Tipos de protocolo em eventos
27-10-2023
# tags: Protocolo
Na organização de eventos, há dois tipos de protocolo que assumem particular relevância: o protocolo empresarial e o protocolo de Estado. Tendo em vista o sucesso de um evento oficial, as normas protocolares não podem nunca ser ignoradas.
O protocolo tem sofrido algumas adaptações ao longo dos tempos, sobretudo depois da pandemia de Covid-19. Gerardo Correas, presidente da Organização Internacional de Ceremonial e Protocolo, sublinha a mudança de paradigma em que vivemos e a necessidade do protocolo se adaptar a “este mundo novo”.
Protocolo empresarial nos eventos deve ser flexível mas nunca dispensado
De acordo com o especialista, o protocolo empresarial deve, cada vez mais, ser flexível e ter em conta a estratégia de um evento. Reconhecendo que os eventos são cada vez mais importantes para empresas e que são a principal ferramenta para passar os valores da marca, Gerardo Correas afirma que as agências de eventos “precisam de ser convencidas” quanto à importância de ter um especialista em protocolo que ajude, por exemplo, na gestão dos convites, na cenografia, na recepção dos convidados, no lugar que cada um deve ocupar, na execução dos eventos e na atuação do anfitrião.
Também Teresa Byrne, da Tbyrne Consulting, lembra que muitas vezes se acha que o protocolo não é necessário. A especialista em protocolo está convicta de que é importante “reinventar a forma como fazemos o protocolo” e que este deve ser mais simples e criativo, “sem nunca esquecer a essência”.
Normas do protocolo empresarial devem ser modernizadas
Jean Paul Wijers fundador da Protocolbureau, empresa que presta serviços para eventos com uma oferta diversificada de formação nesta área do protocolo, também concorda que o protocolo deve ser flexível e adaptável, “moderno e novo”.
“Embora saibamos as regras, elas devem poder ser mudadas e serem diferentes. Por exemplo, as pessoas do protocolo dizem: não se deve estar de pé com as mãos nos bolsos, e acho que isso é uma abordagem errada. Em algumas situações, talvez raras claro, até pode ajudar estar de mãos nos bolsos”, exemplifica o especialista.
Segundo Jean Paul Wijers, em termos de exigência não há grandes diferenças em fazer grandes cerimónias, com altos dignitários, e eventos corporate. “Claro que o rei tem uma carruagem dourada e uma coroa e o mundo corporate não tem isto, mas tem seating, sobretudo com propósitos de networking. Mais uma vez, o objectivo é diferente, mas há que ter regras do protocolo”, explica.
Protocolo oficial em eventos em linha com tradições e costumes do Estado
Embora também tenha de se adaptar a condições extraordinárias que possam surgir - como foi o caso da pandemia - o protocolo de Estado aplicado a eventos não é, nem deve ser, flexível como o protocolo empresarial, uma vez que obedece a leis.
Em Diário da República, o objetivo do Protocolo de Estado está definido como “o conjunto das regras que devem regular o cerimonial, a etiqueta e pragmática de acordo com as práticas internacionais vigentes e as tradições e costumes do Estado Português”.
Isabel Amaral, presidente emérita da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, explica que “o cidadão comum associa o protocolo a situações solenes e um pouco teatrais, em que pessoas com aspecto importante e trajes formais parecem obedecer a uma marcação pré- estabelecida, que evita, quando evita, atropelos, precipitações e choques”.
Protocolo de Estado é diferente de cerimonial de Estado
De acordo com a especialista, “a expressão protocolo aplica- se ao ordenamento e organização dos atos das instituições oficiais, ou seja, do protocolo oficial. Esse protocolo de Estado implica normas, legislação e regras, que só existem no âmbito oficial”.
Tomando como exemplo a atual presidência da República, Isabel Amaral esclarece as diferenças entre protocolo de Estado e cerimonial de Estado, esclarecendo que este último “passou a ter menos pompa e menos circunstância” com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
“O protocolo é o conjunto de normas e documentos legais que regem os procedimentos das cerimónias oficiais enquanto o cerimonial é a forma como estas cerimónias são encenadas, variando ao sabor dos tempos e das circunstâncias”, resume a líder emérita da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo.
Quebrar o Protocolo de Estado é contrariar a lei
A expressão ‘quebra de protocolo’ é hoje amplamente ouvida. Segundo Isabel Amaral, o protocolo não deve ser quebrado, “para não contrariar a lei, pondo em causa as instituições e a boa imagem do Estado. Mas o cerimonial pode e deve ser flexível”.
Isabel Amaral exemplifica: “Quebra- se o protocolo quando se contraria o que está legislado. Quando um empresário organiza uma cerimónia de inauguração e não observa a lista de precedências determinada pelo artº 7º da lei nº40/2006, ordenando mal as autoridades presentes está a quebrar o protocolo. Ou quando um governante não trata a bandeira nacional como um símbolo pátrio e a transforma num pano, está a contrariar o que está disposto no decreto- lei nº150/87, de 30 de Março, e a quebrar o protocolo. Erro que o nosso Presidente [Marcelo Rebelo de Sousa] nunca comete por ter passado a usar o pavilhão presidencial para descerramento de placas em cerimónias por ele presididas”.
De acordo com a especialista, “temos de aplicar as normas adaptando as regras às circunstâncias e à personalidade das autoridades que vão estar em determinada cerimónia. Há uns anos não havia cerimónia sem uma mesa de presidência, hoje é raro encontrarmos um palco com essa mesa, preferindo as autoridades ficar sentadas ou na primeira fila da
plateia ou em cadeirões no palco, assim diminuindo a sensação de distância entre eleitos e eleitores”. “O protocolo é a norma e o cerimonial é a forma”, sublinha.
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