Inteligência artificial nos eventos: sim, mas com legislação
15-10-2024
# tags: Eventos , Tecnologia
O Tivoli Oriente Lisboa Hotel foi o local escolhido para receber mais uma reunião-debate da Event Point, com profissionais da indústria dos eventos.
A utilização da inteligência artificial (IA) nos eventos deu o mote para mais um pequeno-almoço organizado pela Event Point, uma reunião informal que juntou alguns players do setor.
Alexandre Costeira (Gr8 Events), Ana Félix (Mude), Francisco Braga (Grupo Minor), Joel Vicente (Infinita Inspiration), Ricardo Ribeiro (Beltrão Coelho), Rui Batista (Up Partner), Rui Goulart (Brandp) e Sara Correia (Spring Events) foram os convidados desta edição.
A inteligência artificial vai alterar as nossas vidas e por consequência os eventos. Nisto quase todos concordam, embora ainda estejamos no início do processo de utilização. No entanto, as transformações são diárias e torna-se muito difícil acompanhar toda a evolução. Há mercados e países que estão mais avançados, e isso pode dever-se a questões orçamentais e de clara aposta na tecnologia.
A IA é “um multiplicador de ideias” e na parte dos conteúdos e da criatividade pode ter muito impacto e trazer muitas oportunidades em vários segmentos. Na produção de textos, de voz-off, de storyboards, inspiração, tradução, a IA pode ter um impacto grande.
Na hotelaria, área considerada ainda muito “tradicional” em relação à tecnologia que oferece, há grande curiosidade para ver de que forma a IA pode contribuir, sendo a gestão de ocupação um tema onde pode intervir.
A necessidade de haver hospedeiras em eventos, que complementem a tecnologia, e o facto de quem está presente num evento continuar a preferir ter contacto humano, a par de informações digitais, também esteve em debate. Foi lembrada a época em que começaram a aparecer os self-check-ins e onde se vaticinou o fim das hospedeiras.
Na opinião dos convidados da Event Point, as hospedeiras vão continuar a existir, servindo-se da IA para, de forma rápida, agilizar processos, indicações e pedidos, com um simples tablet na mão.
Assumindo que a inteligência artificial é “uma evolução” quase tão grande como a criação da internet, alguns convidados confessaram que dentro das próprias equipas e empresas em que estão inseridos há quem seja fã da IA, mas há também quem tenha “medo” de ser substituído por uma máquina e mostre mais resistência.
Noutra perspetiva, a inteligência artificial foi vista como algo que “vai mudar o jogo” enquanto “ferramenta de trabalho para o dia-a-dia” dos eventos, poupando tempo, recursos e conferindo mais rapidez aos processos. Esta aceleração de processos e entrega mais rápida de resultados, pode trazer problemas, porque se já vivemos numa altura “louca” em termos de timings, como é que se vai lidar com tudo isto. Os clientes vão percecionar que tudo é mais simples e mais rápido, e vão exigir cada vez mais.
Ao mesmo tempo levantaram-se algumas preocupações com os dados pessoais, numa altura em que o Parlamento Europeu aprovou a Lei da Inteligência Artificial para regular e garantir a segurança e a proteção dos direitos fundamentais e da democracia a todos os Estados-membros.
O metaverso, conjugado com a robótica e inteligência artificial, ou seja, a integração da tecnologia, foi apontada como uma grande evolução para o setor dos eventos, embora fosse também sublinhado que “a tecnologia permite fazer muitas coisas, mas as pessoas continuam muito a querer estar com as pessoas”. Ao vivo.
Usar a inteligência artificial para “criar experiências diferenciadas”, personalizadas, nos eventos é a ideia comum a todos os convidados enquanto profissionais de eventos, assim como a criação de legislação específica, “o quanto antes”, que crie “um código e ética em torno da inteligência artificial”.