Portugal e o turismo cultural: uma receita de sucesso

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Nos últimos 10 anos, Portugal registou um crescimento constante a nível das chegadas internacionais.

Depois da interrupção forçada pela pandemia, 2022 foi um ano excelente que, segundo o Turismo de Portugal, esteve muito perto de atingir os recordes de 2019. E o futuro parece promissor. Qual é a receita de sucesso do país mais ocidental da UE? Quando penso nisso, há quatro ingredientes que me vêm à cabeça depois de alguns anos a trabalhar com parceiros portugueses.

Em primeiro lugar, a diversidade de produtos. Sendo um país relativamente pequeno, o património português é vasto e significativo. Os monumentos e palácios de Sintra, hoje visitados por milhões de pessoas, são um bom exemplo do vasto património que o país tem para oferecer, bem como locais mais pequenos como o Museu do Azulejo em Lisboa, onde os visitantes podem encontrar uma das raras imagens da cidade antes do terramoto.

Mas o turismo cultural português vai para além daquilo a que poderíamos chamar o cenário puramente cultural, sobretudo relacionado com a história e as artes. Numa definição mais antropológica de cultura, o enoturismo é uma motivação para muitos visitantes que escolhem Portugal, especialmente no Norte e na região do Vale do Douro. Além disso, a Madeira, o Alentejo ou o Algarve são ótimos exemplos de como estas dimensões mais amplas da cultura são grandes vantagens para Portugal. O país conta com uma variedade diversificada e competitiva de produtos de turismo cultural que podem rivalizar com gigantes mediterrânicos como a Itália ou a Grécia.

Em segundo lugar, a singularidade. Ao longo destes anos, aprendi que os portugueses são um povo orgulhoso. E têm especial orgulho da sua cultura. O fado é um bom exemplo disso. Ao contrário de Espanha, por exemplo, onde o flamenco (declarado Património Mundial Imaterial pela UNESCO, tal como o fado) é muitas vezes visto como algo turístico, o fado é muito valorizado pelos portugueses. Os organizadores de espetáculos de fado estão conscientes de que o seu produto tem de ser genuíno, o que acaba por criar experiências excecionais para os visitantes estrangeiros. Em Lisboa, exemplos como a Mesa de Frades ou a Associação do Fado Casto proporcionam experiências hipnotizantes que encantam tanto locais como turistas.

Em terceiro lugar, a acessibilidade económica. O dinheiro é um fator importante quando viajamos. Mesmo que os preços tenham aumentado nos últimos anos, Portugal continua a ser um país acessível em comparação com outros destinos da UE. A acessibilidade dos preços desempenha um papel vital na perceção de valor, e isso é extremamente importante para a recomendação boca-a-boca, que continua a ser uma ferramenta de promoção muito eficaz.

E, em quarto lugar, a qualidade – que, em Portugal, não é comprometida pela acessibilidade. Alguns dos nossos fornecedores portugueses estão entre os mais meticulosos que temos na nossa plataforma. Em geral, a paixão que os portugueses colocam nas experiências que oferecem é muito sincera: cada refeição, cada concerto de fado ou cada exposição são cuidadosamente pensados com uma dose generosa de amor pela cultura local.

Temos, assim, dois ingredientes extra que são igualmente importantes: amor e paixão pelo que se faz. Com a dose adequada de cada um, não é de admirar que Portugal tenha conquistado posições cimeiras nos rankings mundiais nos últimos anos, como foi o caso dos Remarkable Venue Awards do ano passado, em que 4 dos 7 vencedores a nível mundial foram portugueses.