Liderança no turismo: a necessidade de ser um idealista pragmático
28-10-2024
Não há muito tempo, numa conversa sobre gestão política, empresas, liderança e impacto, falei com uma amiga sobre o idealismo pragmático.
Simon Sinek tem uma citação que demonstra bem esta questão: “O pragmatismo puro não consegue imaginar um futuro audacioso. O idealismo puro não consegue concretizar nada. É a mistura delicada de ambos que impulsiona a inovação.”
Pode ser uma encruzilhada filosófica. Mas acredito que estas duas posições não estão necessariamente em conflito. Em vez disso, podem complementar-se numa abordagem equilibrada.
Liderança no turismo: idealismo e pragmatismo
O turismo, como indústria global, tem o potencial de criar mudanças positivas significativas, promovendo o intercâmbio cultural, o desenvolvimento económico e a conservação ambiental. No entanto, liderar neste setor requer um delicado equilíbrio entre idealismo e pragmatismo.
O poder do idealismo pragmático
Idealismo na liderança do turismo significa manter os mais elevados padrões éticos e lutar pela sustentabilidade, preservação cultural e interações éticas. Trata-se de acreditar na possibilidade de um mundo melhor e trabalhar para alcançar essa visão. No entanto, o idealismo puro pode muitas vezes ignorar as restrições práticas e as realidades económicas da indústria.
O pragmatismo, por outro lado, enfatiza o ser prático. Envolve tomar decisões que equilibram a viabilidade económica com responsabilidades éticas a longo prazo. No entanto, o pragmatismo puro pode carecer do impulso visionário necessário para inspirar mudanças significativas.
O conceito de idealismo pragmático liga estas duas abordagens. Trata-se de misturar altos padrões éticos com estratégias práticas e exequíveis. Esta abordagem não se trata apenas de sonhar alto, mas também de implementar esses sonhos de forma viável e sustentável.
Algumas características desta liderança são:
A. Visão fundamentada
É aquela que é tanto ambiciosa quanto realista. Envolve estabelecer altos padrões éticos e lutar por um impacto positivo significativo, ao mesmo tempo que se reconhece e aborda as restrições práticas do turismo.
B. Tomada de decisões éticas
Está no cerne do idealismo pragmático. Envolve considerar o impacto a longo prazo das decisões sobre as comunidades, culturas e o meio ambiente. Esta abordagem assegura que o desenvolvimento turístico seja sustentável e beneficie todas as partes interessadas.
C. Design de estratégia adaptativa
A indústria do turismo é dinâmica e está em constante mudança. O design de estratégia adaptativa envolve criar planos flexíveis e reativos que possam evoluir com as circunstâncias em mudança. Esta abordagem garante que as iniciativas turísticas permaneçam relevantes e eficazes num cenário em constante mudança.
D. Sustentabilidade prática
Trata-se de implementar práticas sustentáveis que sejam tanto eficazes quanto viáveis. Envolve encontrar soluções inovadoras para desafios ambientais e garantir que o desenvolvimento turístico não ocorra à custa dos recursos.
O caminho a seguir
O turismo tem o potencial de ser uma força poderosa para o bem. Ao abraçar o idealismo pragmático, podemos encarar os desafios complexos que existem e criar um setor que seja ético, sustentável e impactante. Esta abordagem requer um delicado equilíbrio entre idealismo e pragmatismo, mas é este equilíbrio que impulsiona a inovação e o progresso.
Esta sinergia entre valores idealistas e ações pragmáticas cria um estilo de liderança que é tanto eticamente sólido quanto praticamente eficaz.
© Carlos Picanço Opinião
Diretor da Futurismo Azores Adventures e coordenador da Plataforma Nacional de Turismo