< PreviousOs meios audiovisuais deste espaço estiveram a cargo do consórcio composto pela AVK, Europalco, Audiomatrix e Altice. Foram montados 19 ecrãs de LED/700m 2 , desde o palco até à avenida da Liberdade, 35 Torres PA e 18 geradores. Media Center Estando o Pavilhão Carlos Lopes ao lado do Parque Eduardo VII, este foi o local escolhido para acolher o Media Center e os 5.000 jornalistas acreditados para a JMJ. Os meios audiovisuais deste espaço foram da responsabilidade da AVK. Os jornalistas puderam contar com 200 pontos de acesso ao sinal host vídeo (SDI e HDMI) com oito canais de áudio embebido (áudio original mais a tradução das cinco línguas oficiais do evento), áudio (XLR) também em qualquer uma das cinco línguas e internet por cabo. Havia ainda mais 200 postos com a acesso a áudio (XLR) e internet WiFi. Foi a partir do Media Center que foi feita a tradução simultânea de todos os principais eventos, assim como das conferências de imprensa que decorreram diariamente neste espaço. A interpretação em linguagem gestual portuguesa e internacional, que puderam ser vistas na JMJ TV e nos ecrãs de Led, tanto do Parque Eduardo VII como do Parque Tejo, foram feitas a partir do Media Center. Os jornalistas tiveram acesso em papel aos documentos oficiais, discursos e comunicados nas cinco línguas oficiais da JMJ e acesso digital a documentos, fotografias e gravações vídeo numa pasta partilhada. No Media Center, havia quatro zonas com iluminação e background JMJ para entrevistas e três cabines de rádio isoladas para entrevistas, uma para utilização exclusiva da Rádio Vaticano e duas que podiam ser reservadas pelos jornalistas. No Parque Tejo, houve um Media Center secundário, que funcionou apenas de 4 a 6 de agosto, em que os jornalistas tinham apenas acesso à internet. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 40 DOSSIÊ TEMÁTICO Parque Tejo: Campo da Graça A Pixel Light foi a empresa responsável pelos audiovisuais do Parque Tejo, tendo como parceiros: Faber Audiovisuals, Audiorent Clair, Potencialcabos, GAP, Loxam Hune, Heat Cool, Stagetec, Tapada Crew/World Crew, Storm/ PYN, Alerta Mar e Powersil. A empresa holandesa Faber instalou um total de 60 ecrãs de LED, das quais forneceu 50, no vasto recinto do festival com 3,1 quilómetros de comprimento e 328 metros de largura. O que somando deu aproximadamente 2.000 metros quadrados de LED. Devido à colocação estratégica dos ecrãs por todo o recinto, os peregrinos puderam desfrutar ao máximo das atividades no palco principal através destes ecrãs. Para Sérgio Pedro Antunes e Luís Duarte, gestores de projeto para JMJ 2023 da Pixel Light: “Com a magnitude e escala deste projeto, a única empresa que esteve na nossa mente desde o início foi a Faber. Desempenharam um papel importante no sucesso da Jornada Mundial da Juventude 2023 em Lisboa, com a sua experiência e conhecimento técnico. A implementação foi impecável, levando‑a a ser considerada na indústria como um recorde e uma referência em eventos de classe mundial.” [Ver entrevista ao CEO da Pixel Light na página 46) Com um projeto desta dimensão, o maior desafio foi sincronizar o áudio e o vídeo em todos os ecrãs. Como garantir que os sinais de vídeo e áudio chegavam ao público sincronizados? Este é um problema que, se não for resolvido, pode significar que estamos a ver o Papa a falar no palco, mas só se ouvirá o som muitos segundos depois. Isto é extremamente desafiador em eventos live. O Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Faber foi contratado para encontrar uma solução técnica e orçamental adequada, através do desenvolvimento de software específico. A ferramenta personalizada revelou‑se altamente adequada para a transmissão síncrona de vídeo e áudio a grandes distâncias. O TFC Flow – Total Facility Control foi a aplicação utilizada neste projeto, permitindo enviar e receber todos os sinais através de um único cabo de fibra ótica: áudio, vídeo, internet e intercomunicação. Uma fibra adicional serviu de backup ao lado da fibra principal. A NEP, da qual a Faber faz parte, desenvolveu a tecnologia. E foi a primeira vez que o TFC Flow foi usado nesta escala. Aqui fica um breve resumo dos recursos e meios envolvidos no projeto da Pixel Light para a Jornada Mundial da Juventude: ‑ 100 hectares de área envolvida ‑ 8 meses de projeto e execução ‑ + 400 técnicos ‑ 109 torres de áudio/1100 colunas L‑Acoustics ‑ 60 ecrãs vídeo/2700 m 2 ‑ 100 km de fibra ótica ‑ 5 km passa cabos ‑ 48 grupos de gerador ‑ 1000 projetores para iluminação ‑ 238 switches ‑ + 30 máquinas de movimentação ‑ + 50 camiões semi reboque A Auditiv foi a empresa responsável pela captação, amplificação e distribuição de som no palco do Parque Tejo. Esta distribuição incluiu a entrega de sinais ao Host Broadcast (RTP) em formato multipista e também para as 109 torres de delay espalhadas pelo recinto. Para isso, foi montado um sistema de dois loops Optocore com mesas e racks DiGiCo, e um terceiro anel para interligações entre os dois loops e o TV Compound. Todos os sinais foram transportados do palco em dispositivos Optocore ‑ alguns inseridos nas consolas DiGiCo, outros operando de forma autónoma. Os módulos Optocore foram amplamente usados para compartilhar e entregar sinais MADI por meio de switches Optocore M12 e um DD4MR‑FX adicional para troca bidirecional de sinais MADI entre as racks e o estúdio móvel. Daniel Bekerman da Auditiv afirmou: “Escolhemos a Optocore pela sua fiabilidade comprovada e ficamos totalmente satisfeitos com os sistemas e o seu desempenho”. Vítor Hugo Filipe Colunista da Event Point e consultor técnico de audiovisuais WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 42 DOSSIÊ TEMÁTICO EMPRESAS PORTUGUESAS MOSTRAM “CAPACIDADE EXÍMIA NA ORGANIZAÇÃO DE GRANDES EVENTOS” Lisboa serviu de palco para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e de montra internacional para as empresas portuguesas das mais diversas áreas que trabalharam no e para o mega evento religioso, realizado de 1 a 6 de agosto, e por onde terão passado cerca de 1,5 milhões de peregrinos. Foram muitas as empresas ligadas ao setor dos eventos que apoiaram a JMJ e uma delas foi a Meo Blueticket, que, “além do envolvimento na produção das credenciais de todas as equipas e peregrinos presentes no evento”, desenvolveram também “uma solução de credenciação 360º”. Segundo Jorge Vinha da Silva, administrador‑executivo da Blueticket, “depois de produzida, cada acreditação era ativada e enviada a informação de cada peregrino, bem como do grupo do qual fazia parte, para a app da JMJ 2023. Nesta informação, estava incluído o pacote de refeições dos vários peregrinos”. Durante os seis dias do evento, a Meo Blueticket “prestou também apoio operacional no Centro de Check‑in na Universidade Católica”. “Foi a primeira edição das JMJ em que todo o processo de acreditação foi efetuado de forma digital, o que implicou a integração em real time com vários parceiros”, sublinha Jorge Vinha da Silva. © Elsa Farto JMJ 2023 Participação na JMJ traz “visibilidade acrescida” A Meo Blueticket congratula‑se por ter tido “a possibilidade” de fazer parte “deste evento sem precedentes em Portugal”, que deu ainda ao operador de bilhética “uma oportunidade única” para “complementar o know‑how” que já tinham da área da credenciação. “Foi muito gratificante conseguirmos mostrar que é possível prestarmos este serviço de forma totalmente customizável à necessidade dos projetos e clientes”, afirma o administrador executivo da empresa que vende atualmente mais de sete milhões de bilhetes por ano, desde os grandes concertos e festivais aos espaços de visitação. Apesar de habitualmente estar ligada a eventos de grande visibilidade nacional e no estrangeiro, a Meo Blueticket admite que o facto de terem tido contacto “com várias entidades nacionais e internacionais e também com os peregrinos e equipas de todo o mundo” trouxe “uma visibilidade acrescida” à empresa, que acredita poder colher frutos desta participação na JMJ “num futuro próximo”. Tendo em conta “a complexidade e especificidade do projeto”, internamente, a empresa de bilhética teve necessidade de fazer “uma adaptação” na estrutura, com “a alocação de vários elementos quase a tempo inteiro”. A “parceria com a Innowave foi importante para darmos resposta à vasta lista de necessidades elencadas no caderno de encargos e que, além das soluções a desenvolver pela Meo Blueticket, incluíam a integração com outras plataformas”, sublinha Jorge Vinha da Silva, considerando que “mais uma vez se demonstrou que o nosso país tem uma capacidade exímia na organização de grandes eventos e que o sabe fazer com distinção”. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 44 DOSSIÊ TEMÁTICO “Crescemos todos ainda mais um bocadinho” A Palco e Bancada, especializada no aluguer e comercialização de bancadas e de palcos amovíveis, foi outra das empresas portuguesas da área dos eventos envolvida “em várias frentes” da JMJ 2023, “disponibilizando e montando vários tipos de equipamento, um pouco por toda a cidade” de Lisboa. “Na FIL, no Parque Eduardo VII, na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, no Passeio Marítimo de Algés, na Universidade Católica, em locais satélites ao evento e, claro, no recinto do Parque Tejo‑Trancão, onde descarregámos e montámos mais de oito galeras de 15 metros cada, repletas de equipamento que ficou residente durante o evento, ao qual demos assistência permanente”, explica Nuno Henriques, CEO da Palco e Bancada. A empresa com sede em Mafra foi também responsável pela construção de “alguns acessórios para resolver e facilitar a mobilidade de Sua Santidade, o Papa, na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos”, local onde instalaram um palco e rampas e onde tiveram também a seu cargo “todos os acabamentos e decoração dessas estruturas e preparação desse espaço para o evento”. Encarando o desafio da JMJ com “uma satisfação enorme”, a Palco e Bancada teve necessidade de fazer “alguns investimentos” e de “reorganizar as equipas internamente, por forma a correr tudo exatamente em conformidade” com o planeado. Trabalhando ao lado de clientes como a EGEAC, SRU Lisboa Ocidental, DGPC, Fundação JMJ Lisboa © Jesus Huerta JMJ 2023 2023 e Caminho Neocatecumenal, a empresa reconhece que a participação no evento religioso “obrigou a uma mobilização mais intensa”. Sublinhando que a Palco e Bancada “procura olhar para todos os eventos com a mesma atenção e com o mesmo foco, independentemente da sua dimensão ou visibilidade”, Nuno Henriques reconhece que a JMJ “obrigou” a empresa “a ser mais do que o somatório das partes”. “Foi disso mesmo que gostei mais neste projeto. Foi a entrega da nossa equipa e a forma como resolvemos as questões que surgiram (surgem sempre) e como crescemos todos ainda mais um bocadinho”, afirma o CEO. Em termos de faturação, os trabalhos para a Jornada tiveram “o impacto normal de um grande evento”. O reconhecimento do bom trabalho dos portugueses na área dos eventos foi, na opinião de Nuno Henriques, outro dos ganhos obtidos: “Temos, nas mais variadas áreas de eventos, profissionais muito experientes, pessoas com muito ‘know how’ acumulado, com muito conhecimento (teórico e prático), mas essencialmente capazes de resolver, fazer face a problemas sem pestanejar, com vontade de fazer acontecer, mas fazer acontecer bem. Acho que essa imagem passou para todos, dentro e fora, porque é verdade”. “Portugal tem capacidade para fazer e bem qualquer evento” A Pixel Light foi a empresa responsável pelo “fornecimento, montagem e operacionalização dos sistemas de áudio e vídeo através de uma rede de fibra ótica, iluminação e respetivo abastecimento de energia para o Parque Tejo‑Trancão”, tendo assim a missão de “levar o som e imagem ao milhão e meio de peregrinos espalhados pelos mais de 100 hectares do Parque Tejo‑Trancão com 60 ecrãs de leds e 109 torres de áudio”. Para Luís Duarte, project manager da Pixel Light, “todos os eventos são importantes” e cada um tem “as suas especificações”, mas o trabalho desenvolvido na JMJ assume especial importância “pelo desafio de ser único em todas as suas vertentes, não só na dimensão, mas também pela complexidade técnica e logística” a que obrigou. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 46 DOSSIÊ TEMÁTICO Reconhecendo que a participação no evento religioso teve impacto na faturação da empresa, Luís Duarte explica que a visibilidade conseguida foi “enorme, não só em Portugal, mas também internacionalmente”. O project manager da Pixel Light considera que a Jornada “foi mais uma oportunidade para mostrar que Portugal tem capacidade para fazer e bem qualquer evento, independentemente da sua dimensão e complexidade”. “Com o sucesso num projeto desta natureza e com a visibilidade que teve, os frutos recolhidos no presente e no futuro serão naturais, pois a Pixel Light ficará no seu portefólio como a empresa portuguesa responsável pela rede de distribuição do áudio e vídeo para um milhão e meio de pessoas na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”, acrescenta Luís Duarte. “Temos de abandonar a ideia de que ‘o que vem de fora é que é bom’” A Stagetec esteve envolvida “desde cedo” no projeto da Jornada “através das várias consultas lançadas para o evento”. Depois, na fase de execução, teve intervenções no Parque Tejo‑Trancão com “a construção de toda a estrutura e acabamentos do altar‑palco e ainda das estruturas de suporte aos audiovisuais espalhadas por todo o recinto ‑ torres de LED e áudio”. No Parque Eduardo VII, o trabalho da empresa passou pela “construção das bancadas para o público, entre outras estruturas”, e no Passeio Marítimo de Algés pela “construção do Palco Principal e torres de áudio no recinto”. Segundo Pedro Lopes, sócio‑gerente na Stagetec, a empresa teve de fazer ”alguns ajustes” para responder ao desafio da JMJ. “A exigência e dimensão do projeto bem como a sua sobreposição com os restantes trabalhos habituais a decorrer na mesma data, colocaram‑nos um grande desafio pela frente e a necessidade de reajustar os recursos humanos e logísticos da empresa. São as necessárias dores de crescimento das empresas”, explica. As “várias intervenções” da Stagetec no evento tiveram “um impacto positivo na faturação, acompanhado de um forte investimento em recursos materiais de forma a darem resposta às fortes necessidades técnicas do projeto”. Pedro Lopes sublinha que participar num evento “desta natureza e notoriedade marca sempre a história e currículo © Ricardo Perna JMJ Lisboa 2023 WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 48 DOSSIÊ TEMÁTICO de uma empresa” e que um evento desta magnitude é, “antes de mais, importante para o nosso país”. “Estamos satisfeitos com o sucesso alcançado e acreditamos ter a capacidade para poder continuar a participar neste tipo de eventos. O envolvimento neste tipo de projetos permite às empresas desenvolverem novas competências, constituindo uma base sólida para um crescimento sustentado, quer no mercado interno quer além fronteiras”, acrescenta. O sócio‑gerente da Stagetec acredita que “num curto‑médio prazo todas as empresas que participaram” na JMJ “terão um retorno positivo”, sublinhando que “a experiência e conhecimento, por si só, já constituem um forte ganho para o futuro”. Questionado sobre a possibilidade de a Jornada Mundial da Juventude ter sido uma oportunidade para as empresas made in Portugal mostrarem ao mundo o seu trabalho na área dos eventos, Pedro Lopes não tem dúvidas: “Precisamos, cada vez mais, de fomentar a ideia de que Portugal e as empresas portuguesas são eficientes e capazes de fazer e fazer bem. Temos de abandonar a ideia de que ‘o que vem de fora é que é bom’”. “O sucesso da JMJ 2023 foi mais uma prova de que em Portugal se faz bem e que também temos profissionais com competência e à altura de grandes projetos – é preciso acreditar nisto e valorar cada vez mais as pessoas e empresas”, conclui. © Bárbara Vitória JMJ 2023 Next >