Congresso da APAVT: turismo interno “tem de continuar a ser defendido e estimulado”

Reportagem

26-10-2024

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No final da 49ª edição do Congresso da APAVT, Pedro Costa Ferreira considerou ser necessário continuar a defender e a estimular o turismo interno.

Na sessão de encerramento, o presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo congratulou-se com o reencontro realizado em Huelva – “foi um congresso feliz” –, num regresso aos eventos fora de Portugal.

Dirigindo-se ao secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, o presidente da APAVT afirmou que o turismo interno “tem de continuar a ser defendido e estimulado, através de parcerias público-privadas, envolvendo naturalmente o Turismo de Portugal, mas sempre recorrendo também às regiões de turismo”.

“Ano após ano, parece-nos que, cada vez mais, estas manifestam dificuldades em apoiar e participar em eventos como o que acabamos de realizar, quer por falta de condições financeiras, quer, sobretudo, pela carga burocrática que enfrentam e que manifestamente as afasta da sua natureza, a promoção das respetivas regiões”, apontou.

Pedro Costa Ferreira lembrou que as estratégias das empresas passam por processos contínuos de adaptação. Até porque, nos próximos anos, “por um lado, teremos inimagináveis alterações provenientes da introdução metódica dos processos de inteligência artificial; por outro, depois de muitas hesitações e saídas em falso, por parte da indústria, tudo indica que a introdução do NDC será uma realidade mais evidente em Portugal, a partir de 2025”.

Ainda relativamente à inteligência artificial, o presidente da APAVT falou da “evidência de que, ganha a batalha tecnológica, todos terão mais tempo para a interação com o cliente, interação que, de resto, desde 1840, é a grande arma das agências de viagens portuguesas, o que parecem ser ótimas notícias”. Além disso, a ideia de que “a eficiência será importante, mas não diferenciadora”, pelo que é preciso criar novos produtos, serviços e modelos de negócio. Neste capítulo, a APAVT vai promover ações de formação.

“Coragem, determinação e otimismo”


A TAP também foi um tema abordado ao longo do congresso. “Reconhecendo que as incertezas do mercado certamente marcarão dificuldades acrescidas nos próximos tempos, estamos mais focados em manter a proximidade entre o setor e a TAP, dando continuidade à boa relação existente, oportunidade à adaptação das agências de viagens aos novos processos de distribuição, e finalmente estabilidade aos processos de recuperação da companhia aérea.”

Pedro Costa Ferreira considera que este é um momento “particularmente decisivo” para o turismo português. “Mais competitivo do que o padrão económico nacional, decisivo nos equilíbrios macroeconómicos do país, fundamental na inserção necessária de imigrantes bem-vindos, o turismo começa a ser atacado por narrativas tão mentirosas como de fácil assimilação por uma opinião pública mal informada e, por isso mesmo, facilmente manipulável.” Por isso, defende, que o setor fale a uma voz, “combatendo narrativas débeis, maldosas”.

Em jeito de balanço, Pedro Costa Ferreira afirmou que o congresso encerra com todos “cheios de coragem, determinação e otimismo”, apesar das dificuldades e incertezas. 2025 vai ser o ano em que “encontraremos certamente a maior influência económica de sempre na economia portuguesa, por parte da distribuição turística”; o ano em que vai ser desenvolvido “o mais ambicioso plano de acompanhamento de mercado, e formação, de sempre”; o ano em que, “cumprindo 75 anos de existência, nos desdobraremos em iniciativas de aproximação aos nossos associados, de valorização das agências de viagens e de visibilidade do setor junto do consumidor”.

A hospitalidade portuguesa “é um ativo nosso”


Na sessão de encerramento, Pedro Machado lembrou os desafios que se apresentam aos profissionais das agências de viagens em Portugal e a importância das empresas. Destacou a necessidade de consolidação do crescimento, onde também se enquadra o reforço da relação de Portugal e Espanha, de consolidação da qualificação da experiência – “a estruturação do produto, a diversidade do território, o contributo das marcas, os novos modelos de negócios, a utilização da inteligência artificial” – e de qualificação do serviço, com formação e capacitação.

“É simultaneamente um grande desafio que os cidadãos, e em particular os portugueses, sintam a vantagem competitiva que é termos turismo”, referiu. Nesse sentido, a estratégia da Secretaria de Estado do Turismo está pensada para reforçar “não só a nossa própria autoestima quando recebemos”, mas também o que é “particularmente apreciado pelos cidadãos estrangeiros que vêm para Portugal: a hospitalidade portuguesa, que é um ativo nosso”.

 

*A jornalista viajou a convite da APAVT

© Maria João Leite Redação