a minha família, o meu pai. A minha mãe também, por vários motivos, mas o meu pai tem uma história de vida de super‑herói. Crescimento e internacionalização Qual é o peso dos eventos corporativos na atividade da MXM neste momento? Este ano vamos produzir seis reveillons para hotéis. Até que ponto isto é um corporativo? Sim, é para vender um espetáculo ao público, mas é uma empresa que nos contrata. São todos conteúdos próprios, é tudo tailor‑made para o cliente. Aliás, nós não repetimos nenhum reveillon para nenhum hotel. Se contarmos isso como corporativo, mesmo sendo com conteúdos próprios, mesmo sendo para objetivos de venda dessas mesmas empresas, aí eu diria que, neste momento, vale 80%. Se contarmos isso como aquisição de espetáculo, não corporativo, então, eventualmente, metade. E como é que vê a MXM evoluir daqui para a frente? Eu já a estava a ver imparável antes da pandemia, mas isso atrasou‑nos imenso, porque tudo o que nós fazemos é juntar pessoas. Se não acontecer nada estranho com o mundo, eu acho que a MXM tem tudo para explodir, para ser uma empresa que se mantenha em bons volumes de faturação todos os anos, e que tenha uma equipa sólida, a trabalhar, e com condições dignas. Vejo a MXM a crescer muito, mesmo. E sempre com base no Porto? A internacionalização é um objetivo? A internacionalização está inerente à MXM. Nós produzimos fora, produzimos para várias unidades hoteleiras fora, produzimos para o Comité Olímpico Internacional, fazemos eventos privados fora. E também produzimos muito para fora, cá dentro. Cada vez mais. Acho que a internacionalização é uma consequência. Ainda para mais há uma grande vantagem, o idioma que nós vendemos é global. É transversal. Nós vendemos um serviço que não precisa de tradução. Toca qualquer pessoa de forma direta, fácil de captar, e isso efetivamente é muito interessante. Essas barreiras também não existem para outros. O que é que vos torna competitivos na cena internacional? Qualidade a um valor mais baixo. Como diz um grande cliente meu, que trabalha connosco há uns 10 anos, que está agora baseado em Barcelona, “you WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 26 GRANDE ENTREVISTA always deliver more than we expect”. Ou seja, a capacidade de nunca falhar com uma vírgula e dar sempre mais do que eles contemplam. Nós cuidamos do cliente, o cliente cuida de nós. Lá fora não há muito esse hábito. É muito latino, é muito nosso. O sul‑americano é assim, o sul‑europeu é assim. Nós nunca vendemos nada que não seja possível concretizar, acima daquilo que estamos a propor. Somos, efetivamente, uma fábrica cénica. E uma fábrica cénica constante. E depois há outra vantagem: dou aulas em ensino especializado artístico. A cada ano tenho acesso a uma nova fornada de talento. E vou filtrando pessoas que nos interessam. A maior parte dos nossos clientes ficam surpresos com a nossa capacidade de, ano após ano, apresentarmos sempre coisas diferentes, artistas diferentes, novidades, fator uau. Gerir pessoas não é uma tarefa fácil. Como é que se descreve enquanto líder? Líder pelo exemplo. Acho que o melhor líder é aquele que tem capacidade de criar novos líderes. E é isso que eu pretendo, que na minha equipa haja muitos líderes. Quantos mais líderes eu tiver, e bons, mais relaxado poderei estar em relação a muita coisa. Com todos os meus defeitos e qualidades, trabalho muito. Toda a gente que colabora na minha equipa sabe perfeitamente. Como a minha família me ensinou: trabalhar duro e manter‑se humilde é o segredo para muita coisa. Quem não desiste e persiste sempre alcança. Podes não alcançar tudo, mas alguma coisa vais alcançar. E depois o respeito pelo artista e pelo atleta. Sinto muito na pele quando alguém, o que felizmente é raro, tem uma atitude menos correta com algum dos meus artistas. Dói‑me bastante e sinto muito aquilo porque,... efetivamente passei por isso. Eu passei toda essa discriminação. Tenho muito orgulho de ser o único espaço aqui na Foz, que eu conheça, se calhar há outros, que tem a bandeira LGBT. As casas de banho são para todos. É pet friendly, podem entrar cãezinhos, gatinhos... Acha que faz falta esse mindset no setor? Acho que há muita gente que fala, mas não aplica. E acho que as ações são mais importantes do que as palavras. Eu tenho os miúdos do Desporto no Bairro [projeto social] e nunca fui pedir à Câmara [do Porto] ou a outra associação para lhes oferecer as mensalidades aqui, por exemplo. Mas sinto isso como uma obrigação, porque os projetos sociais não podem terminar e os miúdos ficarem ao abandono. E se eu aceito aquele projeto, também tenho obrigações como mentor. Se calhar, há uma certa quantidade de pessoas, que só se apaixonaram por aquela modalidade porque eu lhes dei a conhecer a modalidade. A mesma coisa com o restaurante. Toda a gente sabe que este restaurante não nega a comida e a bebida a ninguém. Não é nada de outro mundo, mas um pão com queijo, uma sanduíche, uma água... aqui ninguém é rejeitado. Se me perguntares quantas vezes a minha esplanada foi assaltada ou importunada, não me lembro de o ser. Gastam‑se vários milhões de euros anualmente no policiamento do futebol juvenil, por causa dos pais e dos miúdos e da violência. No World Battle e World Series não há um polícia. Em 18 anos, nunca tive um incidente que necessitasse de policiamento. E estão ali a batalhar e a fazer gestos menos simpáticos com as mãos e tal. Nunca houve uma agressão. Não quer dizer que não haja, amanhã, mas nunca houve. Nunca houve pancadaria. A nossa modalidade [breaking] vem substituir a violência de forma orgânica. Quem recorrer à violência é realmente mal visto, ao contrário de outras modalidades. Ali, tens uma atitude dessas e ninguém te olha na cara. As pessoas vão perder o respeito por ti. Estas WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 28 GRANDE ENTREVISTA modalidades e estas tendências acabam por ser autorreguladores sociais. E acabas por colocar as novas gerações num trilho certo, com uma linguagem própria que eles entendem e que aceitam. O segredo por trás disto é apenas entender as novas tendências de comunicação, novas expressões de comunicação, novas formas de chegar até eles [jovens]. Isso coloca-o quase numa pole position para encarar os eventos no futuro? Não necessariamente. Nem todos os eventos têm esta génese subcultural. Ainda há muito evento tradicional clássico, ainda há muito evento formal. Tenho esta veia disruptiva, mas, muitas vezes, sou castrado. E das duas uma: aceito, porque preciso de trabalhar, ou não aceito... e sigo a minha vida só com quem me permite ser eu. Fui, ao longo da minha carreira, muitas vezes, obrigado a submeter‑me, a baixar a cabeça, a apertar a mão a quem eu não queria apertar, a dizer sim, quando queria dizer não. Porque preciso de manter viva esta estrutura e manter os projetos de pé. E, efetivamente, sou muito grato, muitas vezes, por ter que fazer o 1 mais 1 igual a 2. E sim, o 1 mais 1 igual a 2 é espetacular. Pelo menos vou fazer isso com brio, vou fazer isso bem feito. E pode ser que aquela pessoa perceba que se calhar 1 mais 1 pode ser 2 e meio, se quisermos. Pode ser 3, e não tem mal nenhum. Acha que os clientes têm cada vez mais medo de arriscar? Não, por acaso, acho o contrário. Acho que têm medo de arriscar, se calhar, em novas estruturas, novas empresas. Percebe‑se. Porque nem toda a gente trabalha da mesma maneira, nem toda a gente consegue concretizar da mesma forma. Há muitas pessoas que tiveram más experiências. Sinto que há cada vez mais uma liderança, de quem tem poder de decisão, mais aberta e mais jovem. E jovem não necessariamente em idade. Jovem na visão. Há pessoas com poder de decisão que, independentemente da idade, têm uma visão jovem do futuro dos eventos. Há tanta coisa para fazer...Next >