“Os drones já são o futuro!”

Reportagem

03-12-2021

# tags: Tendências , Drones

À semelhança do que acontece com o fogo‑de‑artifício, os drones também fazem inclinar a cabeça para trás e levantar os olhos para o céu, o mesmo que iluminam com coreografias e efeitos visuais que são verdadeiros focos de entretenimento.

Mas que espaço ocupa este tipo de serviço no mercado dos eventos? Afinal, já são alguns, em todo o mundo, os que optam por este género de espetáculo… Para responder a esta questão e para melhor entender o que está a ser feito nesta área, a Event Point contactou três empresas que operam neste ramo: a Ivo Shows, a Ghostysky e a Drones & Co.

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© Drones & Co

Eventos públicos ou corporate são os principais clientes

“Os espetáculos de drones trouxeram uma nova forma de impulsionar qualquer evento. Conseguimos fazer uma coreografia no céu, permitindo que a marca ou o objeto do evento seja único e inesquecível”, começa por explicar Ivo Fernandes, CEO da Ivo Shosw, empresa portuguesa de pirotecnia que trabalha os espetáculos de drones em parceria com a marca francesa Dronisos, e que oferece soluções para espetáculos indoor e outdoor. “Os mais de 20.000 espetáculos pelo mundo, sempre com drones de vanguarda e de tecnologia de ponta, deixam‑nos seguros do trabalho que fazemos.” A Ivo Shows pensa nos espetáculos para eventos com muita audiência, “normalmente públicos ou corporate”, explica o responsável, acrescentando que “a maioria dos espetáculos tem um mínimo de 400 drones”, o que permite “criar imagens incríveis e colocar qualquer evento ou ativação de marca nas bocas do mundo”. Também a Ghostysky refere que, no que toca ao tipo de eventos, os “públicos ou corporate são mais comuns” e não tanto, por exemplo, eventos familiares, já que, de forma geral, “o budget normalmente atribuído neste tipo de eventos tende a ser incompatível”. Contudo, a empresa tem disponíveis espetáculos de drones para todo o tipo de eventos e na modalidade “chave na mão”, frisa Bruno Simões, cofundador e CEO da empresa que implementa soluções com drones. “Em termos de serviço, os nossos espetáculos incluem desde os licenciamentos legais, a produção de design personalizado e todo o processo de deslocação e implementação do espetáculo. Relativamente ao design personalizado, o nosso departamento de design produz o espetáculo com animações, imagens, objetos, figuras, entre outras, e tendo em conta os requisitos dos nossos clientes.”


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© Ghostysky

A Drones & Co. também oferece espetáculos à medida, “feitos para os clientes e adaptados ao momento”, sejam eles celebrações específicas, casamentos, épocas festivas (Natal, Passagem de Ano ou Páscoa) ou comemorações associadas a uma empresa (lançamento de marca, aniversário da empresa, etc.) ou a um Município (Dia do Município, Romarias, Festas da Cidade, ...), por exemplo. “Os eventos públicos e corporate são os principais clientes”, conta Mélanie Cagnon, cofundadora e COO da empresa, que promove espetáculos de luzes com drones. Em carteira, e além das criações próprias, tem o espetáculo ‘Natal nas Estrelas’ e está, no momento, a preparar um outro espetáculo, intitulado ‘Aurora’.



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© Ghostysky
 

Drones e fogo-de-artifício: Uma aliança que funciona

Os espetáculos de drones têm vindo a conquistar o seu espaço no mercado dos eventos, mas de que forma este tipo de serviço pode evoluir no futuro? Para Ivo Fernandes, “os drones já são o futuro”. O responsável da Ivo Shows considera que “poder pintar o céu com cores, segundo uma coreografia que desenhamos previamente, permite‑nos passar a melhor imagem de uma marca”, pelo que a empresa acredita “que os drones vão trazer muito aos espetáculos portugueses”. Assim, não está “fora de hipótese” a Ivo Shows “criar um produto ‘chave na mão’, com espetáculos completos: com dança ou música”, revela.

Mélanie Cagnon considera que o serviço de espetáculos com drones pode evoluir de várias formas. “Está no início do seu desenvolvimento e vai, com certeza, poder integrar ou aliar‑se a outras tecnologias. Mas o futuro é que nos irá dizer. Também temos de guardar alguns segredos para cativar o público”, esclarece. Para Bruno Simões, “mesmo que o processo de licenciamento para este tipo de espetáculos tenha sofrido alterações, com a entrada da nova legislação europeia para drones, e tenha colocado maiores desafios, o nosso objetivo mantém‑se em disponibilizar este tipo de serviço para todo o tipo de eventos e a preços atrativos para os nossos clientes.” E se, por um lado, este serviço “poderá ser muito útil para eventos ao ar livre em zonas com interdição de fogos‑de‑artifício, por risco de incêndios, por exemplo”; por outro lado, “a integração de espetáculos de drones com o fogo‑de‑artifício permite criar conteúdos ainda mais aliciantes, tornando os eventos mais ricos em termos de mensagem para as audiências dos clientes”.

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© Ivo Shows
 

Para o responsável da Ghostysky, “poderemos ver, num futuro próximo, este tipo de espetáculos de uma forma mais comum nos espetáculos nacionais”. Bruno Simões não considera que os drones podem substituir o fogo‑de‑artifício e defende que cada um desses espetáculos tem o seu próprio espaço. “Acredito que a junção dos dois é a real mais‑valia para os clientes e audiências.”

Nesta matéria, também Ivo Fernandes defende que, “apesar da espetacularidade dos drones, vemos isto como um complemento e não como uma quebra”. E explica: “Ambos são especiais à sua maneira e ambos passam imagens e sentimentos de festa, mas um não substitui o outro. Quando juntamos os drones ao fogo‑de‑artifício num espetáculo, conseguimos torná‑lo ainda mais especial e único.” Mélanie Cagnon segue a mesma linha de pensamento e sustenta que “o fogo‑de‑artificio tem o encanto que tem e é único”. Para a responsável da Drones & Co., “os drones são, sem dúvida, uma alternativa interessante que vai permitir surpreender o público. Já realizamos alguns espetáculos em conjunto com pirotecnia e esse ‘casamento’ funciona muito bem”, conta.

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© Ivo Shows
 

Retoma pode trazer oportunidades

O desejo de integrar espetáculos com drones no mercado dos eventos é comum e, para isso, é necessária a retoma da indústria. “Infelizmente, a pandemia veio afetar o desenvolvimento de espetáculos nos eventos ao ar livre. Para a adoção dos espetáculos de drones por parte dos clientes, é necessário podermos ter uma normalização na implementação dos eventos e, nesta parte, o controlo da pandemia é fundamental”, afirma Bruno Simões, adiantando: “Aquilo de que gostaríamos é que este período pandémico possa ser, finalmente, ultrapassado e que possamos integrar os nossos espetáculos em futuros eventos.” Ivo Fernandes lembra que, embora os espetáculos de drones permitam evitar aglomerações, estes “não surgiram devido à pandemia”, que até levou ao cancelamento da maior parte dos espetáculos e a uma redução do trabalho. No entanto, ressalva, “acreditamos que, com as novas normas e a redução das restrições, tudo ficará encaminhado para que haja novas oportunidades para mostrarmos esta tecnologia de coreografar o céu ao público”. Segundo Mélanie Cagnon, “existe muita ‘timidez’ e lentidão na retoma” em Portugal. Apesar de esta ser uma “excelente solução” para quem procura espetáculos que possam ser vistos à distância, “quem toma as decisões ainda prefere evitar os eventos que podem promover aglomeração”. Todavia, a Drones & Co. já sente que “o mercado mexe” e, hoje em dia, já tem tido “muitos mais pedidos de orçamento para o território nacional e estrangeiro”, conclui.

 


Foto de abertura: © Drones & Co

 

 

© Maria João Leite Redação

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação