< PreviousA ARTICULAÇÃO É ESSENCIAL WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 70 OPINIÃO O IMPACTO SILENCIOSO DOS BASTIDORES NA ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS MUNICIPAIS Nos bastidores dos grandes eventos que atraem multidões, a verdadeira magia acontece de forma silenciosa e invisível. Em Oeiras, onde a organização de eventos públicos é parte essencial da estratégia de desenvolvimento local, há uma equipa de profissionais dedicados e apaixonados que garantem que tudo corra com suavidade. Estes profissionais não recebem os aplausos nem estão sob os holofotes, mas sem este trabalho cuidadoso os eventos não seriam possíveis. PLANEAMENTO E GESTÃO: A COREOGRAFIA PERFEITA O processo de organização de eventos municipais é como uma coreografia bem ensaiada. Cada departamento da Câmara Municipal tem uma função específica, desde o licenciamento à comunicação e divulgação. A articulação entre estes elementos é essencial para o sucesso de um evento. Adicionalmente, a coordenação com parceiros externos e fornecedores, como empresas de catering, de produção audiovisual ou de montagem de estruturas, exige uma capacidade de gestão que, muitas vezes, passa despercebida ao público. A Câmara Municipal de Oeiras não só organiza eventos estratégicos para o desenvolvimento do concelho, mas também potencia iniciativas privadas em várias áreas, desde festivais de arte, como o World Press Photo, até grandes festivais de música, como o Nos Alive. Além disso, Oeiras é o palco da final da Taça de Portugal, reforçando a importância do desporto como parte da cultura local e como projeção nacional. É também importante destacar os eventos internos, como o Há Prova em Oeiras e o Nobre Gosto, que promovem a gastronomia e o enoturismo. Este último é único no país, dedicado exclusivamente aos vinhos generosos, uma tradição preservada através do vinho Villa Oeiras, um dos maiores embaixadores da enologia de Oeiras. Esta combinação de eventos culturais e gastronómicos reflete o papel dinâmico e estratégico da autarquia em projetar Oeiras como um centro cultural de referência. Neste cenário, são as interações entre a autarquia e os produtores que permitem transformar uma ideia numa realidade tangível. Uma pequena falha nesta cadeia pode causar um efeito dominó, colocando em risco o sucesso do evento. Por isso, é fundamental que as equipas responsáveis pela gestão destes bastidores funcionem de forma sincronizada e, acima de tudo, que se mantenham flexíveis e prontas para resolver imprevistos com rapidez. A GESTÃO DE CRISES: PREPARADOS PARA O IMPREVISTO Os eventos, por sua natureza, são repletos de variáveis e, como tal, inúmeras vezes, surgem imprevistos. Nos bastidores, as equipas precisam estar prontas para lidar com todo o tipo de mudanças ou contratempos, seja uma falha técnica ou uma alteração na programação de última hora. A capacidade de gerir crises rapidamente e sem perturbar a experiência do público é o que diferencia as equipas altamente profissionais. O nível de prontidão reflete‑se na fluidez do evento, que muitas vezes parece, para os olhos do público, perfeito e sem falhas. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 72 OPINIÃO REFLEXÃO PESSOAL: O VALOR DAS EQUIPAS INVISÍVEIS Tendo trabalhado anteriormente numa produtora de eventos, lembro‑me de estar focado na execução dos projetos, muitas vezes sem dar a atenção devida ao papel vital que as equipas das autarquias desempenham. Atualmente, trabalhando do lado da Câmara Municipal de Oeiras, sob a liderança do presidente Isaltino Morais e diretamente com a vereadora Carla Rocha, com quem tenho a oportunidade de partilhar e debater ideias de forma aberta, tenho uma perspetiva mais profunda sobre a importância destas equipas. É notável como, embora não façam parte da linha da frente, garantem a infraestrutura, as licenças e a logística que permitem o sucesso de cada evento. Como produtores, é fundamental termos esta consciência e considerarmos que o apoio invisível das autarquias é o alicerce que sustenta o trabalho dos produtores, facilitando a criação de experiências memoráveis para o público. CONCLUSÃO: UM APLAUSO AOS BASTIDORES Os eventos realizados pela Câmara Municipal de Oeiras têm um impacto significativo na comunidade e na economia local. Todavia, o sucesso de cada evento, na verdade, deve‑se aos profissionais que, nos bastidores, asseguram a harmonia, enfrentando os desafios e proporcionando uma experiência completa ao público. Estes profissionais invisíveis merecem ser reconhecidos e valorizados pelo seu papel essencial. Sem eles, não haveria espetáculo. E imaginem a vida, uma qualquer vida, sem o acesso a um qualquer espetáculo! Flávio Santos Adjunto Vereação Carla Rocha | Câmara Municipal de OeirasÉ INEGÁVEL O BENEFÍCIO DIRETO E INDIRETO DO TURISMO E DOS EVENTOS WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 74 ESPAÇO APECATE TURISMO CULTURAL E A ORIGEM DO TURISMO DE MASSAS A atividade turística surge do desejo e da vontade humana em conhecer mais, saber mais e descobrir mais sobre a sua existência e o seu meio ambiente. Hervé Barré, diretor da UNESCO no início dos anos 90, referiu em tempos que a primeira motivação humana para fazer turismo foi cultural. Remetendo para o que é considerado o início do turismo (Grand Tour), essas elites que viajavam meses no interesse em visualizarem as grandes obras da história pela França e Itália deslumbravam‑se na paisagem e sentiam esse enriquecimento cultural. Será justo, então, afirmarmos o turismo cultural como o princípio do turismo como hoje o conhecemos. Mas como se tornou ele num fenómeno de popularidade, num crescente humano dos destinos, contribuindo fortemente para o turismo de massas? Há diversos motivos que contribuem para esse efeito, mas, essencialmente, são a natureza humana para a descoberta, a necessidade de conhecimento, a afirmação social, o reconhecimento entre pares, a democratização da viagem e o desenvolvimento económico no mundo ocidental. A crescente classe média, com acesso facilitado aos destinos pelas diversas formas e meios, tem sido, em grande parte, responsável pelo crescimento do turismo. Tornou‑se acessível para uma grande parte da humanidade fazer turismo, bem como o desejo para tal tem sido incrementado e desenvolvido nas diversas formas de comunicação. É curioso observarmos a evolução dos interesses pessoais na aplicação de prémios ou ganhos pontuais, alguns anos atrás seria para uma casa, obras, um carro ou uma poupança, hoje é realizarem um sonho, uma viagem memorável, visitar o destino da moda, etc. Os territórios e as suas formas de gestão perceberam o fenómeno e na necessidade permanente do crescimento económico ‑ de realizarem mais obra para as carências locais ou simplesmente tentarem corresponder com anseios públicos ‑ vão explorar e usar técnicas de comunicação, marketing e eventos, atraindo o máximo de turistas. É inegável o benefício direto e indireto do turismo e dos eventos, nas suas mais variadas expressões – musicais, desportivos, culturais, religiosos, etc. ‑ nos destinos. No caso nacional, e em particular de alguns locais, tem sido a solução para a reabilitação urbana, reconstrução de bairros em estado de degradação e atualmente renovados, mas também na mitigação da desertificação do interior português. A quantidade de novos postos de trabalho, empresas e criação de dinâmicas locais contribuindo para uma efetiva melhoria das condições de vida dos residentes. Porém, há sempre uma face não tão positiva, nomeadamente, a especulação financeira, aumento rápido dos bens de consumo e imobiliários. Mas um dos maiores problemas é efetivamente cultural – a gentrificação dos destinos, a apropriação dos espaços dos locais por forasteiros, a potencial aculturação do destino e a pressão humana gerada por excessos de fluxos turísticos. O atual contexto reveste‑se de alguma complexidade e sensibilidade social; a influência dos meios de comunicação e das redes sociais causam um extraordinário impacto nas decisões. Assistimos a movimentos de revolta ao “excesso” de turismo, nalguns casos justificado, mas também a decisões políticas na gestão dos problemas com base nesse impacto mediático. Corremos riscos extremos na radicalização das decisões. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 76 ESPAÇO APECATE Todo este contexto afeta a perceção de qualidade e valor dos destinos e tem uma influência determinante aquando da decisão para a localização e realização dos eventos. Os organizadores de eventos sabem bem da importância de propor destinos onde o seu imaginário sugere um ambiente vibrante, enérgico, inspirador, seguro e sustentável. E, para isso acontecer, toda a cadeia de decisão com influência no território tem de o conhecer profunda e realmente, sem “achismos”. Mais do que nunca, a união associativa tem de ser demonstrada e assumida no setor, mas também os devidos estudos realistas e credíveis têm de ser a base de decisão. Defende‑se assim a necessidade de regulamentação séria e justa, onde a APECATE tem um papel fundamental e determinante. Lembremo-nos que os líderes locais são eleitos pelos munícipes e fregueses, tomando em maior consideração as suas opiniões, anseios e reclamações no momento da determinação dos seus atos. João Fiandeiro Santos Sócio-gerente da Caminhos da História Animação Turística Lda.CADA EVENTO É UMA OBRA DE ARTE INVISÍVEL WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 78 ESPAÇO APOREP A ARTE DO DIÁFANO NOS BASTIDORES DOS EVENTOS Nos bastidores dos eventos, onde os holofotes nunca chegam, existe uma realidade que poucas pessoas conhecem: a arte de ser invisível. A discrição é um dos maiores activos de quem trabalha na área, especialmente em ambientes como os ligados ao Serviço do Protocolo de Estado (SP), à gestão hoteleira, à gestão de eventos privados e até à gestão de relações institucionais. Nestes contextos, o velho ditado de que “temos dois ouvidos e uma boca, e devemos usá‑los nessa proporção” revela‑se uma sabedoria essencial. Trabalhar nos bastidores de eventos exige uma precisão quase cirúrgica, não só nas acções, mas também na postura. Existe um equilíbrio delicado entre a presença necessária para garantir que tudo corra de acordo com o plano e a invisibilidade desejada para que o evento em si brilhe. Lembro uma vez, agora com a distância do tempo, por isso, com graça, durante um evento de Estado, em que houve um pequeno percalço nos corredores de um dos palácios onde normalmente ocorrem os banquetes, em que havia uma clara falta de espaço para todos os músicos da banda que iria tocar o Hino Nacional e os seus instrumentos, o pessoal de servir e toda a palamenta. Nos bastidores, a tensão era palpável. No entanto, entre gestos rápidos e silenciosos, a equipa corrigiu a dificuldade antes que os convidados se apercebessem, demonstrando a essência da nossa função: resolver questões antes que se tornem problemas.Next >