< PreviousO QUE ACONTECE NUM EVENTO É REAL WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 40 DOSSIÊ TEMÁTICO REINVENT 2024: REALLY AUTHENTIC MEMORIES A 25 de outubro reunimos o setor dos eventos na 3ª edição do Reinvent the event. Um dia de partilha, de conhecimento e networking, que contou com a presença de mais de 650 profissionais da indústria. O Centro de Congressos do Estoril foi mais uma vez palco do Reinvent the event, um evento promovido pela Event Point, dedicado aos profissionais de eventos. Depois de, em 2023, termos feito a radiografia do setor, debatendo alguns dos principais assuntos na agenda, este ano optámos por escolher um tema principal, procurando subordinar a maioria dos conteúdos a esta matéria. Numa era em que é possível “falsear” tudo, em que proliferam as “fake news”, as realidades alternativas, a inteligência artificial, os eventos têm a capacidade única de criar memórias autênticas. “You cannot fake events”, dizia Colja Dams em entrevista à Event Point, e é bem verdade: o que acontece num evento é real e provoca emoções, memórias. “Really Authentic Memories” foi assim o mote da 3ª edição do Reinvent, que desta vez contou com a organização da Niu Brand Activation. Os curadores do Reinvent 2024 foram Nuno Santana (Niu), Manuel Vaz (Expanding), Sónia Brochado (Btrust), Paulo Silver (New Sheet) Diana Cunha (Centro de Congressos da Alfândega do Porto) e Gonçalo Castel‑Branco (Lohad). A eles coube a tarefa de, além de moderar os respetivos painéis, ajudar a Event Point na definição do programa e dos convidados. Além das sessões em plenário, as silent‑rooms, os pitches, na 3ª edição contamos com mais um formato, o workshop. Patrick Roubroeks, um dos O Reinvent the event – Really Authentic Memories contou com o apoio do Visit Cascais e Visit Portugal e teve como parceiros: Niu Experience Agency, Europalco, Imppacto, Centro de Congressos do Estoril, Adlib Strings, Anetours Travel Solutions, Btrust, CICET – FCVC, Delta, event solutions by mad4ideas, Evolution Cascais‑Estoril, Femédica, Food Design Lab, goodbag, HelioPromo, Hello Movement, Hotel Inglaterra, Interprefy, ISAG, LSM Audiovisuais, Maria Joana, Nuno Ramos Photography, Palácio Estoril, Pedaços de Cacau, Pestana Hotel Group, Shake It e Tiger Team. keynote speakers presente, juntou um grupo de 30 pessoas, que se inscreveram previamente na app, e explorou mais a fundo o tema da criatividade em eventos. Numa continuidade com o ano passado, a Live Sketching fez um mural visual do que foi acontecendo durante o Reinvent. A área de exposição é sempre uma das mais movimentadas do evento e nesta terceira edição houve um reforço na quantidade de soluções e serviços para eventos. 3cket, Embrace, Evolution Cascais‑Estoril, Flamingo Boémio, Flashmat, Immersiv Studios, Imppacto, Interprefy, ISAG, merytu, Palácio de Tancos, Quinta do Roseiral, RedDoor e Rinu foram os expositores que apresentaram as suas novidades durante o Reinvent. © Nuno Ramos Photography Workshop de Patrick Roubroeks WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 42 DOSSIÊ TEMÁTICO O apoio à comunicação do evento foi feito pela WA Agency – Agência de Marketing Digital e Publicidade. Revista Líder Magazine e Presstur – Notícias de viagens e turismo foram os media partners deste Reinvent, que contou com o apoio institucional da APECATE (Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos), APorEP (Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo), Capítulo Ibérico da ICCA (International Congress and Convention Association), Capítulo Ibérico da MPI (Meeting Professionals International) e Club.E dos Eventos. © Nuno Ramos Photography Nuno Santana, Cláudia Sousa e Rui Ochôa “A AUTENTICIDADE REAL NÃO EXISTE PORQUE TODOS TRABALHAMOS EM CONJUNTO” Na talk “From Inspiration to Creation” que promoveu no Reinvent, Patrick Roubroeks começou por defender que todos os dias “criamos momentos” e que “todo o processo criativo tem a sua origem em alguma coisa”. “Não nos lembramos dos dias, lembramo‑nos de momentos”, afirmou o fundador da Xsaga, citando o escritor e poeta italiano Cesare Pavese. Keynote speaker do Reinvent, Patrick Roubroeks, fundador e diretor criativo da Xsaga, a agência mais premiada nos Bea World, defendeu no evento que a autenticidade não existe e que as ideias devem ser utilizadas enquanto inspiração. © Nuno Ramos Photography Patrick Roubroeks WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 44 DOSSIÊ TEMÁTICO Num evento em que o mote foi “memórias autênticas”, Patrick Roubroeks disse que “a autenticidade real não existe porque todos trabalhamos em conjunto” e que todos “usam um bocadinho do talento de cada um”. Recorrendo a vários exemplos para demonstrar como se sente inspirado pela arte, o diretor criativo da Xsaga inverteu depois a ideia da frase “From Inspiration to Creation” e mostrou alguns dos trabalhos da agência que após serem criados passaram a servir de inspiração em todo o mundo. Patrick Roubroeks afirmou que “até os maiores criadores” adaptam, lembrando a versão que a cantora norte‑americana Beyoncé fez para ‘Blackbird’, tema dos Beatles. “Se Beyoncé, se os Beatles, se Bach não fossem inspirados por outras pessoas esta bonita arte não existiria”, reforçou. Na opinião de Patrick Roubroeks, “nada é original”, considerando ser normal “roubar de qualquer lugar que seja inspirador ou que dê asas à sua imaginação”.“Devorar filmes antigos, filmes novos, música, livros, pinturas, fotografias, poemas, sonhos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, sinais de trânsito, árvores, nuvens, massas de água, luz e sombras”, explicou. Patrick Roubroeks defendeu ainda que “não é de onde tiramos as coisas, é para onde as levamos” e que cada um deve “ser autêntico à sua maneira”. O algoritmo – ou, na verdade, os diversos algoritmos que existem em plataformas, redes sociais e até nas próprias marcas – é, muitas vezes encarado como o “bicho papão”, que dita o que se vê, lê, ouve e pensa. “A nossa capacidade de reagir e de não nos deixarmos influenciar pelo algoritmo está condicionada à nossa biologia e àquilo que somos e nós gostamos da validação e gostamos de coisas parecidas com as coisas que já gostamos. Por isso, aprender a não nos deixarmos ir pelo algoritmo e pelo bicho papão dá trabalho”, considerou Bernardo Caldas, que se assumiu, porém, como “um crente na bondade dos algoritmos e da Inteligência Artificial”. ALGORITMOS: MAESTROS OU PARCEIROS DE DANÇA? Uma revolução ou apenas uma ferramenta para criar melhores experiências? Afinal, a inteligência artificial é uma aliada ou uma ameaça à criatividade e à diversidade de escolha? O painel “Queremos dançar ao ritmo do algoritmo?”, moderado por Nuno Santana (Niu), com a participação de Bernardo Caldas (Mollie), Roberta Medina (Rock in Rio) e Tomás Froes (Dentsu Creative) debateu algumas das principais questões sobre este tema. © Nuno Ramos Photography Bernardo Caldas, Tomás Froes, Roberta Medina e Nuno Santana WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 46 DOSSIÊ TEMÁTICO Para Tomás Froes, “a Inteligência Artificial vai ser de facto uma revolução como foi a da televisão e a da internet e não apenas na área da comunicação, mas também na área da saúde, investigação, da ciência e da economia. Acredita, no entanto, que “uma boa ideia quebra o algoritmo”, apontando como exemplo a campanha do Turismo de Portugal em Times Square, que se tornou viral por si própria: “Correu o mundo. E porquê? Porque não foi a máquina a dizer‑me para eu ver, era toda a gente a dizer para eu ver e toda a gente a dizer a toda a gente para eu ver de uma forma que quebrou qualquer código de algoritmo pré‑pensado ou pré‑planeado. Quando ganha a experiência do evento quebra‑se qualquer código e qualquer algoritmo”. As experiências são, aliás, um dos pontos fortes do Rock in Rio e neste evento, garante Roberta Medina, os algoritmos são uma ferramenta, uma fonte de consulta e não mais do que isso: “Quando a gente olha para um para um line up de um festival, se for exclusivamente pelo algoritmo corre o risco de não vender nenhum ingresso”. Por isso, os seus eventos centram‑se, sobretudo, numa curadoria: “Nunca sairia nada diferente se não fosse pelo olhar do humano para o humano”, garante. O lado humano que é, também, essencial para que a experiência do festival seja vivida ao máximo: “Pode chegar no festival influenciado pelo algoritmo, a pensar em ver alguma atração, uma ativação de uma marca, mas quando chegar lá acabou, porque a potência da energia humana é tão mais forte do que qualquer coisa, é uma sensação muito estranha, como se entrasse num portal, num outro ambiente”. Uma ideia partilhada por Bernardo Caldas: “No final do dia são pessoas para pessoas. Eu costumo dizer que o truque neste mundo novo da Inteligência Artificial em que a máquina faz quase tudo melhor do que nós, aquilo que nunca vai fazer é ter a nossa capacidade de olhar para o mundo e dizer eu quero que aquilo seja diferente, eu quero ter uma ideia diferente, quero mudar aquilo”. Tomás Froes acredita que a Inteligência Artificial “não vai substituir nada”: “A AI não preocupa nada, essa só nos ajuda até a criar coisas inspiradas em qualquer coisa. A força da AI de que falámos – e vou simplificar – são milhões de Googles todos a funcionar ao mesmo tempo, o que nos faz ganhar tempo”.TRANSPARÊNCIA, SIMBIOSE E COMUNICAÇÃO Transparência, simbiose, cocriação, colaboração e comunicação foram palavras muito presentes na sessão ‘Os desafios da relação entre fornecedores, agências e clientes’, que contou com Joaquim Silva (Feeders), Luís Matos Chaves (Multilem), Ricardo Bonacho (Imppacto) e Sónia Brochado (Btrust) na moderação. O que se procura cada vez mais nos serviços de catering é cocriação, criatividade, personalização e customização, segundo Ricardo Bonacho, que lembrou que, depois, é a “componente financeira” que acaba por influenciar o resultado final, que pode ser mais criativo, diferenciador ou personalizado. Luís Matos Chaves referiu que os clientes querem “transparência na relação”, “flexibilidade e agilidade” e ser uma “parte ativa no processo”. E tudo isso obriga a que a sincronização entre a agência e o fornecedor seja “total”. Também Joaquim Silva entende que as cadeias de valor são hoje cada vez mais “pressionadas para responder mais rapidamente e mais agilmente; portanto, o papel entre todos é cada vez mais simbiótico”. © Nuno Ramos Photography Ricardo Bonacho, Luís Matos Chaves, Joaquim Silva e Sónia Brochado WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 48 DOSSIÊ TEMÁTICO E os desafios da relação entre fornecedores, agências e clientes, de acordo com o responsável da Imppacto, existem em três dimensões: comunicação, “para gerir as expectativas daquilo que vamos apresentar face àquilo que estão à espera que seja o nosso serviço”; prazos, “o prazo que temos para fazer propostas acaba por não ser nenhum” e quando se fala de comida é preciso tempo; e orçamento, “muitas vezes pretende‑se fazer omeletes sem ovos” e assim é difícil “ser criativo, inovador e sustentável”. Defendeu que o catering deve estar envolvido desde o início do processo. Para Luís Matos Chaves, o desafio é manter o “princípio de excelência”, num contexto de timings apertados e de clientes cada vez mais exigentes. Por isso, toda a cadeia de valor deve ter “disponibilidade e dedicação”. A retenção de talento é também um desafio e lembrou que, nesta área, são precisas pessoas com perfil e aptas para os picos de adrenalina, mas que também é preciso “compensá‑las adequadamente”. Afinal, “as pessoas são o maior ativo nesta indústria, portanto, temos de saber cuidar delas”. Joaquim Silva entende que “tudo se resume a timings, a tempo”; tempo esse que é necessário para procurar soluções disruptivas e sustentáveis. É preciso valorizar o tempo, que é “fundamental”. Em complemento, Luís Matos Chaves defendeu a utilização de ferramentas para que o tempo seja usado de “forma eficiente” e mais transparência nas relações. Outras ideias deixadas na sessão são que existe uma maior sinergia entre os players da indústria após a pandemia; que os briefings são tanto melhores quanto mais exaustivos forem; que quanto mais transparente, aberta e objetiva for a comunicação entre as partes, mais fácil será gerir as expectativas; e que a ética e a conduta dos parceiros são importantes, tal como a seriedade e a confiança.Next >