Wine and Travel Week: afirmar Portugal como destino de excelência de enoturismo

Entrevista

17-02-2023

# tags: Enoturismo , Turismo

Durante uma semana o enoturismo vai estar em destaque no Wine and Travel Week.

O Wine and Travel Week vai reunir na cidade do Porto o mundo do enoturismo. Os números do evento são impactantes: 150 compradores internacionais, 100 expositores, 50 líderes de opinião, 10 países representados, 40 tours profissionais pelas sete regiões de turismo portuguesas.

O evento, que decorre de 20 a 26 de fevereiro, inclui uma feira profissional, que vai decorrer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto (21 e 22), em paralelo com um Fórum Internacional sobre sustentabilidade económica, social e ambiental da indústria do enoturismo. Do programa consta também a realização da Essência do Vinho, no Palácio da Bolsa, de 23 a 26 de fevereiro. O evento é uma iniciativa de a Essência, Co. com os apoios do Turismo de Portugal e da Great Wine Capitals. Para nos contar mais sobre o projeto, conversamos com Nuno Pires, fundados da Essência do Vinho.

Qual é o objetivo e conceito do evento?

Criar um evento distintivo, de escala internacional, afirmando Portugal como destino de excelência e como o ponto de encontro anual do enoturismo mundial.

O conceito é inovador pelo posicionamento que afirma, pela aposta em locais emblemáticos para a sua realização e pela associação que promove a quatro grandes eventos, nomeadamente: uma feira profissional associada a reuniões B2B, um Fórum dedicado à Inovação e Sustentabilidade, um conjunto de Experiências no Porto e nas sete regiões de turismo de Portugal e o Essência do Vinho – Porto, considerada a principal experiência do vinho em Portugal.

Cada um dos eventos decorre em espaço icónicos e reveladores da identidade de Portugal, apresenta programas diferenciadores em termos de ações e experiências, e tem audiências diversificadas. É esta complementaridade que o torna apetecível e o transforma num evento único, num ponto de encontro para a realização de negócios e apresentação de marcas e projetos, mas também para o intercâmbio de experiências e reflexão em torno de preocupações que atravessam o mundo do enoturismo. Por outro lado, a diversidade de experiências proporcionadas em Portugal e a concentração em mais de 10 países, todos eles emblemáticos destinos de enoturismo do mundo, reforça o poder de captação de compradores e jornalistas.

Quais os destaques do programa e que tipo de experiências vão ser proporcionadas aos participantes?

No âmbito da feira profissional, para além da promoção de reuniões B2B pré-agendadas pelos compradores, o destaque vai para multiplicidade de ações que favorecem contactos formais e informais entre profissionais. Assim, a título de exemplo, destacamos um palco central na área dos expositores para a apresentação de projetos e marcas ou lounges e áreas de restauração exclusiva com experiências eno-gastronómicas que promovem diferentes rotas/destinos de enoturismo. No caso do Fórum, a qualidade de projetos apresentados e a sua abrangência geográfica e temática, com protagonistas que são verdadeiras lendas do enoturismo e do vinho, como é o caso de Susana Balbo, da Argentina, ou projetos estruturantes como é o caso da Cité do Vin em Bordéus. Outro dos pontos fortes deste evento são os programas definidos para as visitas às regiões de turismo portuguesas, sempre trabalhados numa ótica de cross selling, ou seja associando o enoturismo a outros factores de atratividade de cada uma das sete regiões portuguesas. Por último, a internacionalização do Essência do Vinho – Porto foi também um factor de reforço e, sobretudo, uma garantia de qualidade.

Quais foram os principais desafios em montar um evento desta dimensão?

Marcar a diferença face ao que tem sido feito até hoje. Criar um evento global, capaz de atrair profissionais de diferentes áreas deste segmento de turismo, que assumisse uma dimensão internacional, quer do lado dos expositores, quer do lado dos compradores e jornalistas, e ao mesmo tempo mostrasse a excelência dos destinos de enoturismo portugueses, posicionando o nosso país entre os melhores.

Que medidas estão a ser implementadas para tornar o evento mais sustentável?

Racionalidade e utilização de materiais recicláveis e reutilizáveis, sistemas eficientes de energia, como por exemplo o recurso a iluminação LED, opção por produtos locais, orgânicos e sazonais, acessibilidade e optimização dos circuitos locais, contatração de prestadores de serviços locais.

Foi fácil captar compradores internacionais?

Não há tarefas fáceis, mas a motivação de uma equipa multidisciplinar, a experiência adquirida ao longo de anos na produção e promoção de eventos, o reconhecimento conquistado ao longo de décadas em mercados internacionais, o empenho e a confiança dos parceiros e dos apoios granjeados foram fundamentais.

Por outro lado, o valor da marca Portugal, o reconhecimento internacional expresso em prémios e distinções como “melhor destino do mundo” em diferentes segmentos de turismo, e a excelência afirmada no setor do turismo e do vinho foram também cruciais. Portugal é um país reconhecido pela arte de bem receber e, cada vez mais, pela arte de bem fazer, apresentando excelência em setores muito diversos, seja ao nível das indústrias transformadoras, como a cortiça ou o papel, da moda, com o têxtil e o calçado ou do agro-alimentar. A diáspora portuguesa, cada vez mais qualificada, é também uma mais valia, como o são todos os protagonistas de renome internacional nas mais diversas áreas, desde a literatura ao cinema, passando pelas artes plásticas, performativas, arquitetura e design, ciência e investigação, gastronomia, desporto, novas tecnologias, entre tantas outras.

O que torna este um evento diferenciador?

O seu posicionamento, a sua dimensão internacional, a diversidade e número de ações promovidas, cobrindo todo o território nacional e evidenciando experiências assentes na identidade, cultura e história de Portugal. A qualidade que está subjacente a todo o evento.

Considera que Portugal deveria apostar mais no enoturismo?

Sim, aliás reconheço e agradeço todo o trabalho e investimento que Portugal tem feito ao longo dos últimos anos na sua promoção. O enoturismo é de facto estratégico e uma prioridade para Portugal, considerando que se está a reconhecer e a valorizar o seu papel como um dínamo para a criação de valor, para a construção e preservação de paisagem, para a proteção e promoção da biodiversidade e da sustentabilidade económica e social. O enoturismo é uma das bandeiras e marcas de Portugal.

Que expectativas tem para 2023 relativamente a este segmento?

Muito positivas. Do lado dos mercados emissores continua a haver um interesse notório e uma procura crescente deste segmento, pois para além de assentar numa oferta de qualidade, permite ao turista uma vivência diferenciada do território através da diversidade de experiências que proporciona e pela articulação que permite com outros pontos de interesse e/ou visita. Do lado do destino, a oferta de enoturismo cobre praticamente todo o território nacional, e apesar das dificuldades relacionadas com a mão de obra, tem vindo a registar uma qualificação crescente, com diversificação de operadores, de produtos, de equipamentos e serviços ligados a este segmento.

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação