Pressão, pausa, paixão e promessa

Opinião

14-08-2024

# tags: Agências , Eventos , Meetings Industry , APECATE

Hoje, 9 de março, em Madrid, vivi um momento bastante revelador, algo que não me acontecia há duas décadas. Decidi deixar as minhas equipas por conta própria e afastei-me.

Durante uma conversa franca, fui confrontado com a acusação de ser demasiado exigente, colocando “muita pressão em toda a gente”. Pela primeira vez, interrompi a conversa, agradeci a honestidade e deixei-os com as palavras: “Façam como entenderem, vai correr tudo bem”.

Confesso, estou a sentir um cansaço que nunca admiti sentir.

Voltei para o hotel para finalmente terminar o artigo que o Luís Parro me pediu, com toda a gentileza, em dezembro. Sim, estou atrasado, mas quem não está sempre a correr contra o tempo?

Já tinha as 500 palavras, mas não estava nada satisfeito com o resultado. Voltei a ler o pedido, dou com um link para o artigo da Angelina, publicado em outubro passado. Reli e fez-me sorrir pela sua genuinidade. As palavras que vêm do coração carregam sempre um valor intangível.

A reflexão sobre a utilidade e a passagem do tempo não é nova. Há vinte anos, aqueles que nos precederam já enfrentavam dilemas semelhantes.

A evolução na educação, e principalmente nos media e na tecnologia tem alterado a perceção do tempo pelas diferentes gerações. Hoje, por exemplo, o hoje já não existe. É tudo para ontem!

Esta pressão constante é frustrante, especialmente quando sentimos que mais alguns dias poderiam significar um trabalho mais perfeito, mais polido e mais à medida.

No entanto, este sentimento de urgência, embora global, tem um sabor particularmente português.

Então, como lidamos com estes desafios?

A solução pode estar em fazer uma pausa, não apenas para planear o trabalho, mas também para refletir e planear os nossos vários caminhos. Procurar novas perspetivas, reinventar-se, observar atentamente e, acima de tudo, ouvir os que nos rodeiam.

É essencial encontrar um equilíbrio entre a pressão e a paixão, mergulhando profundamente na fornalha, para reacender a chama que nos impulsiona e partilhá-la com os outros.

Este processo de adaptação e abertura a novas formas de trabalhar e viver não é um conceito moderno. Há milhares de anos que abraçamos a mudança, usando a nossa experiência para inovar e inspirar com paixão as novas gerações. E essa capacidade inata de nos reinventarmos também é um traço incrível de ser português.

Por vezes, mais difícil que reinventar, é dar espaço, espaço aos que correm ao nosso lado e que vêem caminhos diferentes, que providos da inocência que já não temos, vêem mais longe, como nós víamos antes de chegar aqui.

Assim, amanhã regressarei com uma cerveja para o Firmino, como agradecimento pela sua honestidade e uma promessa a mim mesmo de tentar aliviar a pressão que imponho a mim e aos outros.

P.S.: Ainda assim, algo me diz que hoje a noite será longa. Estará mesmo tudo a correr bem com a montagem?

© Kevin Barardo Opinião

CEO da Supreme Stage Event Producers

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