Cinco lições que podemos aprender com a reunião em Sitges do Capítulo Ibérico da ICCA

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No rescaldo da mais recente reunião anual do Capítulo Ibérico da ICCA , em Sitges, Barcelona, no início de março, há cinco lições que ficam.

A última reunião do Capítulo Ibérico da ICCA, presidido atualmente por Jorge Vinha da Silva, do Meo Arena, permite-nos retirar cinco lições importantes.

Uma. Estes encontros contribuem para construir um espírito de grupo, de família do trabalho. Se recuarmos alguns anos, é fácil recordar encontros não isentos de uma certa tensão: espanhóis a falarem com outros espanhóis, em espanhol, e portugueses a falar com outros portugueses, em português. A noção da diferença de dimensão entre os dois mercados, o português e o espanhol. E até a superação, pelos números, da representação espanhola, face à portuguesa. Tudo isto parecia somar-se, contribuindo para o tal ‘clima de tensão’. Passados vários anos – e muito graças à liderança generosa de Christoph Tessmar, presidente do Convention Bureau de Barcelona, continuada agora por Jorge Vinha da Silva, da MEO Arena -, esse sentimento parece definitivamente ultrapassado. Concorrentes continuam a ser concorrentes, independentemente do lado da fronteira em que estão, mas a colaboração existe e pode sempre aprofundar-se. Vive-se um ambiente descontraído, fraterno, e mesmo os rookies são rapidamente enquadrados nesse registo afável, familiar.

Duas. Pertencer a uma associação como a ICCA coloca nas mãos dos seus membros uma série de ferramentas que nem sempre são bem exploradas. Estas reuniões são um terreno privilegiado para relembrar esses instrumentos que estão à disposição dos associados. Estranhamente, ou não, a maioria dos participantes não conhece ou não tira habitualmente partido daquelas que são as opções que tem à disposição, seja na base de dados da associação – uma das maiores da indústria -, nos eventos de formação, nos eventos de networking e nos de troca de contactos entre associados sobre potenciais clientes.

Três. O conhecimento está muitas vezes dentro de portas. O Capítulo percebeu isso há vários anos, tentando que em cada reunião também os membros sejam os protagonistas de apresentações, conversas, partilhas de experiências. Lá está, entre pares do mesmo ofício, a concorrência é natural, saudável até, mas pode conviver perfeitamente com a partilha de ideias e mesmo de oportunidades de negócio.

Claro que há sempre espaço para um keynote speaker, como foi este ano o caso de Veemal Gungadin. O cofundador e diretor executivo da Gevme e responsável pela Spark é uma figura reconhecida no universo da tecnologia para eventos, sobretudo pela integração inovadora da Inteligência Artificial (IA) generativa [capaz de criar novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos] na organização e gestão de eventos.

Tesoureiro honorário da SACEOS - Singapore Association of Convention and Exhibition Organisers and Suppliers, desempenha um papel fundamental no reforço da comunidade de eventos empresariais na região. Gungadin fez ainda parte do Conselho de Administração e do Conselho de Curadores da PCMA - Professional Convention Management Association.

Veemal Gungadin deu vários exemplos de como usar ferramentas como o Gemini da Google. As aplicações são inúmeras, mas estes exemplos compreendiam desde a transformação de uma entrevista em vídeo, com um orador de um evento, num conjunto de posts para as redes sociais à criação de uma campanha promocional de uma conferência.

Curiosamente, a mensagem talvez mais interessante de Gungadin foi: ‘Doubt it’. Abraçar estas novas ferramentas, alimentadas pela IA, sim, mas duvidando e questionando sempre os resultados.

Quatro. A experiência de juntar mais do que um Capítulo em cada reunião anual. Desta vez foi o de França e Benelux. Há um ano tinha sido o do Mediterrâneo. A ideia é poder fazer encontros maiores, com maior diversidade, absorvendo aquilo que são as idiossincrasias de cada um destes Capítulos, para que todos os membros da ICCA beneficiem dessa partilha.

Cinco. A tendência de levar este tipo de eventos para destinos secundários só foi mais uma vez confirmada com a edição deste ano, em Sitges, na região de Barcelona. Esta foi a oportunidade para mostrar um destino com os seus argumentos próprios, e bastante competentes, mas que vive inevitavelmente ‘à sombra’ de Barcelona. Um dos principais venues escolhidos foi a propriedade da família Torres, uma das mais importantes produtoras de vinhos do mundo.

E se quisermos outro exemplo desta opção, o ano passado, quando a responsabilidade da organização recaiu sobre Portugal, a escolha foi Évora. E se continuarmos a andar para trás, muitos outros exemplos surgirão.

Este desafio de distribuir os eventos ao longo do ano e pelas diferentes regiões será comum a quase todos os países.

Com estas cinco lições concluímos o acompanhamento da reunião anual do Capítulo Ibérico da ICCA em Sitges, Barcelona, tendo a Event Point como media partner.

Rui Ochôa*

*Viajou a convite do Capítulo Ibérico da ICCA