Marcas avançam na adoção de tecnologias emergentes, mas há desafios

Entrevista

22-01-2025

# tags: Marcas , Ativação de Marca , Eventos , Tecnologia , Experiências

As marcas "estão a avançar na adoção de tecnologias emergentes", mas, de acordo com Maria Vilar, CEO da Immersiv Studios, há desafios.

“De forma geral, as marcas estão a avançar na adoção de tecnologias emergentes, como a realidade aumentada (RA), a realidade virtual (RV) e a inteligência artificial (IA). No entanto, o ritmo de adoção continua a variar bastante entre setores”, refere à Event Point a responsável da Immersiv Studios, que publicou recentemente o relatório ‘Tendências tecnológicas a redefinir o sucesso das marcas’.

Segundo Maria Vilar, em 2024, houve um “aumento significativo do investimento nestas ferramentas”, pela necessidade de dar resposta aos consumidores que valorizam experiências imersivas. Mas, “há desafios, especialmente em setores mais tradicionais, onde a hesitação e a falta de compreensão sobre o valor estratégico destas tecnologias são comuns”.

Portanto, por maior que seja a “vontade de inovação”, muitas marcas não sabem ainda “como navegar neste novo panorama digital”. E é aqui que a formação e uma boa estratégia se tornam fundamentais.

“O verdadeiro sucesso das marcas dependerá da sua capacidade de utilizar estas tecnologias para gerar valor real – seja ao criar experiências memoráveis que captam a atenção dos consumidores, seja ao otimizar operações para maior eficiência”, aponta, acrescentando: “As marcas que conseguirem aliar inovação e propósito estarão mais bem posicionadas para se destacar num mercado em constante evolução.”

As principais tendências em 2025


Para a criação de experiências imersivas, a RA, a RV e a IA destacam-se entre as tecnologias mais promissoras. “Em 2025, prevê-se uma democratização destas ferramentas, tornando-as acessíveis a marcas de diferentes tamanhos e setores”, conta Maria Vilar.

Mas há outras tendências emergentes: expansão do metaverso (“um canal que promete ser central para a interação entre marcas e públicos, especialmente junto das gerações mais jovens”); experiências híbridas (o ‘phygital’ combina “elementos físicos e digitais”); e gamificação avançada (“estratégias interativas e lúdicas que envolvem os consumidores de forma emocional e criativa”).

“Estas tecnologias melhoram a interação com o público e criam momentos inesquecíveis, fortalecendo a ligação emocional e a presença da marca na memória dos consumidores”, explica.

“Criar relações emocionais fortes é o que realmente diferencia uma marca”


A forma como as empresas operam e interagem com os seus públicos está a ser transformada pela integração de tecnologias imersivas, defende. “Ferramentas como a RA e a RV permitem criar experiências que vão muito além das interações tradicionais.”

Num evento, a RA “pode ser usada para criar provadores virtuais, permitindo que os participantes experimentem produtos de forma prática e envolvente”; a RV permite “criar universos totalmente imersivos”, onde é possível realizar “test drives virtuais”, por exemplo; e a IA pode “personalizar interações em tempo real, analisando as preferências e comportamentos do público para criar experiências únicas e relevantes”.

Certo é que “estas tecnologias transformam eventos e ativações em oportunidades de conexão genuína”, captando a atenção do público, criando experiências memoráveis e fortalecendo a relação entre marcas e consumidores.

Criar uma relação duradoura entre o público e as marcas é hoje uma prioridade. “Num mercado cada vez mais saturado, onde os consumidores têm inúmeras opções, criar relações emocionais fortes é o que realmente diferencia uma marca.” E as experiências imersivas são uma forma eficaz de alcançar essa meta. “Em 2025, espera-se que estas experiências sejam ainda mais personalizadas e acessíveis, graças ao avanço das tecnologias imersivas e da IA”, frisa Maria Vilar.

Captar a atenção do público e melhorar a experiência


Um dos desafios indicados pelo relatório da Immersiv Studios é a captação da atenção do público, que, num evento, exige “uma abordagem criativa e focada no envolvimento emocional” e a criação de momentos que liguem o público à essência da marca.

“Um dos fatores-chave é apostar na interatividade”. E ao transformarem os participantes “nos protagonistas da experiência”, tecnologias como a RA, a RV ou a gamificação permitem captar “a atenção de forma mais duradoura e envolvente”. A incorporação de “elementos inesperados ou momentos de surpresa” também podem contribuir para “manter o interesse e gerar impacto emocional”.

“Outro ponto crucial é estruturar o evento com experiências curtas, dinâmicas e impactantes”, aponta Maria Vilar, explicando que “sessões longas ou desorganizadas têm maior probabilidade de dispersar o público, enquanto conteúdos diretos e relevantes garantem maior conexão desde o início”.

O relatório indica também que as marcas devem melhorar em áreas como a comunicação, ativação de marca e experiências de retalho. Mas como fazê-lo? “Para melhorar a comunicação, as marcas devem focar-se em mensagens altamente personalizadas” e a IA pode “adaptar conteúdos aos interesses e necessidades específicas de cada público”.

Maria Vilar acrescenta que, na ativação de marca, “combinar storytelling emocional com tecnologias imersivas, como RA e RV, é essencial”, pois permitem criar experiências que captam a atenção, geram envolvimento e deixam uma impressão duradoura.

“No retalho, a integração de soluções tecnológicas, como provadores virtuais, vitrinas interativas e gamificação, é um excelente exemplo de como melhorar a experiência do cliente”, adianta. “No fundo, a chave está em integrar tecnologia e criatividade, colocando sempre o consumidor no centro de todas as experiências.”

“O mais importante é começar, mesmo que de forma gradual”


Hoje, ainda há marcas que resistem à integração de novas tecnologias. Para essas, Maria Vilar deixa um conselho: “o mais importante é começar, mesmo que de forma gradual”. E refere que “um bom ponto de partida é testar projetos piloto, que permitem experimentar as ferramentas, medir o impacto e ajustar a estratégia com base nos resultados obtidos”.

Maria Vilar indica outro ponto essencial: o investimento na formação das equipas, já que “quando as pessoas entendem o potencial e as aplicações das tecnologias, torna-se mais fácil integrá-las de forma estratégica e tirar o máximo partido delas”. Também trabalhar com parceiros ou especialistas “pode ajudar a implementar as soluções de forma mais rápida e eficaz”.

“No fundo”, afirma, “trata-se de dar pequenos passos na direção certa e, ao longo do tempo, ganhar confiança para adotar as tecnologias que fazem sentido para o crescimento e a relevância da marca”.

Para Maria Vilar, 2025 vai ser “marcado por avanços importantes na utilização de tecnologias imersivas e na personalização de experiências”. A Immersive Studios acredita que “a tecnologia será o principal motor para criar ligações emocionais duradouras e reforçar a posição das marcas num mercado em constante mudança”.

© Maria João Leite Redação