IT&CMA: refletir sobre os impactos dos eventos nas comunidades
11-10-2023
# tags: Banguecoque , Tailândia , Eventos , IT&CM Asia , Feiras , Turismo de Negócios , Meetings Industry , Conferências
O impacto que os eventos podem ter nas comunidades foi um dos principais temas abordados na IT&CM Asia, que decorreu em Banguecoque, no final de setembro.
No contexto da conferência de abertura, dedicada ao impacto dos eventos de negócios nas comunidades, Supanich Thiansing, diretora do departamento Meetings and Incentives do Thailand Convention and Exhibition Bureau (TCEB), defendeu que os eventos de negócios trazem benefícios para as comunidades locais, não só em termos económicos, como sociais e ambientais.
Mas se, por um lado, os eventos podem deixar as suas marcas e contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade, por outro, estas podem ajudar na criação de um evento memorável. “As comunidades podem oferecer a experiência local ao próprio evento de negócio e podem também fazer parte da prestação de serviços, fornecendo um produto local ao organizador do evento”, referiu Supanich Thiansing, em declarações à Event Point, lembrando que isso pode gerar benefícios económicos para a comunidade. A responsável frisou que a TCEB apoia a sustentabilidade e que esta “não é apenas ambiental; combina também os fatores económico e social”.
A TCEB disponibiliza vários esquemas de apoio com base no tipo de eventos realizados na Tailândia: às reuniões e grupos de incentivo para o mercado corporativo; às feiras; às conferências para o mercado associativo… E uma vez que o convention bureau apoia a sustentabilidade, nas suas diferentes dimensões, “encorajamos os nossos organizadores a implementar as diretrizes de práticas de sustentabilidade nos seus programas”. Supanich Thiansing acrescentou que se os organizadores de eventos atenderem os critérios mínimos (como o tamanho do grupo, por exemplo) “poderão ser elegíveis para obter um subsídio financeiro”.
Estas ideias foram também deixadas por Supanich Thiansing no painel que se seguiu à palestra de abertura, intitulada ‘Connecting minds, Supporting communities’, na qual Bhummikitti Ruktaengam (presidente da Sustainable Tourism Development Foundation) deu conta da forma como os eventos e o turismo têm impacto nas comunidades locais da Tailândia. Entre os vários exemplos, deixou o de Phuket que pretende ser uma opção não só para o mercado de lazer, mas também para o dos eventos de negócios. Por reconhecerem as mais-valias deste segmento nas comunidades, a indústria MICE e os megaeventos fazem parte do plano de estratégias sustentáveis.
Comunidades prontas para ajudar a indústria dos eventos
Seguiu-se, então, a conversa entre Supanich Thiansing e Sumate Sudasna (presidente do TICA – Thailand Incentive and Convention), intitulada ‘Getting deeper with community connections’. Sumate Sudasna assumiu que há diferentes níveis de contribuição para o desenvolvimento das comunidades e que a contribuição da indústria MICE é grande.
De acordo com o presidente do TICA, há muitos organizadores de eventos que não conhecem as oportunidades disponíveis nas diferentes comunidades e é importante o setor ganhar consciência dos benefícios. Apesar dos desafios em alcançar destinos menos explorados, há formas de impactar a comunidade local de forma duradoura, também através da promoção do conhecimento e da formação, com o apoio a bolsas universitárias, por exemplo.
Supanich Thiansing frisou que o impacto positivo dos eventos de negócios pode ser duradouro a vários níveis, defendendo a importância das parcerias e adiantando que a TCEB ajuda os organizadores de eventos a integrarem-se nas comunidades locais, cujo potencial pode ser explorado.
O tema foi abordado também no segundo ASEAN MICE Forum, no último dia da IT&CM Asia, dedicado ao tema ‘Paving the way for embracing sustainability and empowering community’, com Dararat Simpattanawong (Kasetsart University) e Krisanee Srisatin (fundadora da Stream Events Asia). No encontro explorou-se a forma como as comunidades podem ser integradas no programa do evento: integrando a gastronomia, o artesanato e outros produtos locais é uma forma de apoiá-las. Mas há mais.
O painel defendeu que as comunidades estão prontas para ajudar a indústria dos eventos, não só em termos de produtos, como também através de atividades. Mas elas têm de perceber o que a indústria procura… No caso das comunidades que não têm estruturas para acolher um evento, há forma de as apoiar: levando as suas experiências e produtos ao evento, integrando-os no programa.
“Os cruzeiros são uma experiência memorável”
Ainda no primeiro dia de evento, realizou-se a conferência CruiseXchange by IT&CMA, com Crystal Campbell, corporate & incentive sales manager da Worldwide Cruise Associates, que abordou o regresso em grande do segmento dos cruzeiros e a forma como este pode acolher a indústria MICE, sendo uma forma atraente de criar experiências duradouras para os participantes.
No painel de debate com o tema 'A new way to meet', Thomas D. Hinton (presidente e CEO do CRI Global) garantiu que, a partir do momento em que um grupo entra no cruzeiro, tudo está tratado. “Não é preciso preocuparem-se com nada”, referiu, acrescentando que as operadoras podem personalizar as experiências. E o feedback dos participantes tem sido bastante positivo.
Além disso, um evento MICE num cruzeiro pode ficar bem mais económico quando comparado, por exemplo, com programas em resorts. Mas tendo em conta que há pessoas com receio de embarcar num cruzeiro, que há outras que não sabem nadar ou que têm medo de ficar fechadas, Thomas D. Hinton lembrou a necessidade de “vender” as atividades que lá podem ser realizadas. “Os cruzeiros são uma experiência memorável”, assegurou.
O painel contou ainda com a presença de Frankie Lie (diretor da Tri Wisata Andalan) e de Mona Foo (head of retail & corporate sales para Singapura e APAC da Royal Caribbean International), que, por seu lado, apontou as condições que os cruzeiros têm para a indústria, como auditórios e outras salas, e indicou que os programas podem ser personalizados.
Viagens de incentivo reforçam laços entre equipas
No primeiro ASEAN MICE Forum, promovido pela SITE – Society for Incentive Travel Excellence, Rajeev Kohli (joint managing director da Creative Travel e presidente da SITE em 2016 e 2017) partilhou a sua perspetiva profissional sobre uma pesquisa da SITE e da Incentive Research Foundation, que revelou divergências no que toca aos principais elementos da experiência de incentivos: as empresas querem laços de grupo e os participantes querem tempo livre ou tempo com os seus.
Na sessão ‘Conflicting objectives? What corporations want versus what qualifiers want from incentive travel experiences’, Rajeev Kohli apontou que as empresas querem reter talento, mas lembrou que, hoje, as novas gerações não se motivam apenas com recompensas monetárias. Um dos fatores de motivação são as viagens de incentivo, que moldam e refletem culturas, reforçam os laços entre as equipas e o próprio trabalho de equipa e ainda incentivam os participantes a celebrar os sucessos.
O evento contou com outras conferências, que abordaram temas como a descarbonização da indústria MICE e das viagens de trabalho, bem como o papel da tecnologia e da experiência do viajante; o passado, presente e futuro do turismo; ou como, abraçando a criatividade, as associações podem desbloquear todo o seu potencial.
*A jornalista viajou a convite da IT&CM Asia
© Maria João Leite Redação
Jornalista