Do check-in à experiência: a tecnologia ao serviço do segmento MICE na hotelaria
24-04-2025
# tags: Hotelaria , Eventos , Meetings Industry , Hotéis
Um evento de sucesso já não se mede apenas pelo número de participantes, mas pela experiência que deixa para além do venue.
No universo MICE, vivemos uma transformação acelerada, onde a logística e os espaços já não bastam. O verdadeiro diferencial está na criação de experiências imersivas e memoráveis – experiências essas cada vez mais impulsionadas pela tecnologia. Enquanto diretora-geral de um hotel que aposta fortemente no segmento dos eventos corporativos, testemunho diariamente como a inovação digital se tornou essencial para acompanhar as novas exigências das empresas e dos profissionais que procuram os nossos espaços e as nossas soluções.
Os eventos híbridos e virtuais não são apenas uma alternativa: são uma realidade consolidada. Através de plataformas de streaming, webinars interativos ou ferramentas digitais de networking, é possível ampliar o alcance de qualquer evento, permitindo que participantes de diferentes geografias interajam em tempo real. Esta evolução tem alterado a forma como as empresas encaram a deslocação profissional, tornando os eventos mais acessíveis, sustentáveis e inclusivos.
Mas não é apenas no formato que a tecnologia está a causar impacto. A recolha e análise de dados, potenciadas por inteligência artificial, permitem um nível de personalização antes impensável. É agora possível antecipar preferências, ajustar conteúdos e até recomendar opções de viagem mais eficazes e económicas. Para nós, enquanto anfitriões de eventos corporativos e reuniões, esta capacidade traduz-se na oferta de experiências adaptadas a cada participante – desde a escolha do alojamento aos serviços complementares –, o que se reflete num aumento significativo da satisfação e da fidelização.
A gestão operacional também beneficia largamente da digitalização. Softwares integrados de gestão de eventos permitem centralizar tudo, desde inscrições ao catering, com maior eficiência e menor margem de erro. Estas soluções libertam tempo e recursos, que podem ser investidos naquilo que realmente importa: o conteúdo do evento, o contacto entre pessoas e a experiência dos participantes.
Além disso, tecnologias imersivas como a realidade aumentada e a realidade virtual começam a ganhar espaço nos eventos mais inovadores. Imaginemos uma visita virtual a um destino turístico como parte de uma conferência ou um jogo interativo para dinamizar pausas entre sessões – estas soluções não só cativam, como aumentam a retenção de informação e o envolvimento emocional.
E depois há a personalização, a palavra de ordem do momento e que a hotelaria bem conhece. Os participantes esperam itinerários à medida, comunicações dirigidas individualmente, experiências exclusivas. Neste cenário, os hotéis que utilizam a tecnologia para captar e interpretar dados dos seus hóspedes e dos seus clientes MICE conseguem antecipar necessidades e estabelecer relações mais robustas. No Outsite Mouco, por exemplo, procuramos cruzar e conciliar o tipo de evento que um cliente procura com as suas necessidades de alojamento, trabalho remoto, reuniões paralelas ou experiências de lazer.
Ainda assim, é importante sublinhar que a tecnologia não substitui a essência da hospitalidade. Pelo contrário, deve potenciá-la: é uma ferramenta ao serviço de uma indústria que sempre se caracterizou pela relação entre pessoas. Os hotéis são players importantes no segmento MICE, mas muitos ainda estão presos a uma realidade tradicional e conservadora dos eventos corporativos. O desafio para a hotelaria é conjugar inovação com autenticidade, eficiência com empatia, e estar a par das últimas tendências do mercado para continuar a aportar valor para os clientes que procuram experiências diferenciadoras. É precisamente aqui que está o futuro: na capacidade de usar a tecnologia para criar eventos mais humanos, memoráveis e impactantes.

© Inês Castro Opinião
Diretora Geral do Outsite Mouco