Andrea Galasso: “Eventos é a minha área, foi para isso que Deus me fez”

Entrevista

21-04-2025

# tags: Agências , Festivais , Eventos , Vida de Eventos

Andrea Galasso tem uma grande experiência em várias tipologias de eventos, o que lhe permite ser, hoje em dia, uma profissional “muito completa”.

Criar memórias especiais e oferecer alegria coletiva aos participantes de um evento são condições obrigatórias nos trabalhos em que Andrea Galasso esteja envolvida.

Começou a carreira nos eventos como produtora executiva de espetáculos de teatro e ballet e teve “o privilégio” de trabalhar “com grandes diretores na época no Brasil” e atores de renome como Regina Braga, “conhecida em Portugal pelas novelas”, e Tony Ramos. Andrea Galasso diz ser “uma pessoa inquieta por natureza”, sempre à procura de “aprender coisas novas”. Cinco anos após ter começado a trabalhar em artes performativas, mudou-se para uma agência de eventos corporativos, onde foi produtora executiva e diretora geral.

Durante 13 anos, na agência Banco de Eventos, com cerca de 200 colaboradores, os eventos corporativos foram o dia a dia da atual consultora em projetos de eventos, supervisionando muitos projetos no Brasil e no estrangeiro.

Habituada a lidar com clientes corporativos, começou a “prestar mais atenção” à área do entretenimento, a “eventos de concertos e festivais” e em 2014 voltou a mudar de área dentro dos eventos, desta vez para o entretenimento.

Dos eventos corporativos para os festivais

Um amigo convidou Andrea Galasso a ir para uma agência que tinha sido comprada por “uma empresa americana de entretenimento”, com o grande desafio de levar o festival Tomorrowland para o Brasil.

O desafio foi conquistado e Andrea Galasso viria mais tarde a assumir o cargo de diretora do festival Tomorrowland, função que desempenhou durante dez anos, de 2014 a 2024.

Apesar de ter trabalhado com outros festivais, não tem dúvidas de que o Tomorrowland “foi um grande divisor de águas e uma grande escola”.

Andrea Galasso tinha de assegurar que o festival decorria com tranquilidade, que o público circulava “de forma adequada e segura”, que usufruía “das experiências, da música, dos alimentos e bebidas, de ativações que existem no festival, de forma prazerosa”.

Atualmente a morar em Lisboa, reconhece que os últimos anos “foram de intensa aprendizagem” e que ter passado por diversas áreas torna-a “muito completa”.

“Eventos é a minha área. Não tenho dúvidas disso, foi para isso que Deus me fez. Mas eu gosto de explorar coisas diferenciadas dentro desta área”, afirma.

Com experiência em vários países, Andrea Galasso frisa que “o Brasil é um país muito grande, com muita procura, muitas empresas, muita competição”. “Os criativos têm que tirar da cartola soluções muito diferenciadas para sobressair”, diz. Já a Europa, sustenta, é “uma outra perspetiva, é muita tecnologia”.

Numa altura em que a Inteligência Artificial ganha terreno, Andrea Galasso lembra que hoje produz eventos “para uma série de gerações”, o que diz ser “um desafio enorme”.

“Num projeto como o Tomorrowland, do início até ao ano passado, vi o público mudar. Era um público eminentemente mais jovem e, hoje em dia, já se vê gente com cabelo branco”.

Arnold Schwarzenegger barrado à porta

Questionada sobre um momento caricato vivido em trabalho, Andrea Galasso lembra uma situação que aconteceu no camarote de uma marca de cerveja brasileira, a Brahma. “Era uma coisa gigantesca, horas e horas de desfile, uma grande festa. E ao lado da Marquês do Sapucaí existiam vários camarotes, ‘hospitality areas’, das marcas que convidam pessoas VIP para poderem assistir ao desfile de áreas privilegiadas”, recorda.

O evento era gratuito, apenas para convidados e a “única condição” que a marca colocava era que vestissem uma t-shirt da Brahma, para que em todas as fotografias tiradas a famosos como “Gisele Bündchen ou o Robert De Niro” a Brahma estivesse em destaque.

São sempre dois dias de evento. “O convidado daquele ano chamava-se Arnold Schwarzenegger. E o senhor chegou, usou a t-shirt, divertiu-se, tirou a foto e foi embora. No dia seguinte voltou, só que estava sem a t-shirt, estava de camisa”, conta.

O diretor de marketing da Brahma foi irredutível e a estrela de Hollywood foi barrada à porta. “A equipa de produção histérica, nervosa, a pensar ‘como é que nós vamos falar para o Arnold Schwarzenegger que não vai entrar?’. Eu tinha uma assistente, era baixinha, bem pequenina, e ela disse ‘eu vou lá’”. “Ele era um ‘armário’, ao pé de uma pequenininha. Ela dizia ‘lamento, mas o senhor não pode entrar, porque tem que ter a t-shirt’”, lembra. Apesar de lhe terem oferecido uma nova t-shirt, Schwarzenegger não aceitou e foi embora.