Barcelona e Viena: Um caso de estudo em colaboração
01-09-2022
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As duas cidades, concorrentes pelos lugares cimeiros da ICCA, fazem bids em conjunto para eventos associativos.
Tudo começou há uma década, quando Christoph Tessmar se tornou diretor do Convention Bureau de Barcelona. Na altura, Barcelona e Viena já estavam a fazer algumas sales call nos Estados Unidos e na China e participavam, em conjunto, numa feira na Ásia. “Nesse início, conheci na IMEX 2012 o Christian Mutschlechner, o diretor do Vienna Convention Bureau, e houve grande empatia”, conta-nos Tessmar. Num jantar durante o evento surgiu a ideia: “Vamos fazer algo louco, algo diferente, completamente revolucionário; vamos tentar fazer biding juntos, trabalhar uma proposta similar para associações e tentar convencê-las a escolher ambos os destinos para os congressos vindouros”, recorda o responsável. “No momento pareceu uma boa ideia”.
Ideias disruptivas muitas vezes necessitam de uma grande dose de convencimento dos stakeholders. Até o management committee do Convention Bureau de Barcelona “pensou que eu era maluco”. “Viena era o destino nº 1, mas eu disse que essa era mais uma razão para esta poder ser uma boa ideia: ficava coberta a Europa do norte com Viena e a Europa do sul com Barcelona, havia um mix interessante para os delegados”.
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Validada a ideia, o próximo passo seria abordar os vários parceiros e os parceiros‑chave, neste caso, seriam os venues, “porque não podemos abordar um cliente sem uma proposta de um convention center para organizar um congresso”, refere o diretor do Convention Bureau de Barcelona. Mutschlechner falou com o Austria Center e a Messe Wien, e Tessmar reuniu‑se com a Fira de Barcelona e o CCIB -Centre Convencions Internacional Barcelona. “Os centros de convenções que contactamos gostaram da ideia e construímos rapidamente uma proposta. O mais louco aqui é que os venues tinham que partilhar as suas ofertas com os outros, porque as propostas tinham de ser no mínimo semelhantes, ou se possível iguais, para tornar tudo atrativo”, partilha com a Event Point Christoph Tessmar.
Decidiram abordar uma primeira associação. A discussão foi longa, mas no final confirmaram três anos em Barcelona, três anos em Viena, num sistema rotativo.
“Foi bom, outras associações ouviram esta história e tivemos mais reuniões com associações e confirmamos mais alguns congressos”. Nem todos escolheram o mesmo modelo. “Alguns escolheram Viena, Barcelona, e um terceiro destino, outros decidiram por Viena, Barcelona, e depois logo vemos. Mas pelo menos cinco congressos confirmamos”, refere Tessmar.
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Pós-covid e a necessidade de recomeçar
Entretanto, Christian Mutschlechner saiu do Convention Bureau de Viena e entrou um outro Christian: Woronka. “Começamos conversações com o novo diretor, mas o problema é que apareceu a covid e parou tudo”. Christian Woronka encontrou a iniciativa já feita, enquanto Mutschlechner foi um dos idealizadores. Vai ter de haver um período de adaptação, portanto. “O Christian vai ter de ver e viver o projeto para se tornar também uma paixão para ele”. Já em julho as duas instituições promoveram-se em conjunto, em Londres, e explicaram a clientes corporate e associações a história desta relação.
Uma relação que não parece muito evidente, mas é, segundo Christoph Tessmar. “Acho que as duas cidades são similares na forma como se comportam. São diferentes, mas o mood de ambos os destinos é semelhante, são atrativas, agitadas, populares. Viena mais a parte histórica, nós o sabor mediterrânico, mas também muita cultura”, refere, acrescentando ainda a boa relação entre as equipas dos dois destinos. “É uma questão de sentimento, amizade, criatividade, ter ideias de negócio muito claras, aliada à posição dos conventions bureaux, que são muito reconhecidos”.
Tessmar acredita que se “para o cliente no passado [a proposta] era atrativa, depois da covid é ainda mais, devido aos problemas financeiros e organizacionais. Ambas as cidades podem fazer duas boas ofertas”.
© Cláudia Coutinho de Sousa Redação
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