Catherine Chaulet alerta que excesso de turismo também ameaça o negócio MICE
18-10-2024
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O excesso de turismo nas cidades é uma ameaça não só para as viagens de lazer, mas também para o segmento MICE, alerta Catherine Chaulet.
“O facto de as pessoas estarem tão contra o turismo em cidades como Barcelona é muito falado nos meios de comunicação e isso assusta os meeting planners”, começou por dizer Chaterine Chaulet, CEO da Global DMC Partners, em declarações à Event Point.
“Normalmente, na indústria MICE [reuniões, incentivos, conferências e exposições], os programas são desenvolvidos com dois anos de antecedência. Se os meeting planners começam a ouvir falar de problemas num destino, começam a afastar-se desse destino”, alertou a empresária.
Para Chatherine Chaulet, “os Governos dos países que sofrem de excesso de turismo não estão a prestar atenção suficiente aos municípios que sofrem deste problema, especialmente no lado financeiro da questão”.
“Os países adoram turismo, traz-lhes dinheiro, querem receber mais e dão as boas-vindas a companhias aéreas low cost, que trazem pessoas, mas a infraestrutura das cidades não está preparada para gerir estes fluxos”, alertou a empresária.
“Os residentes locais estão a sofrer com a expansão do alojamento turístico, que faz o custo de vida aumentar, mas também existe algo a que chamamos de fardo invisível, que é a gestão do lixo, a gestão da água, o proteger e respeitar a cultura. Isto não é tido em consideração em muitos casos”, frisou Catherine Chaulet.
“O dinheiro vai para os Governos e não necessariamente para os municípios. Se fizéssemos um PnL [análise de ganhos e perdas] dos municípios a nível de turismo, provavelmente mostraria prejuízos”, defendeu a CEO da Global DMC Partners.
Catherine Chaulet considera que as empresas do segmento MICE devem ser participar na discussão com os Governos para resolver a questão do excesso de turismo.
“Os países continuam a querer turistas, mas precisam de gerir o fluxo”, e as Destination Management Companies podem ajudar nesse processo. “Temos a capacidade de promover outros destinos nos países. Em Portugal, não tem que ser tudo em Lisboa, pode ser noutros locais. E pode ser em alturas diferentes do ano.”
“Penso que sensibilizar é o primeiro passo e depois veremos”, concluiu a empresária, que falou à Event Point na apresentação da Embrace, a nova identidade do Grupo Travelstore, que decorreu na Quinta da Pimenteira, em Lisboa, a 17 de outubro.
Luís Canto