< Previous“Se não tentares fazer diferente, não vais evoluir e vais ficar sempre com a dúvida de como teria sido.” Em sentido contrário, “penso que todos os profissionais da área já se viram em situações em que ‘mergulham’ num projeto, num briefing aberto sem orientação de budget, gastamos horas, mas estamos entusiasmados, pois se o ‘céu é o limite’ nós conseguimos lá chegar, e... o mais alto que conseguimos ir é à copa de uma árvore”. Ainda assim, ressalva, “não deixamos de trabalhar numa árvore vigorosa, com lindas flores, e o cliente acaba por colher o seu objetivo”. “Ninguém faz nada sozinho” Já com mais de duas décadas de experiência, Nuno Lamas vai somando momentos memoráveis. Entre eles, há vários hilariantes, como o que se segue. “Numa gala de entrega de prémios, uma assistente com quem trabalhávamos de forma regular tinha que, a dado momento, entregar um troféu à Mercedes Balsemão, para ela, por sua vez, entregar ao vencedor. A host introduz o prémio em questão, altura em que a assistente devia sair do backstage e levar o prémio. Eu passo‑lhe para a mão o troféu e, nesse preciso momento, ela desmaia.” A Nuno Lamas não restou outra solução que entrar em palco “com toda a normalidade” e realizar a tarefa. De referir, acrescenta, que a assistente sofreu uma quebra de tensão; foi prontamente assistida pela equipa da Cruz Vermelha no local e ficou bem. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 60 VIDA DE EVENTOS Tudo não passou de um susto. As coisas não correrem exatamente como planeado é algo que pode acontecer no universo dos eventos. “Por muito que tenhamos um plano b e c para algumas situações, há sempre aquelas coisas que nos fogem ao controlo. Felizmente, até hoje, os imprevistos não foram muitos e os que surgiram foram resolvidos”, frisa. Nuno Lamas lembra um evento no Terminal de Leixões, uma apresentação de equipa de rally e entrega de prémios. Os convidados já estavam no check‑in e no cocktail e a equipa técnica de Ana Moura estava a terminar o soundcheck, num piso diferente. “Eis que o ledwall que tinha sido utilizado durante a tarde, decide apagar‑se. No exato momento em que o cliente pede para iniciarmos o encaminhamento dos convidados para o piso do jantar...” Os técnicos puseram mãos à obra para tentar resolver o problema, o que acabou por acontecer, apesar da “correria desenfreada”. Tudo porque equipamentos do catering estavam ligados onde não deviam, apesar dos avisos da equipa... Quando terminam os eventos, Nuno Lamas gosta de agradecer a todos, sem exceção. Como não consegue comer no decorrer do evento, também gosta, no fim, de ir à cozinha e comer as sobras. No final de um evento para cerca de 1.500 pessoas, que decorreu na Sala Tejo, Nuno Lamas lá foi à cozinha. Já passava da meia‑noite, mas, antes de se sentar à mesa, era hora de agradecer à equipa do catering a sua contribuição. “A humildade, alguma vergonha, mas a alegria daquelas pessoas ao ouvir as minhas palavras foi algo único.” A proprietária da empresa de catering que trabalhou no evento, sua amiga, aproxima‑se “algo emocionada, dá‑me um abraço e apenas diz: ‘não sendo tão visíveis, não é normal eles ouvirem um obrigado do cliente. Ficam sempre esquecidos.’”, recorda. Por isso, e a finalizar, Nuno Lamas sublinha que “ninguém faz nada sozinho, o sucesso de um evento depende verdadeiramente de todos”. Maria João LeiteSÃO MAIS DE 20 ANOS A SOMAR EVENTOS WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 62 VIDA DE EVENTOS RITA JORGE “FOI AMOR À PRIMEIRA VISTA” Rita Jorge chegou à área dos eventos “um pouco por acaso”, mas percebeu, desde cedo, que era neste universo que queria trabalhar. Rita Jorge, da direção de produção da Essência do Vinho, conta que “foi amor à primeira vista”. “A minha formação universitária foi numa área diferente, mais vocacionada para a comunicação, mas, depois de ter feito um trabalho para a faculdade numa unidade hoteleira 5 estrelas, acabei por ir para lá trabalhar mal terminei o curso”, avança a profissional, que passou por “quase todos os departamentos do hotel, que, na altura, era o hotel 5 estrelas no Grande Porto com mais salas para eventos”. Nessa unidade hoteleira, “fazíamos de tudo um pouco, desde congressos médicos, reuniões de laboratórios farmacêuticos, estágios de equipas de futebol ou eventos sociais”. Não foi preciso muito para ter certezas... “Cedo percebi que era nesta área que queria trabalhar. Comecei a investir em formação mais específica e por aqui fiquei até hoje!” Depois da experiência no hotel, Rita Jorge passou por várias empresas da área da organização de eventos, “até chegar à Essência do Vinho, líder nacional na organização de eventos eno‑gastronómicos, onde estou há 12 anos”, frisa.“A diversidade, as pessoas, a concretização das ideias que começam no papel e que depois ganham vida nos eventos que produzimos” são os grandes fatores de motivação de Rita Jorge, que, desta atividade, gosta “da agitação, da falta de monotonia, da adrenalina da véspera de abertura e da gestão do imprevisto”. Os fatores que os profissionais não conseguem controlar, “como as condições atmosféricas nos eventos ao ar livre”, como exemplifica, pesam do outro lado da balança, a dos aspetos menos positivos desta atividade. “Das pessoas aos lugares, fica sempre algo para contar” É difícil escolher o evento mais marcante do seu percurso. Na dúvida, destaca dois. “Por um lado, o Euro 2004, pela dimensão, pela diversidade de equipas envolvidas, pela projeção internacional que teve. Por outro lado, o Peixe em Lisboa, um evento gastronómico super completo e dinâmico, que, do meu ponto de vista, foi pioneiro na área, mostrando a riqueza da nossa cozinha de mar e a mestria dos nossos chefes de cozinha”, explica. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 64 VIDA DE EVENTOS Quem está no terreno vê‑se, por vezes, perante situações, que, no momento, não parecem ter piada, “mas, quando olhamos depois de tudo ter passado, fartamo‑nos de rir”. Rita Jorge comenta que “ainda hoje acho engraçado um episódio do meu primeiro Peixe em Lisboa”. “Tínhamos vários chefes de cozinha convidados, portugueses e estrangeiros. Aqueles que não conhecia, pesquisava sempre a respeito, para saber um pouco do seu percurso e poder reconhecê‑los mal os visse pessoalmente. Não fiz essa pesquisa com um deles, que nos tinha enviado previamente a sua fotografia para efeitos de comunicação. Achei que seria suficiente. O que eu não sabia era que a fotografia era antiga e mostrava uma pessoa totalmente diferente da que eu estava a ver. Dirigi‑me ao seu assistente, pronta a quebrar o gelo e convicta que seria o chef, mas não era.” Rita Jorge conta que o assistente, “ainda mais atrapalhado” do que ela, “começou a fazer gestos e a falar quase em surdina para me dizer que estava errada, apontando para a pessoa certa”. Não sabe se o chef teria ficado satisfeito com a confusão, nem sequer sabe, até hoje, se o chef percebeu, mas continua “a achar piada à situação”. Rita Jorge avança com outra história engraçada; esta, mais recente, que aconteceu na Essência do Vinho Porto. “Antes da abertura do evento, fazemos sempre um briefing de explicação sobre o evento ao staff; como funciona, o que vai acontecer, o que podemos ou não permitir. À equipa que controla a entrada nas salas de prova informamos que só entram as pessoas cujo nome consta da lista de inscritos, membros da organização devidamente credenciados e os oradores.”Até aqui, tudo normal. Até que, durante uma dessas provas, liga o diretor da empresa. “Rita, fale aqui com o menino que está na porta da Sala do Tribunal, porque ele não me deixa entrar na prova”, cita. Rita Jorge estava perto e correu para perceber o que se passava. “Efetivamente, o nosso diretor não tinha a sua credencial e, como o rapaz que estava na porta não o conhecia, não permitiu a sua entrada. Achei piada à atitude e fiquei orgulhosa do seu comportamento, já que nem sempre conseguimos que cumpram as nossas indicações com tanta convicção.” Esta convicção deu frutos, já que lhe valeu “mais tarde, um estágio connosco e, hoje, é um dos membros da nossa equipa”. Da caixa de memórias fazem também parte aqueles momentos que podiam não ter corrido bem. “Felizmente, não posso dizer que algo tenha corrido mesmo mal, mas houve uma vez, num serviço de catering que fui fazer para o 50º aniversário de uma tradicional empresa nacional, em que a carrinha frigorífica avariou antes da última viagem e tivemos que levar o que faltava nos carros pessoais da equipa”, lembra. “Foi um risco grande, mas era isso ou a não realização de um evento para mais de 250 pessoas”. São mais de 20 anos a somar eventos, a guardar memórias, a acumular momentos memoráveis, e por isso “as histórias são imensas – das pessoas aos lugares, fica sempre algo para contar”. Como é natural, os primeiros eventos em cada área marcaram-na bastante. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 66 VIDA DE EVENTOS “Nunca me vou esquecer do primeiro serviço de catering que fiz, numa tenda enorme na Alameda do Estádio do Dragão. O que ia ser um jantar temático sentado para 500 pessoas, com uma super animação, acabou com quase 700. Era um jantar de lançamento de produto de um laboratório farmacêutico”, indica. O que aconteceu é que “cerca de 200 convidados ‘se esqueceram’ de confirmar a presença do acompanhante, mas ninguém se ‘esqueceu’ de aparecer. Claro que a tenda não esticava e aumentar assim quase 200 pessoas tornou‑se impossível”. E perante o desafio, a solução vestiu‑se de azul e branco. “A sorte foi termos o Estádio do Dragão ao lado, onde também fazíamos eventos. Tínhamos uma cozinha e material disponível. Do nada, tivemos que improvisar um jantar para mais 200 pessoas, num espaço diferente, tudo para não deixarmos o cliente sem resposta.” Outro evento “super especial” foi a primeira Essência do Vinho Porto. “Tive a sorte de ser a edição comemorativa do 10º aniversário. Estava na empresa há dois meses e fiquei logo com essa tremenda responsabilidade”, recorda Rita Jorge. “Além do tradicional evento no emblemático Palácio da Bolsa, fizemos uma gala na Casa da Música, com jantar, um concerto dos GNR e a entrega de prémios da nossa revista. Foi uma semana de muita tensão e emoção, mas correu da melhor forma”, remata. Maria João Leite“A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA PARCERIA” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 68 VIDA DE EVENTOS ROSA GONÇALVES PAULA “NA ÁREA DOS EVENTOS, TEMOS DE SER CRIATIVOS” Nos eventos, como cada cliente é diferente, é preciso ser criativo e procurar as melhores soluções para cada cenário. Esse desafio é também uma motivação para Rosa Gonçalves Paula. A criadora da Events Plan It explica como chegou até aqui. A sua experiência na hotelaria começou no segmento dos cruzeiros, dando apoio aos clientes e grupos internacionais a bordo. “No fundo, o trabalho de receber os clientes e os grupos e de os acompanhar no seu dia‑a‑dia dentro do barco e fora deste, em passeios e outras atividades”, esclarece. Quando mudou para o Algarve, há já alguns anos, organizava as festas dos seus filhos e outro tipo de eventos num grupo de hotéis e golfe dirigido pelo marido. “Percebi que não havia a quem nos dirigirmos para fazer um evento mais corporativo de A a Z. O foco das empresas de eventos eram casamentos e, falando com alguns DMC, percebi que, para este segmento, quase tudo vinha de Lisboa”, refere. Ao dar‑se conta desta necessidade, “e com o aumento do mercado de incentivos para o destino Algarve, decidi criar uma empresa com foco no mercado de eventos mais corporativos e institucionais, seja no apoio dos DMC, na organização de atividades complementares, jantares temáticos ou mesmo no lançamento de produtos”. Desta forma, nasceu a Events Plan It.Next >